Otherness carimba retorno intenso e visceral de Alexisonfire (2022)
As lendas canadenses do post-hardcore retornaram em seu primeiro álbum após 13 anos na geladeira. Com a abundância de projetos paralelos de cada membro no ínterim, os tópicos musicais convergentes e ângulos que Alexisonfire trouxe à mesa não deixam nenhuma razão para ficar preso ao passado. Por isso, Otherness parece radicalmente empírico, uma besta pesada que atua como virada de página definitiva para a nova fase do grupo.
A canção de abertura “Committed To The Con” é suficientemente familiar. Buscando stoner-rock em tempos nebulosos e linhas de baixo triturantes, os gritos de George Pettit e Wade MacNeil juntos do descanso de Dallas Green são integrados com maestria. Este é o trabalho de uma banda rejuvenescida pós-hiato; nenhuma batida foi dispersa (“Conditional Love” e “Reverse The Curse” até movem a agulha de volta ao som antigo do grupo) assim como a vitalidade e emoção profundamente incorporadas.
O eixo central no melódico de Alexisonfire faz da fervura de “Sans Soleil” um mundo City And Colour quase progressivo, sobre superar um episódio de auto-aversão que é tão pungente quanto poderoso. É mais fácil amar outra pessoa / Do que ser gentil consigo mesmo. Adoradores de longa data ficarão satisfeitos em saber que há uma série de materiais para agradar ossos nostálgicos, mas eles não estão apenas reciclando velhas ideias – longe disso. Tudo soa fresco e consegue manter a qualidade desejável de apertar botões nas partes profundas do cérebro. Assim que o momento atinge extremos, “Sweet Dreams of Otherness”, resume o que os fãs esperam da banda: atenção e cuidado rigorosos em lançar algo digno de sua própria expectativa.
Introduzida por um solo de sintetizadores, Wade MacNeil arranca folhas de seu projeto isolado Gallows, durante “Survivor’s Guilt” enquanto adiciona camadas sombrias ao repertório. Diferente de outros atos reformados, a produção do disco mostra um grupo fazendo música pelas razões certas. Canções memoráveis como “Blue Spade”, escrita pelo baixista Chris Steele, e “Mistaken Information” encontram George trocando seus vocais para harmonias enriquecedoras ao lado da corrida crescente de Dallas. Existe uma irmandade que outros nomes não são capazes de alcançar da mesma maneira.
Alexisonfire nunca foi redondamente ligada aos limites do post-hardcore e se encontra ainda mais flexível. Coberta com uma acapella influenciada pelo gospel, “Dark Night Of The Soul” é provavelmente a peça abatida aqui, mas não indesejável. Um pequeno fator fácil de ignorar quando soa como meio termo entre o material antigo da banda e suas infinitas possibilidades para o futuro. Otherness pode ser uma reminiscência do EP Dog’s Blood em alguns pontos, embora muito mais consistente e minucioso na forma que é executado.
Talvez a melhor canção para entender quem o grupo se tornou é “World Stops Turning”. Da passagem acústica suave para uma peça épica aguda, Alexisonfire extraiu cada gota de inspiração e potencial que eles carregam atrelado a um solo de guitarra catártico. Foi como ter amostras do céu por oito minutos. Um renascimento no verdadeiro sentido da palavra que os coloca de volta ao topo como se nunca tivessem saído.
João Scalércio
Eles são uma banda incrível mesmo né?! Sempre surpreendendo em cada detalhe!!! Demais!
Ana Laura Ouverney
Wowwwww ❤️