In the Court of the Crimson King e a influência para o rock progressivo
o surgimento dos gêneros musicais é um processo fluido e difícil de ser associado a um momento específico. No caso do rock progressivo, o termo já existia em 1969, mas o álbum “In the Court of the Crimson King”, do King Crimson, é considerado o disco fundador do gênero por ser um dos mais influentes na consolidação do som típico do rock progressivo. Esse julgamento é feito retrospectivamente, uma vez que o gênero alcançou uma certa estabilização para ser definido.
“Uma obra-prima estranha”
O álbum “In the Court of the Crimson King” do King Crimson é considerado um dos mais importantes do gênero de rock progressivo dos anos 70. É reconhecido por sua capacidade de reunir elementos diversos e distintos, como jazz-rock, folk místico e outros, em um estilo único e instantaneamente reconhecível. O álbum é importante porque simboliza a transição da estética “paz e amor” do rock psicodélico da época para algo mais sombrio e dramático. As letras de Peter Sinfield em “21st Century Schizoid Man” retratam o trauma da Guerra do Vietnã e uma perda total de confiança na classe política.
“Porta-sangue, arame farpado
pira funerária dos político
Inocentes estuprados com fogo napalm
homem esquizóide do século XXI”.
21st Century Schizoid Man
Na época do lançamento do álbum “In the Court of the Crimson King”, ele foi elogiado por críticos como John Mortland da Rolling Stone, que o descreveu como “um trabalho surreal de força e originalidade”, e por Pete Townshend, guitarrista do The Who, que o chamou de “uma obra-prima inusitada”. A capa do álbum, desenhada por Barry Godber, é uma reinterpretação surrealista da famosa pintura de Edvard Munch, “The Scream”, e é uma parte icônica da identidade visual do álbum. Até hoje, esses adjetivos descrevem bem o impacto e a importância do primeiro álbum do King Crimson.
Musicalmente, o álbum é rico em momentos inovadores e experimentais. Uma destas inovações é a seção instrumental de “21st Century Schizoid Man”, onde a guitarra elétrica de Robert Fripp, o saxofone de Ian McDonald e a bateria de Michael Giles criam uma intensa polirritmia. Outro momento que destaca a inovação do álbum é a longa improvisação que encerra a balada “Moonchild”. Além disso, a mixagem audaciosa de enterrar a voz de Greg Lake sob a intensa bateria no início de “Epitaph” também é um exemplo da abordagem inovadora da banda.
Rock progressivo e seus excessos
Apesar disso, a importância do King Crimson e de “In the Court of the Crimson King” na história da música não pode ser negada. O álbum é um dos principais marcos do rock progressivo e ainda é considerado um dos mais influentes e inovadores da década de 1970. Além disso, o King Crimson continuou a evoluir e a inovar ao longo de sua carreira, produzindo muitos outros álbuns notáveis e criando uma grande base de fãs dedicados.
O rock progressivo é um gênero que continua a exercer influência até hoje, mesmo com algumas críticas quanto à sua exibição excessiva e virtuosismo. O post-rock, por exemplo, é construído com base na fusão da estética progressiva e da atitude punk, e muitos músicos importantes, como Mark Hollis, reconhecem o impacto que o King Crimson teve em suas músicas. No entanto, alguns músicos e fãs podem ter vergonha de admitir a influência do rock progressivo em sua música. Alguns grupos, como o Radiohead, negam a influência, enquanto outros, como o Talk Talk, não têm vergonha de admitir sua influência. No final, a influência do rock progressivo é inegável e ainda é notada em muitas músicas até hoje.
Sim, In the Court of the Crimson King pode ser culpado de bombástico, mas ainda é um dos álbuns mais inovadores da história do rock.