HOT CHIP – Freakout/Release (2022)
“Melancólico” e “festivo” são termos contrastantes que descrevem diferentes estados emocionais. Hot Chip sempre explorou esses dois extremos em sua música, mas o novo álbum, Freakout/Release, parece ter uma tendência mais para a música de festa, com influências disco e funk. Embora haja momentos bonitos e brilhantes, o álbum luta para manter o ritmo e o impulso.
Mas, no novo álbum, a banda parece querer se divertir e não se preocupar com as expectativas. Eles abraçam suas raízes dance e as incorporam de maneira natural e divertida em suas músicas. Com sua combinação única de vocais suaves e sintetizadores pulsantes, Hot Chip consegue criar uma vibe dançante que é difícil de resistir. Além disso, o uso astuto de samples e influências funk dá ao álbum uma sensação nostálgica e refrescante simultaneamente. Freakout/Release é um retorno vibrante à forma de fazer música que tornou a banda famosa e é uma adição bem-vinda a sua já impressionante discografia.
No entanto, à medida que o álbum avança, há a sensação de que algumas faixas perdem seu foco e se tornam repetitivas. Mesmo quando a banda tenta experimentar com novos grooves e gêneros, como em “Not Tonight”, o resultado não é totalmente satisfatório. Em geral, Freakout/Release é um álbum competente e agradável, mas que não atinge as alturas criativas a que a banda já nos habituou. É uma escolha adequada para os fãs de Hot Chip que procuram algo para dançar, mas pode ser um pouco decepcionante para aqueles que esperavam algo mais ambicioso.
A seguinte Eleanor também faz muito sucesso, em um registro que lembra o Prince pop , da época “When Doves Cry”, com um coro de entusiasmo contagiante e um texto livremente inspirado por uma anedota segundo a qual o dramaturgo Samuel Beckett certa vez ofereceu uma carona
ao lutador André o Gigante:
“Você é como André, o Gigante
A caminho da escola Beckett deu-lhe uma carona
Antes de haver carona
Ele sabia buscá-lo
Mostre a ele o caminho a seguir
Mas aposto que ele aprendeu uma coisa ou duas
Cavalgando com André a reboque”
–Eleanor
Enfim, o álbum segue uma linha inconsistente, alternando entre faixas animadas e baladas melancólicas, sem que haja uma conexão clara entre elas. Embora haja momentos brilhantes, como “Melody of Love” e a faixa de encerramento “Take Care in Your Dreams”, Freakout/Release parece faltar de uma visão clara e uma direção coerente. Isso não significa que a música não seja boa, mas é uma pena que a banda não tenha conseguido equilibrar suas influências e sua visão para criar algo realmente memorável.
Em resumo, o novo álbum “Freakout/Release” do Hot Chip é uma mistura de influências disco e funk, mas sente falta de uma coesão que os outros álbuns da banda possuem. Enquanto algumas músicas são boas e contam com boa produção, outras são genéricas e não conseguem se destacar. O grupo parece estar preso entre sua abordagem dançante e sua introspecção, resultando em um álbum que é competente, mas não atinge o alto padrão que o Hot Chip já estabeleceu em sua carreira.