Primavera Sound: 5 artistas da line-up para conhecer | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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Primavera Sound: 5 artistas da line-up para conhecer

Primavera Sound: 5 artistas da line-up para conhecer

Com os eventos principais do Primavera Sound anunciados para os dias 5 e 6 de novembro, a divulgação da line-up proporcionou um verdadeiro frenesi nas redes sociais. Artistas que não vêm ao Brasil há algum tempo, como a islandesa Björk e a neozelandesa Lorde, encabeçam o festival em dias diferentes, além de também dividirem palco com outros nomes proeminentes na indústria.

Arctic Monkeys, Travis Scott, Mitski e Beach House são outras atrações do festival, que acontecerá no Distrito Anhembi, em São Paulo.

Bem como no Lollapalooza ou em outros eventos similares, mesmo quem compra o ingresso mais interessado nos headliners, acaba por ter seu primeiro contato com gêneros, intérpretes e grupos até então desconhecidos. O formato do Primavera Sound permite que o espectador transite entre diferentes artistas e, ao fim, incremente sua playlist com os novos achados, seja por identificar-se com a sonoridade ou admirar a performance entregue.

Nesse sentimento, a Moodgate selecionou cinco artistas não-headliners do festival para prestar atenção antes de novembro e, com sorte, conseguir um lugar na grade para cantar junto e aproveitar bem de perto o setlist.


Father John Misty


Após uma infinidade de trabalhos colaborativos como membro do Fleet Foxes, Demon Hunter e Saxon Shore, Joshua Tillman chama atenção desde seus primeiros esforços como um artista solo, no lançamento de projetos musicais que levavam sua inicial e sobrenome como autor. No entanto, foi a lírica inteligente, emotiva e por vezes satírica do Pure Comedy, de 2017, que colocaram Father John Misty no radar da cena indie folk, como um talentoso compositor e intérprete. Ídolos do mainstream como Lady Gaga, Beyoncé e Post Malone já tiveram canções assinadas por Tillman que, em faixas lançadas sob a alcunha artística, atrai ouvintes e admiradores graças às composições criativas e a sonoridade usualmente tranquilizante, apesar de também acompanhada de liberdades de produções ímpares.

O cantor veio ao Brasil pela última vez na edição de 2018 do festival Queremos! e, poucos meses após o evento, lançou God’s Favorite Customer, seu terceiro disco sob a alcunha de Father John Misty. O disco foi recebido com menor ânimo por seu público e críticos, compreendido por alguns como uma iniciativa mais segura e menos irônica, com um menor espaço para inovações e enfoque em temáticas de auto reparação que usam a proximidade com uma figura religiosa como ponto de partida.

Caroline Polachek


Confirmada para o dia 6, a ex-integrante do Chairlift tem o divertidamente emotivo Pang como seu único disco solo até então e encontra sucesso nas publicações musicais com suas canções auto produzidas e identidade visual peculiar. As letras do álbum têm como núcleo o caráter essencialmente vulnerável da artista e suas experiências com a fragilidade, o amor e como permitimos que o que sentimentos ditem o fluxo de nossas vidas. Ainda assim, quem espera baladas românticas, melancólicas e deprimentes não poderia ser mais surpreendido: Pang magnetiza seu ouvinte com a variabilidade de gêneros e composições que por vezes ironizam do quanto a paixão pode nos aproximar de uma experiência imperceptível e ridiculamente cômica de auto-mutilação emocional.

Polachek é mestre em dar vida a canções perfeitas para embalar momentos dos mais diversos e, numa linha temática completamente diferente das faixas de seu LP de estréia, a música Bunny Is a Rider foi eleita o melhor single do ano pela Pitchfork no ano passado. A popularidade crescente da cantora também a rendeu um convite para performar na última edição do Coachella.

Jessie Ware

Num período que representou a escassez de shows, festivais e clubes noturnos, a pandemia do covid-19 também trouxe o conceito dos chamados ”álbuns pandêmicos” que, em tese, configuram uma sonoridade e temáticas de composição que refletiam sentimentos experimentados no decorrer da calamidade pública. Muitos artistas lançaram trabalhos definidos por alguma melancolia, catarse ou sensação de isolamento, mas a britânica Jessie Ware definitivamente não foi um deles. O brilhante e enérgico What’s Your Pleasure? é dançante até o último segundo e, para muitos, foi um farol em meio a um dos momentos mais aterrorizantes da história recente.

O disco não poderia ser mais diferente do último trabalho completo de Ware, mais marcado por composições românticas e grandes performances vocais. Na ressurgência dos sintetizadores oitentistas que ocorreu desde 2019, What’s Your Pleasure? é, com folga, o álbum que segue a tendência com mais autenticidade e ferocidade, capaz de criar o anseio pela dança até mesmo no mais recluso dos ouvintes. Da atmosfera do disco à sua capa, que reproduz fotografias no estilo de Andy Warhol, o álbum não perde o ritmo contagiante por um segundo sequer e rende várias das melhores faixas lançadas durante a pandemia.

Japanese Breakfast


Além de autora do best-seller Crying In the H Mart, a coreana-americana Michelle Zauner é a frontwoman do Japanese Breakfast desde 2016. Do indie ao pop, o projeto aventura-se em diversos gêneros e entrega discos com personalidade que rendem crescente popularidade e sucesso crítico. Enquanto Soft Sounds from Another Planet, o segundo álbum de estúdio da banda, traz faixas mais próximas de percussão ambiente num indie espacial, Jubilee encontra ritmo na felicidade e no amor, nitidamente mais enérgico que seu antecessor.

Apesar das letras divertidas e por vezes irônicas, como no caso da sarcástica Savage Good Boy, Jubilee conta com uma orquestração grandiosa que simboliza um progresso sonoro e amadurecimento nítidos para a artista. Com faixas que variam entre a nostalgia da artista e sua relação conflituosa com o amor, a solidão e o contato, o álbum é também mais vibrante que o anterior; enquanto o disco é sobre a felicidade, no entanto, seu livro de memórias é um ensaio doloroso e pessoal sobre a perda de sua mãe. Transmitidos pelo soprano agridoce de Zauner ou por sua escrita sensível, todas as apresentações do Japanese Breakfast deixam uma impressão duradoura.

Sevdaliza


De descendência iraniana e alemã, Sevdaliza é dona de um dos timbres mais cativantes do pop alternativo recente. Viajando entre influências R&B e de art pop, a cantora e produtora alia seu som autêntico à elaboração de ideias conceituais para cada disco, vídeo e fotografia presente em seu trabalho. Ison, seu LP de estreia, conta com batidas e pausas instrumentais características do trip hop e cordas dramáticas de violinos para criar uma atmosfera cinemática. A percussão autêntica e os vocais estonteantes do disco o tornam uma releitura moderna do gênero popularizado por bandas como Portishead nos anos noventa.

Essa não é, no entanto, a primeira vez que a artista nos visita. Aos vinte e quatro anos, uma viagem ao Brasil ofereceu uma experiência catártica para a artista que, desde então, dedica-se inteiramente à música. Shabrang, seu segundo álbum de estúdio, examina o bem e o mal como forças antagônicas desde a primeira palavra, usando de metáforas e figuras banais para, no fim, não fabricar qualquer conclusão óbvia. Nesse disco, Sevdaliza domina e expande a sonoridade apresentada previamente de forma magistral.

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joaomothe@moodgate.com.br

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