The Wombats - Is This What It Feels Like To Feel Like This ? | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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The Wombats – Is This What It Feels Like To Feel Like This ?

Nunca lhes pediram para mudar a cara do mundo do indie rock, no entanto, The Wombats está há 20 anos na estrada, navegando entre o disco punk e o indie pop (bem no início de 2000) sob o ácido multicolorido e o liverpuldiano. Uma contradição que mantêm com melodias alegres cantadas com forte sotaque do norte de Inglaterra e um título que se tornou cult (para os fãs do gênero) “Let’s Dance To Joy Division”. Por mais que a chuva tenha atrapalhado o show da banda no Lollapalooza em 2022, o público brasileiro sentiu ali presente uma boa imprenssão da banda, que vem em ascensão. Recentemente o Wombats esgotou regularmente em pequenos e grandes locais na Grã-Bretanha.

Dan Haggis, Matthew Murphy and Tord Øverland Knudsen, AKA the Wombats.

Popular entre alguns jovens no Tik Tok com seu drama antigo (“Greek Tragedy”), The Wombats abrange um público mais amplo à medida que seus vários álbuns progridem, eles constroem lealdade e, em particular, fornecem um gostinho de regressão a trinta e poucos anos que finalmente têm a mesma idade que eles. Cheios de boas ideias, saem de suas camisetas de segunda mão com tubos que não são nojentos, mas às vezes um pouco arriscados, até (demais) recessivos. À força de não se levarem a sério (pensamos nos Kaiser Chiefs, para quem a roda virou para o lado errado, uma queda livre proporcional ao peso perdido por Ricky Wilson), eles tendem a tropeçar em uma zona intermediária, a meio caminho entre o Two Door Cinema Club e Grouplove, com títulos cortados para as pistas. Já apareceram: um primeiro álbum deslumbrante e maluco (o que os torna um grupo favorito da NME), um segundo bastante disperso, um terceiro mais centrado, um quarto absolutamente bem feito. E já que os Wombats soam um pouco mais indie e, menos loucos. Caras menos idiotas que fumam escondidos nos banheiros de escolas mais ou menos particulares (mesmo que sejam chamadas de escolas públicas na Inglaterra). Mas concentrados, o tamanho dos nomes de seus álbuns agora (ligeiramente) diminuiu.

Em janeiro de 2022, o trio lançou um álbum de conselhos com o sábio ditado:  Fix Yourself, Not The World, no qual Matthew entoava, como um haicai: “As pessoas não mudam as pessoas, o tempo sim”. Foi o número um (na Grã-Bretanha, entendemos que esse tipo de formato de rock é um conceito lá e não aqui, triste vida) assim que foi lançado, e os Wombats seguiram com um EP em novembro, uma espécie de “restante” de títulos. Realmente não quer se for apenas migalhas. Pois bem pelo contrário, os meninos de Liverpool servem-nos aí o melhor prato da refeição. Isso faz você se perguntar se o Interpol, que navegou a deriva em seu último álbum, não teria dado a eles o pouco de mastigação que faltava. E sobre a textura, o trio do norte anuncia que é a sua produção mais crua. Daí a boa mastigação.

O nome Is it What It Feels Like To Feel Like This já tem um eco quase anagramático, um pequeno efeito de figura de linguagem desde o início. É muito simples desde as primeiras notas que pensamos nas melhores melodias dos Fratellis com os claros avanços do Coldplay. É brilhante e muito bem feito. “I Think My Mind Has Made Its Mind Up” começa como o Foo Fighters do período “My Hero”, pesada e um pouco grunge (mas reverberada ou mesmo flangerizada), a melodia esquizofrênica ora é cintilante, ora new wave com um bom Foals. Não temos tempo para nos recuperar disso, que chegamos ao imparável “Dressed to Kill” que fica bem embutido no ouvido interno. O ritmo sustenta os punchlines (uma história sombria de nunchakus), cada camada de vozes e instrumentos é destacada, trabalhada, é preciso voltar várias vezes para perceber sua riqueza. Sua complexidade (!).

Mais tarde, em “Demons“, o cantor afirma “Não quero viver uma vida tranquila”, falando de um cara que bebe no trabalho. Como foi o caso de seus amigos da banda inglesa The Rakes, a vida sombria da cidade é sempre discutida, observada em seu absurdo. Mesmo que um pouco abaixo dos demais, esse título está longe de ser ruim. Então o que aconteceu? Bem, é o baixista que produziu quase tudo no álbum em seu estúdio na Noruega. Originalmente deste mesmo país, ele conseguiu trazer os Wombats de volta ao seu nível. Devemos lembrar rapidamente que o senso de pop e melodia flui naturalmente no DNA escandinavo? Diremos sim em vista de “Same Old Damage” tudo em harmonias empoleiradas e balançantes (um título de boy band do final dos anos 90, mas muito melhor), e “Good Idea A The Time”, com um pouco de classe do Metronomy.

Como o que é possível trazer ao auge um EP e seu grupo que reivindicam um certo amadorismo musical. O design escandinavo puro e sólido é bom e, quando combinado com a insolência inglesa, faz maravilhas. Toquem as trombetas, batam os tambores, este ano o indie rock voltou (parece que está a meio mastro desde cerca de 2010) e temos aqui uma das melhores produções de 2022.

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joelrneto12@gmail.com

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