Canções para entender as múltiplas faces de Rihanna
De 2005 a 2023, Rihanna, um dos maiores nomes da indústria musical, expandiu sua marca e invadiu distintos ramos, como moda e beleza. No entanto, a versatilidade da cantora não se dá somente no mundo dos negócios. Quando se trata de sua arte, Rihanna se coloca, desde o início, como uma perfeita camaleoa.
Na discografia da artista natural de Barbados, é possível encontrar canções que flertam com Pop, R&B, Trap, Reggae, Dancehall e inúmeros outros gêneros musicais. E esta versatilidade, no dia 12 de fevereiro, será celebrada no show de intervalo do Super Bowl, final do campeonato de futebol americano, que ficará por conta de Rihanna e seu vasto catálogo de hits e signature songs. Mas, enquanto a festa nos gramados não inicia, vamos, por aqui, conferir quais são as músicas que melhor demonstram as múltiplas facetas da maior ‘bad girl’ da atualidade.
Cold Case Love
Cold Case Love, embora brilhante, é a música mais difícil da carreira de Rihanna, visto que é um relato fidedigno do execrável episódio em que foi agredida por seu ex-parceiro. Com uma produção contida que, aos poucos, culmina em arranjos e interpretação vorazes, a décima segunda faixa do Rated R parece explorar, através de sua construção, a transição da cantora enquanto mulher: a priori, envergonhada, sussurrando as palavras e, a posteriori, pronta para, a plenos pulmões, expor e repudiar os abusos vividos. A postura, presente majestosamente em Cold Case Love, de posicionar-se contra àqueles que, atravessando seus limites, a desrespeitam impregnaram canções concomitantes e seguintes de Rihanna e pavimentaram o caminho para que a cantora fosse tida como símbolo de força. — V
Needed Me
A música “Needed Me” é uma declaração de poder e empoderamento, e é por isso que é tão amada por muitos fãs. Rihanna é conhecida por sua abordagem autêntica e não filtrada à vida amorosa e pessoal, e essa faixa é uma excelente representação disso. Além disso, a produção e as letras enérgicas da música a tornam perfeita para dançar e se sentir poderoso.
Eu acho que isso é uma das coisas que torna Rihanna tão popular e respeitada em todo o mundo – ela sempre tem uma mensagem positiva para compartilhar com seus fãs, e suas músicas são um reflexo disso. Quer você esteja passando por um momento difícil ou apenas precisando de um impulso de confiança, é provável que você possa encontrar uma música de Rihanna que fale diretamente a você. — JR
Shut up and drive
Instantaneamente reconhecível, a melodia base do hit Blue Monday, do New Order, torna a faixa uma das canções mais interpoladas ou utilizadas como sample da música pop. Titãs como Britney Spears, Kylie Minogue e Depeche Mode já empregaram a mesma cadência dançante em produções pessoais, mas nunca com uma composição tão sexualmente sugestiva quanto Rihanna em Shut Up and Drive, o segundo single de seu terceiro álbum. Como sucessora promocional de Umbrella, a canção tornou-se um molde para a equipe de RiRi quando se trata de criar letras inteligentemente apelativas. As guitarras que embalam o pré-refrão são o prelúdio para versos insinuantes que retratam recomendações da artista para um possível parceiro, com toda a analogia automobilística para criar a corrida de carros mais quente de sua vida. — João Victor Mothé
Kiss it better
Durante a turnê de divulgação de seu quinto álbum de estúdio, “Loud”, Rihanna valeu-se de “Darling Nikki”, canção icônica de Prince, para explorar o sexo abertamente diante dos olhos do público. Anos depois, em seu oitavo disco de estúdio, “ANTI”, a cantora revisitou o artista na terceira faixa, Kiss It Better. Com os dedos afiados de Nuno Bittencourt, guitarrista consagrado por sua passagem na banda ‘Extreme’, Rihanna trouxe lampejos da sonoridade que Prince aprimorou ao longo de sua carreira e aprofundou o debate que, assim como na da lenda do Rock, sempre esteve presente em sua discografia: sexo. Em Kiss It Better, Rihanna faz uma ode ao sexo oral, porém, se vale da ambiguidade, visto que a canção pode, também, falar sobre os esforços necessários para restaurar uma relação, praticamente, perdida. Mais uma vez, ponto para uma das cantoras mais controversas e apaixonantes da música Pop contemporânea. — V
Umbrella
Definitivamente, “Umbrella” é uma das músicas mais reconhecidas e populares da carreira de Rihanna, e é realmente um marco na sua trajetória como artista. A parceria com Jay-Z foi realmente uma jogada certeira e ajudou a levar a música a novos níveis de sucesso. Além disso, a letra da canção é uma celebração da amizade e do apoio, o que a torna ainda mais querida para muitos fãs.
E com certeza, a música ainda é uma presença constante nas rádios e nas festas até hoje, mais de uma década depois de seu lançamento. É incrível como “Umbrella” consegue manter sua relevância e popularidade, e é um testamento para o talento e a habilidade de Rihanna como artista. — JR
SOS
Por mais formulaicos, monótonos e superficiais que os dois primeiros discos da cantora possam soar, é inegável que tenham, desde o princípio, se encarregado de introduzir uma das principais qualidades da estrela de Barbados na indústria: você sempre pode confiar em Rihanna para lançar um bom e viciante single que irá ditar tendências para os próximos meses e, mais vezes do que não, anos. SOS dominou as pistas de dança em 2006 e suas referências oitentistas não param no sample de Tainted Love, do Soft Cell, mas estendem-se aos versos que trazem explícitas alusões a outros hits emblemáticos do pop da época, como Tiny Dancer, do Elton John, Take On Me, do a-ja e The Way You Make Me Feel, do Michael Jackson. — JV
Don’t Stop The music
Sim, é fato que, por anos, a face mais conhecida de Rihanna foi a de rainha das pistas de dança. E Don’t Stop The Music, presente no célebre ‘Good Girl Gone Bad, é, sem sombra de dúvidas, uma das músicas que cravou o nome da cantora nas festas, afinal de contas, quem não lembra de momentos icônicos como o que está abaixo?
Seguindo a mesma lógica de SOS, mas, desta vez, de maneira contida, a artista barbadiana revisitou Wanna Be Startin’ Something de Michael Jackson e, a partir do clássico, deu vida a um novo clássico, ampliando seu acervo de hits dançantes que moldaram a música Pop contemporânea ao lado de produções de suas companheiras de indústria — V
Disturbia
“Disturbia” é uma das músicas mais emblemáticas da carreira de Rihanna e é adorada por muitos fãs. A música realmente mostra a versatilidade de Rihanna como artista, e sua capacidade de incorporar elementos de vários gêneros em suas músicas e ainda assim manter sua marca única. A letra da música também é muito forte e impactante, e ajuda a transmitir uma mensagem poderosa sobre superar medos e ansiedades.
Além disso, a produção da música é incrível e definitivamente contribui para sua eletricidade e energia. É fácil ver por que “Disturbia” é tão amada por muitos fãs e porquê continuará sendo uma música favorita por muitos anos vindouros. — JR
Love on the Brain
Ao longo de sua carreira, Rihanna não cravou seu nome junto às grandes vocalistas, porém, a barbadiana pavimentou o caminho para se tornar uma das intérpretes mais vorazes de sua geração. Prova disso é a décima primeira faixa de “ANTI”, Love On The Brain. Submersa na sonoridade do Doo-Wop e abusando de voz de cabeça, metal vocálico, canto debochado e um órgão adicionando tempero ao refrão, Love On The Brain rendeu boas críticas à cantora durante o lançamento do disco e salvas de palma à artista em suas interpretações ao vivo, sendo a performance no BMAs 2016 de suma importância para que isso acontecesse. Desde então, Rihanna mostra ao público em que patamar está enquanto baladista, demonstrando nítida evolução de “Diamonds” e “Stay” até a melhor faixa de ANTI. —V
Te Amo
Na contramão da sonoridade dançante, pop e R&B que definiu os três discos anteriores da artista, a atmosfera sombria que acompanha o Rated R vem expressa não só por escolhas artísticas de sonoridade e composição para o álbum, mas nos episódios traumáticos que antecederam seu lançamento. Para artistas de alcance global, não é incomum que, dentro de um mesmo LP, singles produzam efeitos inesperados de popularidade em diferentes lugares do globo, e Te Amo não foi exceção. O sucesso estrondoso do single no Brasil manteve a faixa em primeiro lugar nas paradas locais, além de presença constante nos programas de videoclipes na TV e setlists dos shows de Rihanna no país. A história de sedução e atração entre uma mulher e um eu lírico perdido em traduções em Te Amo é levada à máxima potência para terras tropicais graças ao instrumental que intercala batidas inspiradas na música latina e uma percussão persistente, aliada a sintetizadores envolventes. É, definitivamente, um dos clássicos no catálogo da cantora em terras brasileiras. — JV
No Love Allowed:
Voltando às origens, Rihanna, em seu sétimo disco, Unapologetic, trouxe No Love Allowed. A canção é, nitidamente, movida pela paixão da artista por sua cultura e pelo apreço que tem pelo Reggae, mesmo que este não tenha sido peça central de sua carreira. Com uma leve guitarra, letra cortante, sotaque mais evidente que o habitual e sua voz, que brilha no gênero musical que embala esta canção, Rihanna leva Barbados, mesmo que indiretamente, ao centro dos holofotes, o que a cantora deve fazer, novamente, no próximo domingo. No Love Allowed? Man Down? Pon De Replay? If It’s Lovin’ That You Want? Ou menos conhecidas, como Kisses Don’t Lie? Qual música será escolhida pela estrela barbadiana para hastear a bandeira de seu país? Em breve, teremos a resposta. —VR