Paramore: This Is Why
Há 16 anos, o Paramore lançou seu álbum de sucesso Riot! (2007) e o primeiro single, “Misery Business”, abriu caminho em nossa psique coletiva. A banda se misturou, reagrupou, mudou o som e amadureceu. Apesar de não terem lançado algo novo desde o After Laughter (2017), os anciões do pop-punk marcaram ali seu próximo ponto de partida. Em This Is Why, sexto disco da banda, a declaração agorafóbica de Paramore demonstra uma separação da vida moderna e navega em um mundo volátil com estilo e ritmo.
Trazendo resquícios da fase antiga; guitarra elegante, bateria vigorosa e Hayley Williams expandindo sua voz para qualquer direção, tudo sobre o terror de sair de casa após uma pandemia global está no single “This is Why”. As primeiras canções são rapidamente convertidas em ansiedade e capturam o que todos nós sentimos, bem como qualquer barulho inspirado em Talking Heads, The Rapture e Foals. A faixa seguinte, “The News”, parece uma relíquia de 2005, e a mensagem que ela transmite ainda se aplica. O single fala sobre um ciclo interminável de notícias devastadoras que nos alimentam de guerra e miséria. Letras como “Cada segundo, nosso coração coletivo se parte / Todos juntos, cada cabeça treme” fazem a canção parecer mais condescendente do que qualquer coisa.
Paramore já demonstrou um talento especial para diagnosticar emoções conjuntas; eles fizeram o mesmo em músicas do After Laughter, como “Hard Times” e “Fake Happy”, mas há um pouco de mordida em This Is Why. As guitarras de Taylor York golpeiam e cortam com mais força. A bateria de Zac Farro está travada, impulsionando as músicas com precisão impressionante. E então, há Hayley, gigante quando canta a plenos pulmões em “Thick Skull”. A faixa funciona como um ajuste de contas para a banda. Sua voz carrega o disco; ela muda sem esforço para um grito agudo ou sussurros quase oníricos. Poucas melodias geram destaque; rapidamente se tornam monótonas e um exercício vocal para Williams.
O álbum é uma culminação de tudo o que eles fizeram, bem como um amadurecimento. Às vezes, também parece que o Paramore retorna ao começo e refaz tudo. Hayley falou várias vezes sobre a influência de Bloc Party, e seu dance-punk nervoso está por todo o projeto (“Running Out of Time”). A seção intermediária os encontra se estabelecendo em um ritmo de tempo médio; canções como “You First” e “Figure 8” flertam com golpes percussivos da guitarra pós-punk, mas de uma forma mais serena do que gritos dançantes. As últimas três músicas são baladas, e o jogo de baladas do Paramore parece maior do que nunca; você pode realmente sentir o impacto do material solo etéreo de Hayley e um desenvolvimento da sua lírica.
O brilho dentro de “Liar” é uma melancolia terna que serve como canção de amor discreta, envolta em um pouco de auto-aversão. “O amor não é um enfraquecimento / Se você o sente correndo”. Essa é a prova de que a angústia adolescente que alimenta o pop punk nunca morre de verdade; apenas sofre mutações. Talvez este disco multicamada seja o necessário para cortar os laços com a temida frase “emo revival”. Além disso, seis álbuns distintos, um disco solo e duas décadas depois, Paramore – e Hayley – ganharam o direito de ser vistos como mais do que o gênero e subcultura aos quais foram associados. Se After Laughter não fez isso, o imaginativo, brincalhão e complexo This is Why certamente os levará alguns passos adiante.
Engarrafar ansiedades dos anos 20 e canalizá-las por meio de exemplos relacionáveis está enraizado na banda. De sons explosivos em Riot!, melancolia indie do autointitulado, até o pop efervescente de After Laughter, cada peça se encaixou como um quebra-cabeça em constante expansão, ramificando-se para trazer a imagem verdadeira do Paramore: uma banda que superou mudanças, estressores e conflitos para obter grande capitalização – mesmo quando o mundo refaz os passos que eles deram há mais de uma década.
Davi Cêia
Ótima review ! Paramore é bom demais ! This is Why ficou excelente !