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Com jazz, samba e MPB, C6 Fest tem segundo dia arrebatador no Rio de Janeiro

Num ritmo totalmente diferente de quinta-feira, o segundo dia do C6 Fest nessa sexta (19) pode ser resumido em duas palavras: classudo e surpreendente. Focado nas vertentes do jazz e soul, a segunda parte do festival foi estrelada e cheia de artistas premiados. Pra se ter uma ideia, se contarmos quantas indicações ao Grammy os artistas da noite somam juntos, o número chega em 18. Um deles ainda ganhou o de melhor álbum do ano em 2022.

A noite começou com a dupla prodígio Domi & JD Beck. A francesa Domi Louna toca piano desde seus três anos e JD começou no instrumento aos cinco, antes de mudar para a bateria aos nove. Produzindo um jazz muito contemporâneo, quebrado e misturando com outros elementos, a dupla baseou o show em seu álbum de estreia, o Not Tight, de 2022. A atmosfera do show é hipnotizante e, de certo modo, não seria difícil acreditar que a dupla poderia ter cinquenta anos e décadas de experiência no palco. Eu disse incrédulo a um amigo meu que eles pareciam ter 50 anos e com anos de experiência no palco. O domínio e a técnica que carregam na execução de seus instrumentos é estarrecedor.

Domi Louna / Foto: Gustavo Chagas

Apesar de não se comunicarem muito com a plateia, Domi e JD têm uma personalidade tímida cativante e deixaram o público querendo mais. A impressão que fica é que a audiência teve a oportunidade de assistir a gênesis de futuras referências no gênero, comprovando que eles já são uma realidade e o mundo precisa se permitir a vivenciar isso.

Depois do jazz psicodélico e moderno, Samara Joy transformou o lotado Vivo Rio num saloon de jazz dos anos 60. Com um carisma gigantesco, a cantora conquistou a todos imediatamente. Falando português tal qual uma nativa do Rio de Janeiro, ela e sua competente banda de apoio fizeram a felicidade do público carioca com canções do seu álbum Linger Awhile e com algumas surpresas.

Samara Joy / Foto: Gustavo Chagas

No início do show, Samara cantou Chega de Saudade, de Tom Jobim e Flor de Lis, de Djavan, ambas em versões impecáveis. A artista deixou o palco com pouco mais de uma hora de show e deixou um gosto de quero (muito) mais no público.

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Já o show de Jon Batiste começou transformando a noite de jazz em uma roda de samba. Sua numerosa e competente banda abriu com um samba enredo que botou todo mundo pra dançar. O premiado artista entrou logo em seguida empunhando uma bandeira do Brasil e olhando nos olhos de cada dos presentes. É incrível como ele consegue fazer essa conexão com a audiência. Já na primeira música, Tell Me the Truth, Jon mostrou seu talento de multi-instrumentista, tocando guitarra, piano e sax. E assim o fez com diversos instrumentos durante toda a sua apresentação.

Perguntado um tempo atrás se ele gostaria de gravar com Anitta, Batiste respondeu que gostaria, na verdade, de gravar com a cirandeira Lia de Itamaracá. A vontade se concretizou numa participação linda e intimista da pernambucana de 79 anos e, inclusive, essa dobradinha também vai acontecer em sua apresentação na versão paulista do festival.

Jon Batiste / Foto: Gustavo Chagas

Jon baseou seu show no disco vencedor do Grammy de Melhor Álbum de 2022 e ganhou a plateia pelo seu carisma, talento e entrega. Ao fim, correu para a plateia e encerrou sua apresentação num cortejo no meio da pista. Não seria difícil imaginar que, ao se apaixonar de forma tão intensa pela audiência brasileira, Jon deve retornar logo.

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gustavodaschagas@gmail.com

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