Dead Fish e Mukeka Di Rato agitam noite carioca no Circo Voador
Nesta sexta-feira (19), aconteceu no Circo Voador um grande encontro do hardcore capixaba, com as bandas Dead Fish e Mukeka di Rato. O evento também contou com duas atrações de abertura, a banda Blastfemme e a DJ Priscila Dau.
Com uma apresentação enérgica e performática, especialmente da vocalista Dani Vallejo que utilizava joelheiras para executar suas danças, Blastfemme abriu os trabalhos da noite tocando músicas do seu primeiro álbum intitulado “Blastfemme” que foi lançado em 2019 e traz o som do punk rock misturado com disco music e batidas de pop.
A banda também tocou seu novo single “Malícia” ao longo do show, e alguns fãs já estavam com a letra afiadíssima na ponta da língua.
E assim, visualmente imponente, musicalmente agressivo e dançante, Blastfemme concluía sua apresentação e o palco do Circo Voador estava oficialmente aberto.
O segundo show da noite prometia um completo descontrole, e entregou. Mukeka Di Rato subiu ao palco pontualmente às 22:50 para fazer a galera gritar, se jogar do palco e transformar o Circo Voador inteiro em um grande mosh.
A banda trouxe no setlist músicas do último álbum, “Boiada Suicida”, lançado no ano passado pelos integrantes Fepaschoal (voz, guitarras), Paulista (guitarras, voz), Mozine (baixo, voz) e Brek (bateria). Uma das obras mais provocativas da banda, que carrega um sentimento de revolta e indignação pelos últimos anos conturbados vividos no Brasil, principalmente para quem produz arte e cultura. “Humano Fracasso”, “Milico” e “Facada” foram algumas das músicas do álbum tocadas pela primeira vez para o público carioca, que as recebeu como se já fossem clássicos consolidados.
E claro, também não faltaram as faixas clássicas das antigas, como “Minha Escolinha”, “Maconha”, “Cachaça” e “Rinha de Magnata”, músicas com um humor sarcástico e vocais acelerados interpretados com maestria por Fepaschoal, acompanhado pelos berros do baixista e ilustre figura no cenário underground, criador da Laja Records, exímio bebedor de cerveja e um dos empresários mais bem sucedidos de Vila Velha, segundo ele mesmo, Fábio Mozine.
Já passava da meia-noite, a madrugada de sexta para sábado estava fervendo, quando Dead Fish subiu no palco para mais um show histórico. Conhecedores da casa com inúmeras apresentações no Circo Voador, a banda veio para sua segunda apresentação no ano de 2023.
Na primeira música, ou melhor, no primeiro riff de “Afasia”, a pista já havia se tornado um liquidificador, cooptando o público para uma grande roda. Era impossível ficar parado. Tudo ali naquele lugar era uma coisa só, uma única energia, que pulava e cantava todas as letras da lendária banda de hardcore. Até o palco já estava completamente tomado, com pessoas dançando e se jogando no meio da galera.
A sequência veio com “MST” um clássico de 1997, do primeiro álbum “Sirva-se”, que traz uma letra ainda atual, contestando os latifundiários e promovendo a importância e necessidade de uma reforma agrária no Brasil. “Enquanto não houver reforma agrária, não haverá república neste país”, entoou Rodrigo Lima, vocal da banda, no final da canção.
O show seguiu sem cair de ritmo em nenhum momento, uma catarse completa durante toda a apresentação. “Molotov”, “Queda Livre”, “Asfalto”, “Autonomia”, “Venceremos”, “Proprietários do Terceiro Mundo” e muito mais das músicas que consolidaram a banda ao longo desses mais de 30 anos na cena, incluindo as do último e elogiado álbum “Ponto Cego”.
O Dead Fish agora dará prosseguimento na sua turnê que contará com shows nacionais e internacionais. E no meio disso, prepara o lançamento de mais um álbum com faixas inéditas. O tempo passa, mas a juventude e disposição dos capixabas parece permanecer intacta.