MITA 2023: Lana Del Rey, Jorge Ben e Flume iluminam o Rio de Janeiro com um festival épico e momentos inesquecíveis
O primeiro dia da do MITA (Music is the Answer) de 2023, no Rio de Janeiro, entra para a coleção de momentos inesquecíveis para o fã de música: da melancolia alternativa de Lana Del Rey, passando pela brasilidade de Jorge Ben e chegando na batida trancedente do Flume, o festival mostra a sua diversidade em uma tarde ensolarada em um dos mais belos cartões postais da cidade carioca.
Nesta segunda edição no Rio de Janeiro, o festival mostrou uma evolução na exploração de atrações que vão além dos shows, as ativações das patrocinadoras teve uma melhora considerável, utilizando quase toda a área do Jockey Club. Com destaque para a Deezer que promoveu um estande de karaokê aberto ao público com músicas dos artistas presentes na line-up do evento, e um rooftop com vista para os dois palcos, direcionado exclusivamente para os superfãs do aplicativo, que ganharam um ingresso por serem top ouvintes dos artistas no serviço de streaming. Além dessa ativação, outra chamou muita atenção para o público: a da Heineken ou mais conhecido como Moving Stage, um stand interativo com luzes que sintonizam com a batida da música e as pessoas na pista. O espaço também contou com a ação Meu Copo Eco.
Já na parte de estrutura, o festival mostrou pontos de evoluções, como a melhoria significativa dos palcos que contaram com telões verticais dos dois lados, um ganho considerável em comparação ao ano passado. Outro destaque foi a parte visual das projeções em led no nome do festival nos Palcos Corcovado e Deezer, sincronizadas com o visual dos shows em execução. No entanto, ainda é necessário que se tenha um olhar mais cuidadoso para a parte sonora, já que os palcos apresentaram algumas falhas de retorno para o público. O problema foi se ajustando no decorrer do evento, não representando risco suficiente para desanimar a audiência.
Além disso, a acessibilidade do festival ainda pode ser olhada com mais carinho. A locomoção para pessoas com deficiência foi um desafio, pois o espaço contava com muitas pedras e areia e poucas vias apropriadas para que os cadeirantes pudessem se locomover com uma maior tranquilidade. Mas há de se destacar que as áreas destinada para o público assistir aos shows estava excelente, em uma altura ideal onde a visão foi contemplada com sucesso.
A cobertura da Moodgate no primeiro dia buscou trazer a diversidade do festival, e um ponto interessante que há de se mencionar é a escolha certeira de montar uma seleção de artistas nacionais que se conectam de alguma forma com a cidade onde o festival está sendo realizado. Gilsons, Jorge Ben Jor e Planet Hemp representam três ritmos de tribos diferentes, mas compartilham uma conexão: o próprio Rio de Janeiro.
Gilsons
Começando com a nova MPB, os Gilsons subiram no palco Deezer e logo de cara mostram a característica marcante do grupo: ritmos tropicais e melodias envolventes que rapidamente entusiasmaram a multidão, fluindo suavemente, como uma brisa leve em uma tarde de verão. Os arranjos cuidadosamente elaborados misturavam influências de diversos estilos musicais, como o rock, o folk e o reggae, resultando em atmosfera acolhedora e receptiva.
No evento, a Moodgate teve a oportunidade de bater um papo com o trio, que destacou a sensação de tocar no festival como uma oportunidade para apresentar seus últimos lançamentos:
Jorge Ben Jor
Mas a brasilidade chegou em peso às 16h40, ou deve-se dizer a entidade brasileira chamada Jorge Ben Jor! Com seus 84 anos, Ben Jor deu uma aula de vitalidade mostrando o porquê é considerado um dos maiores nomes da música nacional. Com um repertório recheado de clássicos atemporais, o artista cativou a plateia desde a primeira nota, em uma entrada triunfal ao som de Jorge da Capadócia.
Sua voz poderosa e marcante, combinada com sua habilidade excepcional na guitarra, criou uma atmosfera vibrante e cheia de emoção. O público dançou, pulou e se entregou completamente à música, em uma celebração da vida e da cultura brasileira. Além dos sucessos consagrados, como País Tropical, Ive Brussel e Santa Clara Clareou, os arranjos impecáveis e a interação com a banda proporcionaram momentos de improvisação e espontaneidade, com direito a uma “sambadinha” com o lendário percursionista Nenem da Cuíca, e tornando cada performance única e especial. Os efeitos visuais e a iluminação complementaram perfeitamente a energia do show e projetaram um ambiente mágico capaz de atrair todos os presentes.
Ao final da apresentação, o cantor extrapolou o limite de horário e com isso teve que encerrar o show sob os aplausos e gritos de euforia que evidenciaram o impacto que Jorge Ben Jor teve sobre o público. Um acerto em cheio do festival!
Planet Hemp e Tropkillaz
A noite começou com a poderosa combinação de ritmos e letras afiadas do Planet Hemp. Logo na primeira música, Distopia, Bnegão e Marcelo D2, vocalistas da banda, lançaram a ordem que a roda punk se abrisse, e o público atendeu de forma enfevencente. O espaço foi tomado por uma vibração intensa, com fãs pulando, dançando e se entregando à música frenética. O Planet desfilou seus sucessos aclamados, como Mantenha o Respeito, Legalize Já e Queimando Tudo e também trouxe as músicas do seu novo disco, como Taca Fogo, Jardineiros e MARCELO YUKA, levando o público a cantar em coro cada palavra.
A participação especial do Tropkillaz elevou ainda mais a energia do show e, ali, a audiência pôde testemunhar pela primeira vez a performance ao vivo da música Ainda, que é uma colaboração do Planet com o Trop. Com suas batidas eletrônicas irresistíveis e influências do hip-hop, trap e funk, o duo do Tropkillaz mostrou porque é considerado um dos expoentes da música eletrônica no Brasil. A colaboração com o Planet Hemp trouxe um novo elemento sonoro às canções, criando uma fusão de estilos que culminou numa explosão de energia e atitude.
Flume
Em um piscar de olhos, o australiano Flume sobiu no palco de forma icônica ao tocar The Difference acompanhado de um telão psicodélico. Foi nítida a surpresa dos fãs impressionados com o conjunto de fatores da ocasião, como a iluminação, o telão e o som do grande hit. E dessa forma, quem não tinha conhecimento do artista, com toda a certeza foi impactado pela forma como se apresenta e interage com o público. Sendo pioneiro do future bass, é explícita a experiência e segurança do artista em uma apresentação carregada de sentimentos.
Sendo um dos headliners, Flume trouxe um clima cintilante e psicodélico para a primeira noite do MITA 2023. Com muitos adereços no show, a performance teve a participação, em diversas músicas, das cantoras KUČKA e Vera Blue que entregaram uma apresentação incrível em músicas como Voices e Never Be Like You. Com 26 músicas na setlist, Flume ofereceu um show denso e memorável, muito bem complementado pelos artifícios visuais.
Lana Del Rey
Lana Del Rey fez um retorno triunfante aos palcos após um hiato de quatro anos. O show foi uma experiência especial tanto para a cantora quanto para seus fãs, que aguardavam ansiosamente por esse momento, visto que alguns até dormiram na fila da noite anterior para presenciar, da grade, a apresentação.
Lana começou com uma peruca loira estilizada, uma referência cinematográfica e estética ao clipe de Candy Necklace. Mas logo em seguida, com apenas duas músicas performadas, ela surpreendeu o público trocando de figurino no próprio palco, revelando seu cabelo natural e um vestido estampado.
O setlist foi repleto de sucessos, com destaque para as faixas do seu álbum mais recente, Did you know that there’s a tunnel under Ocean Boulevard. Ela apresentou várias músicas inéditas ao vivo, incluindo as estreias de A&W, The Grants, Candy Necklace e da faixa jamais lançada oficialmente, Flipside, descarte do disco de 2014, Ultraviolence. A sequência deixou os fãs emocionados ao ver pela primeira vez as canções do novo álbum, e o coro em The Grants estava lindo.
Além das novidades, Lana Del Rey simplesmente encantou e hipnotizou o público com suas interpretações apaixonadas de clássicos atemporais com Young and Beautiful, Ride, Born to Die e Summertime Sadness. O show foi mais do que uma apresentação, foi um mergulho profundo em um oceano de emoções. A atmosfera que permeou o local era simplesmente mística e cada nota, cada palavra que saía da voz única e melodiosa de Lana Del Rey tocava os corações da plateia, envolvendo-os em um turbilhão de sentimentos. Era impossível resistir à sua presença magnética no palco enquanto ela se entregava de corpo e alma à performance.
O show nesta primeira participação do MITA foi mais do que um triunfo, foi um lembrete avassalador do talento brilhante e do carisma magnético de Lana Del Rey. Cada canção foi entregue com uma paixão ardente, transportando todos para um universo paralelo de intensidade emocional.