Doce Maravilha e seu apelo intergeracional | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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Doce Maravilha e seu apelo intergeracional

Conflitos geracionais não são um mistério para ninguém, afinal, eles sempre estiveram à solta. Quando a Geração Y passou a ser considerada para o mercado de trabalho, sua antecessora, a Geração X, sem pestanejar, empunhou suas dúvidas, afiou suas palavras e, ferozmente, colocou em xeque as habilidades e comportamentos de sua sucessora. Com a expansão do acesso à internet, os choques geracionais passaram a ser ainda mais recorrentes e repercutidos. Afinal, quem não lembra do fatídico episódio, onde gerações X, Y e Z trocaram farpas em toda e qualquer rede social após um “cringe” ser proferido ao vento?

Os embates entre as gerações não se restringem ao mercado de trabalho, comportamentos ou termos. Há quem trave verdadeiras guerras para definir qual geração deleitou-se com as músicas “de verdade”. E, geralmente, por parte das gerações passadas, este debate vem em um emaranhado de nostalgia e, por parte da nova geração, em um desconhecimento considerável de tudo aquilo que é alicerce das produções que hoje circulam. Mas, em momento algum, há reflexão sobre as definições de bom e ruim; ultrapassado e cool. Há poucas trocas sobre as ojerizas criadas em relação a tudo aquilo que é novo e a tudo aquilo que é velho. Na verdade, o que está em jogo nesta briga é o ego e não a definição de boa arte, que, se formos em Pareyson, saberemos que, para definir a verdadeira arte, não devemos buscar sua lei universal no belo ou na expressão, mas na individualidade. Ou seja, quer produzida nos anos 1960 ou 2020, a música é de verdade porque cumpre o objetivo do artista que a criou — mas isso não nos exime de debater genericidade, esvaziamento e afins, mas deixemos para a próxima.

E, em um golpe de mestre, Nelson Motta e Mangolab encontraram meios para zerar as rusgas e introduzir velho e novo mundo um ao outro. Para dissolver as barreiras intergeracionais, deram vida à diversa —  de gêneros musicais às idades — line-up do Doce Maravilha, festival que ocorrerá no Rio de Janeiro, nos dias 12 e 13 de agosto e contará com apresentações que, nas guerras entre X, Y e Z, seriam controversas.

Contando com grandes nomes do cenário musical brasileiro, o Doce Maravilha levará ao público a celebração de 50 anos de Transa, álbum célebre de Caetano Veloso, os batidões estrondosos da Furacão 2000, gigante do Funk brasileiro, e, como cereja do bolo, promoverá a colaboração intergeracional de maneira ainda mais explícita ao trazer, em um mesmo show, Margareth Menezes e Luedji Luna e, em outro, Rodrigo Amarante e Adriana Calcanhotto. E engana-se quem acha que as duplas citadas, por suas distintas épocas e público, são artisticamente distantes. Afinal, quem se deixa levar por Mar de Amor (1993), se deixa conduzir por Acalanto (2017). E quem choraminga ao som de Tara (2021), derrama rios com Mentiras (1992).

Se depender da curadoria afiada de Motta, não há espaço para alfinetadas, há somente espaço para, em dois dias, celebrar as produções e lembrar aos fãs de Jards Macalé que há arte e vida em Liniker; e aos fãs de Anavitória que há poesia de sobra em Gil.

Para acompanhar a misturada de altíssimo nível proposta pelo Doce Maravilha, você pode clicar aqui e garantir o ingresso para este acontecimento épico que se recusa a aceitar o tempo como seu senhor.

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luizvictorrufino@outlook.com

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