Masego mostra versatilidade e talento em show no Circo Voador
Com ingressos esgotados em plena terça-feira (05) à noite, o Circo Voador recebeu a energia contagiante de Masego, um dos maiores nomes do jazz na atualidade. O cantor e multi-instrumentista jamaicano parecia estar em casa no Rio de Janeiro, inclusive, visualmente falando, subindo no palco de Kenner e camisa do Flamengo, como um legítimo carioca. Nesse mesmo clima, o baterista Jonathan Curry chegou trajando uma camisa regata do Vasco da Gama. Agradando a gregos e troianos, as duas maiores torcidas da cidade foram representadas.
Sem muito mistério, o show começa com Navajo, single lançado em 2017 e um de seus maiores e justificáveis sucessos dada a originalidade da música e a forma com a qual o público cantou e dançou do início ao fim. Na sequência, três faixas do álbum Lady Lady de 2018: Queen Tings, Old Age e Lady Lady. Sempre direto ao ponto e não deixando o clima esfriar, Masego canta e toca saxofone alternadamente por todos os cantos do palco, cativando a todos com a naturalidade da sua presença. Ele faz parecer fácil conduzir uma apresentação com tanta virtuosidade. O Circo Voador talvez seja o palco mais democrático da cidade, sua arquitetura acolhe e permite assistir bem a um show estando em qualquer lugar da lona, e Masego soube potencializar esse fator.
Posteriormente a esta sequência, a cativante, sensual e sofisticada Mystery Lady, canção que faz uma mistura única de elementos do R&B, soul e jazz conferindo-lhe uma qualidade atemporal. Improvisando dancinhas em cima dos instrumentais suaves e ressoando os versos misteriosos da faixa, Masego envolve completamente a plateia. Logo após, Two Sides, lançada no primeiro semestre deste ano e já na ponta da língua dos fãs. O show prosseguiu, e com direito a rosas para a plateia tal qual Roberto Carlos e chuva de dinheiro (de mentira, infelizmente), era impossível não se deixar levar pela animação e bom humor trazidos em seu repertório.
A banda toca com classe, o entrosamento é nítido. Destaque para o solo de bateria de Jonathan Curry, desmistificando o senso comum de que solos de bateria costumam ser tediosos, o baterista soube intercalar diferentes ritmos e acelerar a pegada na hora certa fazendo o público vibrar junto. Também vale destacar aqui o momento em que Masego se posicionou nos seus equipamentos de DJ e criou um beat mixado totalmente ao vivo. A versatilidade do jamaicano em criar, tocar e desenvolver suas músicas impressiona, é um conhecimento musical muito vasto e rico em nuances.
No encerramento, com Tadow, sua música mais ouvida nas plataformas de streaming, sua habilidade com o saxofone parece ser ainda mais especial por trazer uma leveza que, quando combinada com um beat poderoso, se contrasta ainda mais. A sensação de alegria e satisfação pairava no ar, mas no fundo ainda ficou um gostinho de quero mais, não por ter faltado algo, muito pelo contrário, foi justamente por não ter faltado nada.
Quem sabe no futuro Masego volta a pisar em terras cariocas – aposto ser muito provável – mas, enquanto isso não acontece, ele segue no Brasil e irá se apresentar no dia 7 de setembro no festival The Town em São Paulo. A expectativa é de mais um show emocionante com um setlist recheado de sucessos.
