Thirty Seconds to Mars — It’s The End Of The World But It’s A Beautiful Day
Se você é um grande fã de The Kill (Bury Me), It’s The End Of The World But It’s A Beautiful Day, sexto e mais recente álbum dos irmãos Leto, não é para você. E a resposta disto está na recepção nada calorosa que o disco do 30 Seconds To Mars recebeu por parte de toda a imprensa. Vivendo o que críticos renomados estão chamando de queda profunda na criatividade e ausência gritante de emoção genuína, o duo agoniza em prol de conduzir seus ouvintes em uma nova experiência — que, desde já, pode ser taxada como desapontante.
O novo disco consegue abranger uma gama de emoções e não foca apenas nos aspectos negativos das experiências e relações de uma sociedade moderna. Muitos admiradores de longa data do Thirty Seconds to Mars esperavam que este álbum marcasse um retorno ao som da banda na época do This is War, lançado em 2009, com diversos sucessos como Kings and Queens, Hurricane e Closer to the Edge, ou até mesmo algo mais semelhante ao disco Love Lust Faith + Dreams, de 2013, cujo os maiores sucessos foram Up in the Air, Conquistador e City of Angels. No entanto, para a frustração dessas expectativas, It’s The End of The World But It’s a Beautiful Day não só falha em trazer de volta a assinatura que registra a marcante personalidade do duo, mas representa uma regressão em relação ao álbum de 2018, AMERICA.
A verdade é que o Thirty Seconds to Mars sempre foi uma banda difícil de se definir, e o mais recente projeto parece ter uma missão clara e uma produção meticulosamente calculada para se alinhar com as tendências musicais atuais, colocando a eficiência de custos acima de tudo. Isso levanta questões sobre a motivação por trás desse novo álbum e se ele reflete a busca da banda por autenticidade e inovação. Ainda assim, para muitos dos fãs mais fiéis, é possível encontrar pontos positivos em meio às críticas.
Stuck é uma balada alegre que muda de um dedilhado acústico descontraído para um loop levemente programado. Como uma faixa pop, a música cumpre, de forma quase surpreendente, sua função. Leto parece encontrar conforto no desconforto, colocando-se em posições para escrever músicas que podem não necessariamente vir naturalmente. A faixa tem batidas eletrônicas que misturam elementos do rock alternativo, com ritmo contagiante, flexionando o gênero da canção de um pop alternativo para algo dançante – especialmente quando Leto começa a fazer vocalizações com palavras sem sentido (“ram-dam-ba-da-da-dam-dam-dam”).
Por outro lado, Love These Days é uma crítica ao amor moderno, com muitos destacando o desgosto em vez da beleza. A música tem um toque R&B despretensioso, com uma produção minimalista que mantém as coisas em movimento. Felizmente, esta nova ideia de incluir elementos diferentes que carregam atualmente não está totalmente perdida. Faixas como Love These Days e World on Fire têm grande potencial e podem ser grandes sucessos para essa nova era, por mais genéricas que possam ser. Na mesma medida, Midnight Prayer é cantada por Shannon, irmão mais velho de Jared, e é literalmente a nova “oração da meia-noite” dos Echelons; a letra profunda e introspectiva é uma viagem musical de autodescoberta e reflexão. A música parece ser sobre uma pessoa que se sente presa, como se as paredes estivessem se fechando sobre ela, e ela estivesse presa em um ciclo de autoengano e dúvida. A faixa transmite uma sensação de turbulência interior e autorreflexão.
Avalanche, por sua vez, provocou um suspiro aliviado dos fãs mais velhos da banda, já que se assemelha, em partes, ao sucesso de 2009, Closer to the Edge. Esses admiradores encontram, no encerramento do disco, alguma satisfação e prazer com as grandes emoções despertadas pela canção, que consegue, da sua maneira, unir sintetizadores e bateria com o som registrado do Thirty Seconds to Mars. Avalanche é sinônimo de ter uma visão positiva da vida, apesar dos desafios cotidianos, e se encaixa perfeitamente com o título do disco: “é o fim do mundo, mas é um lindo dia”.