The Weeknd: a trajetória de um artista que desafiou os padrões do pop
O prodígio canadense do R’n’B-pop, The Weeknd, alcançou o status de rei das paradas e dos estádios aos 33 anos, com sua abordagem retro-futurista única. Agora, ele está prestes a encantar o público brasileiro com sua After Hours til Dawn Tour, uma jornada dantesca e mística que representa a rápida ascensão desse talentoso e controverso artista. Preparem-se para viver momentos inesquecíveis ao acompanhar o cantor no Rio de Janeiro, em 7 de outubro, e em São Paulo, nos dias 10 e 11 de outubro de 2023. Será uma experiência única, repleta de emoções e música de alta qualidade.
Relembramos a ascensão meteórica de um artista tão talentoso quanto escandaloso, confira abaixo!
1. A infância Kids de Abel Tesfaye
Abel Tesfaye veio ao mundo em 1990, na região de Scarborough, situada a leste de Toronto. Descendente de pais etíopes que emigraram para o Canadá durante os anos 1980, sua infância o viu frequentando a Igreja Ortodoxa Etíope e adquirindo habilidades na língua amárica por meio de sua avó. Criado principalmente por sua avó após ser abandonado por seu pai, ele cresceu em um ambiente em que sua avó trabalhava arduamente, principalmente como enfermeira, para sustentar a família.
Durante a adolescência, ele passou por momentos turbulentos, iniciando o consumo de maconha aos 11 anos. Encontrou inspiração e esperança na música de seus ídolos, incluindo Michael Jackson e Prince. Aos 17 anos, decidiu abandonar a escola e se envolveu em atividades problemáticas na cidade, como furtos e o uso de drogas como ecstasy e oxicodona.
Contudo, esse jovem rebelde, que faz uma analogia entre sua juventude e o filme Kids (1995), dirigido por Larry Clark, também era movido por ambição. Enquanto trabalhava como vendedor na American Apparel, possivelmente recrutado devido ao seu estilo urbano e corte de cabelo que lembrava o do pintor Basquiat, começou a explorar a produção musical. Foi nesse contexto que ele adotou o nome artístico The Weeknd, uma alusão à sua propensão a escapar das obrigações escolares. Junto a um amigo, eles decidiram abandonar suas vidas por um fim de semana e acabaram por nunca mais retornar.
2. Um impulso de Drake
Seus primeiros trabalhos R&B, caracterizados por uma atmosfera sombria, intrigante e sensual, chegaram no meio online em 2009, e suas mixtapes lançadas na internet em 2011 conquistaram inicialmente uma audiência de nicho. Essas músicas começaram a se difundir entre os conhecedores, por meio de blogs, antes de atrair a atenção da renomada crítica musical, representada por veículos como a Pitchfork e o New York Times.
O rapper Drake contribuiu para a projeção de The Weeknd em março de 2011, ao mencionar o jovem prodígio em sua conta no Twitter, gerando uma onda de discussões em torno de seu talento. Durante um concerto em Londres, em junho de 2012, The Weeknd continuou a provocar reações intensas com uma interpretação provocativa da música Dirty Diana de Michael Jackson, uma canção que havia inspirado seu desejo de seguir na música. Sua presença também se fez notar no festival Coachella daquele ano, revelando uma energia e uma estética fortemente influenciadas pelo rock.
Abel cativou o público com sua abordagem enigmática, optando por evitar entrevistas e só se comunicar principalmente por meio do Twitter. Essa abordagem peculiar provou ser eficaz. Em 2012, The Weeknd alcançou a fama mainstream com o lançamento de uma compilação chamada Trilogy, que reunia suas mixtapes anteriores.
3. Uma carreira de sucesso e colaborações de peso
Em 2013, o cantor e compositor canadense The Weeknd lançou seu álbum de estreia, Kiss Land, que contou com participações de Drake e Kavinsky. Uma das faixas do álbum, Love Me Harder, foi incluída na trilha sonora do filme Jogos Vorazes: Em Chamas, ajudando a vender quase 100 mil cópias do disco. Em 2015, The Weeknd participou da trilha sonora do filme Cinquenta Tons de Cinza.
Naquele mesmo ano, The Weeknd abriu shows para o cantor Justin Timberlake e lançou um remix da música Drunk In Love, da cantora Beyoncé. Ele também participou do álbum Matangi da cantora MIA e da turnê Would You Like A Tour de Drake.
Ao longo de sua carreira, The Weeknd colaborou com diversos artistas, incluindo Daft Punk, Rosalía, Lana Del Rey, Madonna, Beyoncé, Kanye West, Disclosure, SZA, Jim Carrey, Quincy Jones, Tyler, The Creator, Lil Wayne, Doja Cat, Travis Scott, Sia, Oneohtrix Point Never, Gesaffelstein, Ariana Grande e Alicia Keys.
4. A narrativa e seu ápice com After Hours
Diretamente do sucesso do single The Hills, o mundo acompanha a trajetória de The Weeknd com diversos sucessos e álbuns que traduzem a maestria e profundidade nas composições. A notoriedade de Abel foi construída por meio dos principais álbuns, como Starboy e Beauty Behind The Madness, que criaram uma base sólida do formato sonoro do artista.
O impacto mundial, ou pode-se dizer a virada de chave, imposto por The Weeknd, foi a construção estética visual e sonora desenvolvida para o álbum After Hours que modificou a forma de consumir, produzir e impactar a audiência. Sendo um dos álbuns mais intimistas de Abel por transparecer seus sentimentos pós-término e todo o universo emocional do cantor, a narrativa midiática desenvolvida para a obra renovou a indústria e como um músico pode atingir os seus ouvintes. E claro, artistas como o Travis Scott são um grande exemplo de inovação e de execução de convergência de mídias, como o evento no Fortnite.
Muito bem recebido pela crítica, o After Hours continua musicalmente no gênero R&B, adicionando brilhantismo e nostalgia com o synth-pop dos anos 80. A composição do álbum revigorou completamente Abel, que até hoje se utiliza dessa ambiência oitentista, o levando ao ápice da sua carreira, sendo o artista mais ouvido no Spotify. A mudança de gênero e da composição de elementos das novas músicas, como exemplo Blinding Lights, era vista como fracasso pelo artista. Assim, a visão da narrativa e a sensibilidade sonora encantou o mundo pelos seus detalhes, intimismo e inovação.
Com a produção e o lançamento dos clipes de Heartless e Blinding Lights, se desenvolve uma atmosfera mais pessoal, no qual The Weeknd deseja contar seus sentimentos e anseios em cada faixa da produção. Os acontecimentos de cada clipe interferem no figurino, ambientação e formato de apresentação que o artista fará, como shows da turnê ou apresentações em programas como Jimmy Kimmel. Esse ambiente proporcionou uma amplitude e repercussão muito maior de seu álbum pela maneira que toda a história foi contada. — Caio Bandeira
5. The Weeknd, rei das controvérsias
Na controversa série The Idol, criada por Sam Levinson (conhecido por Euphoria) em colaboração com The Weeknd, os autores ridicularizam jornalistas de música, empresários, operadores turísticos e coordenadores de cenas íntimas, retratando-os como oportunistas cínicos. Parece que The Weeknd, que em uma das cenas critica o pop como sendo um “cavalo de Troia”, utiliza a série como um veículo para acertar contas com essas figuras. The Idol é uma sátira ácida da indústria da música e do entretenimento, bem como da cultura muitas vezes prejudicial que ela fomenta. Embora contenha cenas controversas de sexo sadomasoquista a série oferece uma visão crua e pouco saudável do mundo do entretenimento.
O tema do entretenimento é profundamente significativo para The Weeknd, que frequentemente apareceu em público com o rosto coberto de bandagens, deformado ou distorcido, como uma crítica aos excessos e à obsessão de Hollywood com a aparência. Ele explicou à revista Variety: “As bandagens têm um significado profundo para mim, representando a reflexão sobre a mentalidade absurda das celebridades de Hollywood, que gastam muito tempo e esforço transformando-se por razões superficiais, buscando apenas aprovação e validação.”
O compositor canadense, revelou à revista W que está trabalhando em um novo álbum que pode ser seu último com o nome de The Weeknd, também tem sido um crítico contumaz do mundo da música, particularmente em relação a cerimônias de premiação como o Grammy Awards, que ele tem evitado reiteradamente. Ele optou por boicotar a instituição, alegando corrupção e falta de transparência na seleção das estrelas premiadas. Essas atitudes adicionam ainda mais complexidade ao mito que envolve The Weeknd.