Moods de setembro: Tinashe, Kim Petras, Kylie Minogue e Slayyyter | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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Moods de setembro: Tinashe, Kim Petras, Kylie Minogue e Slayyyter

Embora recheado de lançamentos incríveis de diversos artistas, o mês de setembro foi indiscutivelmente marcado pelo regresso de artistas que exploram diferentes sonoridades dentro do Pop. Do excepcional novo trabalho de Tinashe a mais um projeto confuso por parte de Kim Petras, setembro ainda oportunizou, numa contraposição justa, lançamentos de Kylie Minogue e Slayyyter no mesmo dia. De um lado, enquanto a veterana da indústria apresentou mais um disco que reforça seu lugar no mais alto panteão do pop, a musa do stan Twitter deu um passo amadurecido na direção certa com o divertido STARFUCKER.

Para recapitular alguns dos álbuns último mês que podem ter passado despercebidos, a Moodgate separou os principais lançamentos do Pop para serem avaliados em um formato mais compacto que os reviews clássicos, sempre mais longos e detalhados. Confere só:

Tinashe: BB/ANG3L
r&b alternativo; pop — 8 de setembro

Nos quatro anos que sucederam o fim de seu controverso e abusivo contrato com a RCA Records, Tinashe tem, consistentemente, lançado os melhores trabalhos de sua carreira. Substituindo o pop submisso às tendências na época de sua estreia por um excelente direcionamento artístico, a artista tem desfrutado de sua independência para moldar e masterizar o som que deveria estar fazendo desde o início. Com seu R&B envolvente e percussões que flertam com o Hyperpop, o novo álbum de Tinashe é o trabalho mais sólido e empolgante já lançado pela cantora e também um dos discos mais subestimados do ano.

Com uma instrumentação menos objetiva em comparação aos projetos anteriores da artista, BB/ANG3L conta com batidas sutis para torná-lo tão intrigante quanto dançante. Os vocais sussurrados da sensual Uh Huh são irresistivelmente intimistas e marcam uma das performances mais sedutoras e confiantes da carreira da estadunidense. A confiança, aliás, é expressa em todas as minúcias do álbum: sem perder a mão, Tinashe toma diversas liberdades para comandar uma produção que soa familiar, mas, ao mesmo tempo, excepcional.

A tensão construída pelos versos de Treason e suas hipnóticas harmonias vocais nunca chega a um verdadeiro clímax, e, exatamente por isso, tornam a faixa a introdução perfeita para uma sucessão de músicas igualmente viciantes e memoráveis. Lado a lado, Talk to Me Nice e Needs são incrivelmente magnéticas, com refrães pegajosos capazes de embalar o espectador em movimentos de dança involuntários e quase imperceptíveis. Apesar de quase não passar da marca dos vinte minutos totais, BB/ANG3L é suficientemente atrativo para, sem esforço, convencer o ouvinte a revisitá-lo inúmeras vezes. — João Victor Mothé

Nota: 8.3
Melhores faixas: Treason, None of My Business e Needs

Kim Petras: Problématique
pop — 18 de setembro

Kim Petras é um nome que surgiu no pop como um respiro para a nova geração. Letras ousadas, sexualizadas e batidas de um electropop instigante. Cheia de temáticas e com muito conceito envolvido, não demorou muito para a cantora fazer sucesso. Em 2022, então, quando lançou Unholy em parceria com Sam Smith e ganhou as paradas no mundo inteiro, ela parecia estar assinando um atestado de que veio para ficar nas paradas e deixar a sua marca.

Por isso, quando se contempla um álbum como o Problématique, o sentimento é até de certa estranheza. Com batidas repetitivas, clichês e sem personalidade, a obra parece um escorregão na carreira ascendente de Kim Petras, que decidiu, agora, trazer uma roupagem disco cafona para seu pop. Em relação às letras, também não é possível elencar nada relevante, já que ela canta sobre assuntos supérfluos e desinteressantes, como em All She Wants: “Tudo o que ela quer é Prada e Dior, voos para Paris e depois para Nova York novamente. Tudo o que ela quer é não ser ignorada, ela não quer seu amor, ela quer mais, mais”.

No resumo da obra, o Problématique não é um álbum ruim pura e simplesmente, mas algo que parece ter sido feito com desleixo e sem esforço. Por ser curto, é possível ouvir o disco sem entusiasmo algum, e, também, sem tirar muito proveito do pop genérico que nos é apresentado. É um álbum de músicas feitas para serem tocadas como som ambiente em uma loja de departamento. Mais lamentável ainda é que, ao passo em que Petras arrisca sua credibilidade na indústria ao se afiliar com o infame Dr. Luke, ele ainda é incapaz de, em troca, produzir qualquer material minimamente interessante para ela. — Helena Sbrissia

Nota: 5.3
Melhores faixas: Problématique e All She Wants

Kylie Minogue: Tension
disco; pop — 22 de setembro

Com bons quilos de Synth Pop, Europop, Disco, House, sensualidade e romance, Kylie Minogue retornou aos holofotes com o mágico, melódico e mais definitivo disco de sua carreira, Tension.

Veterana da indústria, Kylie é conhecida por sua autenticidade e ousadia. Em seus trinta e cinco anos de carreira, a australiana se aventurou nos mais diversos gêneros e, embora preservasse suas raízes no Pop, nunca falhou em entregar trabalhos verdadeiramente espetaculares, seja pela música, pela identidade visual ou pelas turnês excepcionais. Nos anos noventa, em especial, a artista fez de tudo: desde o pop alternativo e misterioso de Confide in Me ao memorável álbum Fever, que a cataptultou a um status ainda mais elevado graças ao sucesso da clássica Can’t Get You Out of My Head, dona de um dos refrões mais chicletes da história do gênero. Mas em seu décimo sexto disco, Minogue recolhe todas as digitais que ficaram em álbuns anteriores e as expõe ao mundo sob nova roupagem com maior maturidade e glamour, o que fica nítido em Hold On To Now, Hands e Green Light — que conta com um saxofone extasiante.

E é evidente que Kylie, ao lado de Cutfather, Duck Blackwell, Oliver Heldens, PhD e outros, agradou ao público, já que, há pouco, dominou as paradas de diversos países da Europa, onde sua popularidade sempre foi avassaladora. Diferente de outros nomes já consagrados do pop, Minogue não permite que os longos anos de indústria podem sua criatividade e, como uma das melhores showgirls que o mundo já viu, continua a angariar admiradores para assistí-la triunfar. — Victor Rufino

Nota: 8
Melhores faixas: Hold On To Now, Things We Do For Love e 10 Out of 10

Slayyyter: STARFUCKER
pop; hyperpop — 22 de setembro

Sem qualquer pudor, o terceiro álbum de Slayyyter abusa do Electropop e da identidade visual da artista para replicar sons e narrativas típicas das duas décadas passadas. Com paparazzi, listas VIP, cocaína e até mesmo seios siliconados, STARFUCKER é ridículo, mas no melhor sentido possível. Em seu novo disco, a cantora presta homenagens nada sutis a artistas e sons típicos de uma época em que as rádios ainda eram mais influentes que a internet e, no melhor estilo The Fame Monster, de Lady Gaga, a abertura com a frenética I Love Hollywood! define o tom de um álbum dominado por extravagâncias.

STARFUCKER tem de tudo: enquanto Memories of You passaria como um grande sucesso de qualquer edição do nostálgico Summer Eletrohits, momentos de completa luxúria e carisma como Erotic Electronic mostram que Slayyyter consegue oferecer originalidade mesmo quando referencia sons já clássicos do gênero. Cronicamente online e idolatrada por seus fãs como a “única salvação possível para a música pop”, a cantora parece viver tanto no presente quanto no passado, quando conjuntos esportivos, bronzeamento artificial e Paris Hilton dominavam a cultura pop.

Como um dos expoentes da chamada PC Music, Slayyyter não tem medo de cometer exageros e, se muito, entende que estes fazem parte de seu estrelato. Dividindo espaço com as deliciosamente desequilibradas Plastic e Purrr, as efervescentes Out of Time e Erotic Electronic impressionam pelas produções dançantes e criam duas das faixas pop mais viciantes do ano. — João Victor Mothé

Nota: 7.4
Melhores faixas: Rhinestone Heart, Out of Time e Erotic Electronic
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joaomothe@moodgate.com.br

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