Moods de novembro: PinkPantheress, Angra, Olivia Rodrigo, Jungkook, Red Velvet, Spiritbox e The Struts | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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Moods de novembro: PinkPantheress, Angra, Olivia Rodrigo, Jungkook, Red Velvet, Spiritbox e The Struts

Com novos álbuns sendo anunciados todos os dias, é fácil se perder nos lançamentos do mês e deixar aquele disco especial passar despercebido. É por isso que, todos os meses, a curadoria da Moodgate seleciona um conjunto de projetos que, na nossa opinião, merecem uma chance — seja pela relevância ou pela qualidade do conteúdo. Com um formato de resenhas mais curtas do que as dos reviews tradicionais, os Moods do mês trazem, além das das avaliações e das notas, as faixas que nossos redatores mais gostaram.

Além dos discos de Spiritbox, The Struts, Angra, Jungkook, PinkPantheress, Red Velvet e Olivia Rodrigo aqui listados, artistas como Kevin Abstract, Sabrina Carpenter, Jessica, Niall Horan, The Kid LAROI, Aly & AJ, Dolly Parton, ENHYPEN e Tim McGraw também lançaram novos álbuns.

Jungkook: GOLDEN
pop — 3 de novembro

Amparados por um fandom tão descomunal quanto dediado, é difícil imaginar as carreiras individuais de qualquer um dos integrantes do BTS não atingindo bons resultados comerciais. A lógica é especialmente verdadeira no caso de Jungkook, o membro mais novo do boygroup, que, com um hit no topo da principal parada musical do mundo e outras duas faixas no top cinco, cativa pelo carisma inquestionável de um veterano nos palcos. Em seu álbum de estreia, o cantor distancia-se da tradicional castidade normativa aos idols sul-coreanos e, ambicioso, constroí sua identidade artística à imagem de outros nomes Pop conhecidos por suas performances energéticas, como Bieber e Timberlake, com quem Jungkook partilha não só o histórico de pertencer a uma boyband poderosa, mas também um remix de 3D, uma das faixas menos esquecíveis de GOLDEN.

A experiência completa do disco soa como um passeio pelo potencial subaproveitado de uma estrela que, quando encontra o conforto de uma boa produção e não é freada pela mais absoluta convencionalidade, brilha além das expectativas. Ainda assim, para cada acerto, GOLDEN faz questão de torturar seu ouvinte com faixas insípidas e destituídas de qualquer personalidade ou propósito: na mesma proporção em que a instrumentação carregada e envolvente de Standing Next to You convence graças ao domínio e boa performance (tanto em estúdio quanto ao vivo) de Jungkook, o Tropical House penoso de Please Don’t Change seria, com um pouco mais de mau gosto, genérica o suficiente para figurar na tracklist de um disco do The Chainsmokers. Simultaneamente, enquanto a parceria com Latto em Seven cumpre seu papel como um single Pop grudento e a versão original de 3D com Jack Harlow parece menos redundante na ausência de Timberlake, toda a segunda metade do projeto é desnecessariamente desinteressante.

Embora trate-se de sua primeira incursão oficial no mercado estadunidense, Jungkook não resiste e, em GOLDEN, sucumbe à infeliz tendência que impera em inúmeros discos de K-Pop e inclui, como parada obrigatória, uma balada sem graça na forma de Hate You, que, não fosse por sua genérica antecessora, se encarregaria por inaugurar uma metade completamente apática do álbum. Sem exceções, a segunda metade do projeto falha não só em acompanhar os bons momentos de sua primeira parcela, mas reduz ainda mais o valor da experiência de GOLDEN como um todo. — João Victor Mothé

Nota: 6.6
Melhores faixas: Standing Next to You e Yes or No

Angra: Cycles of Pain
metal; metal progressivo — 3 de novembro

Mesmo contando com apenas um integrante de sua formação clássico, o guitarrista e membro-fundador Rafael Bittencourt, o Angra continua sendo uma das maiores representantes do Metal brasileiro, e provou isso mais uma vez no seu recente décimo álbum de inéditas, Cycles of Pain – o melhor entre os três trabalhos do grupo que contam com o italiano Fábio Lione à frente dos vocais.

Como sempre acontece nos álbuns do Angra, independente da formação, em Cycles of Pain o virtuosismo absurdo dos integrantes da banda fica escancarado em cada uma das faixas de forma comparável ao que acontece nos trabalhos de grupos do calibre do Dream Theater (que, assim como o Angra, é uma espécie de orquestra formada por instrumentos elétricos), por exemplo. Além dos músicos Fábio Lione, Rafael Bittencourt, Felipe Andreolli, Marcelo Barbosa e Bruno Valverde, o álbum ainda conta com as participações femininas de Vanessa Moreno e Amanda Somerville, que também proporcionam ótimos momentos: Vanessa participa de Tide of Changes- Part II e Here in The Now, que possui duas versões, sendo uma delas com a cantora de MPB nos vocais principais, enquanto Amanda divide os vocais com Lione em Tears of Blood.

Na versão deluxe de Cycles of Pain, também há a participação de Kiko Loureiro, ex-guitarrista do Angra e do Megadeth, em uma versão acelerada de Tears of Blood, que também conta com os vocais de Fernanda Lira. Porém, é em Vida Seca, colaboração bilíngue com Lenine, que o álbum atinge seu ápice: embora a participação de Lenine seja curta, o cantor pernambucano consegue injetar uma atmosfera brasileira que dá um tempero especial à faixa, e a diferencia das demais, ao mesmo tempo que prepara o cenário para a chegada dos vocais de Lione, que tornam a canção um dos melhores duetos do ano de 2023. Felizmente, o Angra continua entregando grandes trabalhos! – Lucas Couto

Nota: 7.5
Melhores faixas: Vida Seca, Cycles of Pain e Tide of Changes — Part II

Spiritbox: The Fear of Fear (EP)
metalcore — 3 de novembro

Uma das maiores revelações da cena do Metalcore, a banda Spiritbox vem sido relevante para o mundo música desde o seu álbum de estreia Eternal Blue, lançado em 2021. No EP The Fear of Fear, o quarteto constrói um cenário com novas referências, sonoridades e beirando quase a perfeição. Não por acaso, o alcance do novo trabalho superou expectativas comerciais e alcançou o top 15 da Billboard.

Iniciando com Cellar Door, Spiritbox sintetiza elementos do passado da banda com visceralidade em cada detalhe da composição. A música de ouro do The Fear of Fear, entretanto, é Jaded, nomeada para o Grammy na categoria Melhor Performance de Metal ao lado de gigantes como Metallica. A produção conta uma sonoridade um pouco mais pop e eleva a exploração de timbres, efeitos e linhas vocais que tornam o single completamente inovador, relevante e facilmente palatável. Jaded insere, novamente, o grupo em novos patamares e os mapeia no radar do mundo da música, independente do gênero. As músicas Too Close / Too Late e Ultraviolet demonstram ser as ambiências mais angelicais e pop que podem alcançar novos ouvintes de outras esferas, aproximando-os da banda. Angel Eyes, por outro lado, conta com a essência mais pura do estilo com bastante intensidade, timbres pesados e marcantes que provam o motivo do Spiritbox ser uma grande referência no gênero nos últimos anos. E um ponto de equilíbrio é a música The Void que busca ter os elementos pop nos detalhes, a voz limpa da Courtney e a guitarra riffada proporcionando uma sonoridade que seria como mais um hino do quarteto.

Com mais uma obra relevante, tanto no gênero como no universo da música, o Spiritbox se consagra através da inovação, experimentação e estética. Após anos sem tanta relevância no mercado geral, a banda consegue manter a essência do Metalcore mesmo se modernizando e adicionando, por meio das experimentações, elementos de gêneros distintos. Outro componente importante do apelo do quarteto é Courtney, a talentosa vocalista, ser um figura de representatividade dentro de um nicho tipicamente dominado por homens. O alcance vocal para sua intensa visceralidade dos berros e a amplitude para as projeções limpas e angelicais que elevam a música em outros patamares. Todos os integrantes fazem a composição correta para que se tenha entrega magnífica de cada composição, desde os timbres criados pelo guitarrista Mike Stringer, a bateria poderosa e fora da curva do Zev Rose e o preenchimento do baixista Josh Gilbert. — Caio Bandeira

Nota: 8
Melhores faixas: Jaded, The Void e Cellar Door

The Struts: Pretty Vicious
glam rock; rock alternativo — 3 de novembro

Em 2022, o single Fallin’ with Me sinalizou que, em seu quarto álbum de estúdio, o The Struts retomaria o alto nível de qualidade observado em seus dois primeiros trabalhos, o Everybody Wants, de 2016 e o YOUNG&DANGEROUS, de 2018… e foi exatamente o que aconteceu no recente Pretty Vicious , que, apesar de não ter incluído Fallin’ with Me entre as suas onze faixas, trouxe várias canções inéditas que devem se tornar favoritas do público – como as sensacionais Too Good at Raising Hell, I Won’t Run, Pretty Vicious, Do What You Want, Remember The Name e Rockstar. Além disso, também há espaço para um ótimo cover da canção Irene Wilde, de Ian Hunter – aqui, renomeada como Somebody Someday.

Se no esquecível Strange Days, de 2020, o The Struts não conseguiu acertar a mão em sua mistura de rock clássico com elementos modernos e soou bastante apagado e genérico, ora por deixar de lado seu lado glam, e ora por apresentar um rock sem identidade, Pretty Vicious se assemelha aos dois primeiros álbuns do grupo, por acertar em cheio no equilíbrio entre o moderno e o retrô, e demonstrar uma banda diferenciada e com personalidade. Praticamente todas as canções presentes neste novo trabalho conseguem bater qualquer uma das faixas autorais de Strange Days — as duas exceções talvez sejam Bad Decisions e Gimme Some Blood, que destoam um pouco das demais músicas do Pretty Vicious, embora não cheguem a ser ruins.

Dizer que o novo álbum conseguiu ser superior a Everybody Wants e YOUNG&DANGEROUS, porém, é algo questionável. Mas ele, com certeza, acrescenta muito à discografia do The Struts por ser, até agora, o disco que possui a maior quantidade de potenciais clássicos da banda. Além disso, Pretty Vicious reafirma o posto do grupo inglês entre os melhores nomes jovens que vêm mantendo a chama do rock acesa na atualidade. – Lucas Couto

Nota: 8.5
Melhores faixas: Too Good at Raising Hell, Do What You Want e I Won’t Run

PinkPantheress: Heaven knows
pop alternativo; garage — 10 de novembro

Apesar do sucesso estrondoso de Boy’s a liar Pt. 2, sua colaboração com a rapper Ice Spice, o alcance de PinkPantheress no mainstream ainda é relativamente modesto. Por vezes, sua audiência parece ser composta exclusivamente por usuários ativos do chamado stan Twitter, e suas faixas curtas e pegajosas se enquadram, intencionalmente ou não, na fórmula perfeita para viralizar no TikTok. A plataforma, aliás, vem consistentemente impulsionando os beats auto-produzidos da britânica desde seu primeiro álbum, to hell with it, de 2021, que se encarregou de distingui-la suas contemporâneas graças à sua assinatura sonora peculiar influenciada pelo UK Garage e até mesmo pelo K-Pop da década retrasada.

Heaven knows, por sua vez, ainda é, como esperado, dominado por todas as características que definem o fenômeno PinkPantheress. As batidas sincopadas de quatro por quatro, samples abreviados e ritmos acelerados definem o tom de um disco frenético, adocicado e frenético. Aos vinte e dois anos, a cantora e produtora não meramente reproduz, mas lidera e impulsiona tendências sonoras que, ao mesmo tempo em que soam perfeitamente podadas para a era dos hits-virais-rápidos-demais, são originais e emanam muita personalidade. É o caso da agitada Mosquito, que pareia os vocais açucarados da britânica com escolhas de produção acertadas para criar um dos destaques de um álbum já repleto de boas músicas.

Apesar da versatilidade demonstrada nos contrastes líricos e sonoros entre faixas como Ophelia e Feelings, são as anti climáticas colaborações do Heaven knows que, por diferentes razões, minam o potencial do disco que, até então, apresenta as canções mais bem escritas do catálogo de PinkPantheress. Os versos de Rema e CentralCee em Another life e Nice to meet you não oferecem nada além de letras supostamente cômicas e a dinâmica vocal entre os intérpretes e a britânica é desconexa. Felizmente, nada disso é o suficiente para tornar a experiência do Heaven knows menos empolgante, em muito amplificada pelo carisma de músicas como Feel complete e True romance. — João Victor Mothé

Nota: 8.5
Melhores faixas: Mosquito, Feel complete e Feelings

Red Velvet: Chill Kill
k-pop; r&b contemporâneo — 13 de novembro

Por mais objetivamente comercial e manufaturada que a indústria do K-Pop possa ser, o quinteto Red Velvet é frequentemente referenciado por seus admiradores como um ato fora da curva. Apesar da videografia deslumbrante, é a versatilidade do Red Velvet que se responsabiliza por cativar tantos ouvintes e torná-lo um dos grupos femininos mais bem sucedidos do gênero. Em geral, seus lançamentos seguem duas propostas conceituais distintas, ora afinando-se a um pop vibrante e repetitivo que designa o lado “Red”, ora adotando uma estética mais obscura com sonoridade R&B, o lado “Velvet”. Chill Kill, o terceiro LP completo do girlgroup, é melhor representado pela sofisticação da segunda faceta graças aos visuais impressionantes e a falta de faixas tão coloridas quanto os hits animados mais populares da banda, como Russian Roulette e Red Taste.

Apesar de encapsular a identidade do grupo com coros no refrão e passagens semiaceleradas, Chill Kill é, assim como os últimos singles do Red Velvet, Feel My Rythm e Birthday, pouco cativante em comparação ao passado glorioso do grupo, cujo firme direcionamento artístico ainda, felizmente, lhes proporciona álbuns coesos e com poucos descartes para os padrões do K-Pop. A sinuosa Knock Knock (Who’s There?) e a convidativa Underwater, que sucedem a faixa título na tracklist, ajudam a definir o tom R&B do projeto com primor e originalidade. A primeira, aliás, referencia o tema clássico d’O Quebra Nozes, de Tchaikovisky, acrescendo-o com a personalidade carismática e assinatura divertida do quinteto.

A coerência irrefutável do Chill Kill não é, entretanto, o suficiente para isolá-lo de deméritos relativos. Canções como Nightmare e Wings se beneficiam do notável talento vocal do Red Velvet para se sustentar, mas passam batidas na experiência geral do disco. Em seu passado, inúmeras foram as baladas lentas que o girlgroup conseguiu aprimorar ao ponto de torná-las clássicos em sua discografia, e, embora nenhuma das canções do novo álbum sejam verdadeiramente ruins, dificilmente convocam revisitações. — Marcella Fronterota

Nota: 7.3
Melhores faixas: Knock Knock (Who’s There?), One Kiss e Underwater

Olivia Rodrigo: The Secret Tracks
pop — 26 de novembro

Desde que Olivia Rodrigo mostrou ao mundo seu álbum SOUR (2021) até o lançamento subsequente de GUTS (2023), uma coisa ficou explícita: a cantora não só havia escolhido uma audiência muito bem demarcada para se identificar com suas músicas, mas também se desprenderia de amarras mais comuns ao pop adolescente para tornar seu som nostálgico a uma primeira ouvida. Ao lançar quatro canções bônus nas versões de vinil do disco de 2023, ela reafirma isso de diferentes maneiras.

Como muito do que ela produz, obsessed mostra um potencial instantâneo de se tornar um clássico no Tik Tok, com uma roupagem rock ‘n roll, que dá o toque ideal de rebeldia a uma patricinha que sempre teve tudo o que quer na hora que quer. Com sua maneira invocada e sarcástica de rir das próprias desgraças adolescentes, Olivia é aquela menina do colégio que, com uma bela voz e um violão afinado, consegue entrar no papel de antagonista da garota mais popular do colégio — mesmo que, no fundo, não seja. Com seu ciúme típico de idades mais tenras, quando ainda somos imaturos e nossos relacionamentos começam a moldar nossa maneira de nos relacionar, Olivia presenteia seus fãs com mais três músicas na voz e violão: scared of my guitar, stranger e girl i’ve always been, que não conseguem inovar dentro do oliviaverso, mas que com certeza cumprem o propósito de faixas extras: encantar os fãs e dar um gostinho de novidade.

O tom nostálgico, como comentado anteriormente, deve ser o principal chamariz para que até mesmo quem já se encontra com mais de 21 anos continue aproveitando o que Rodrigo tem a oferecer como artista: ouvi-la é como entrar em uma máquina do tempo para voltar a uma época em que os maiores problemas do mundo eram um crush não correspondido ou um namoradinho que te trocou por uma colega de classe menos interessante. — Helena Sbrissia

Nota: 6.7
Melhores faixas: obsessed
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