KISS se despede dos palcos com toda a grandiosidade e ganância que lhes são características
Sábado (02) foi um dia histórico para a música: após 50 anos de estrada, o KISS encerrou oficialmente suas atividades com um show protocolar, porém grandioso, no Madison Square Garden, em Nova York. A despedida foi transmitida globalmente, através de um sistema pay-per-view online.
Quem esperava convidados, ou ao menos que o último show tivesse uma setlist especial, ficou apenas na vontade: o repertório seguiu à risca o que vinha sendo apresentado na turnê de despedida, que passou pelo Brasil em 2022 e no começo deste ano. Além disso, apesar de alguns rumores, a noite não contou com as participações dos ex-integrantes Peter Criss e Ace Frehley – que, em 1973, fundaram o KISS ao lado de Paul Stanley e Gene Simmons.
Mesmo assim, o atual quarteto contou com toda a sua estrutura de palco grandiosa e também com suas performances teatrais características que, ao longo dos anos, ajudaram a redefinir todos os conceitos de como se deve fazer um show musical. Pela última vez, Gene Simmons cuspiu fogo e sangue e Paul Stanley andou de tirolesa em cima do público e quebrou uma guitarra no encerramento do show… nada que eles já não tivessem feito milhares de vezes anteriormente, mas não deixa de ser memorável para todo o público que estava presenciando aquilo pela primeira vez.
Como é tradição, o espetáculo terminou com o hino Rock and Roll All Nite. Logo em seguida, entretanto, veio o anúncio anticlimático de que os shows do KISS irão ‘’continuar acontecendo’’ através de avatares virtuais que irão ‘’eternizar o grupo’’. A ‘’nova fase da banda’’ será inspirada no show de hologramas ABBA Voyage, e foi batizada de KISS New Era. Mas, obviamente, ninguém comprou a ideia — que virou piada na internet, por ser algo tão bizarro quanto exibir vídeos do jogo The Beatles Rock Band em um telão e chamar de “A volta do quarteto de Liverpool”.
A fixação que os membros do KISS (especialmente Gene) têm em ganhar dinheiro não ficou de lado nem na hora de se despedir com dignidade. Essa ganância já é, há tempos, conhecida pelo público, mas nem mesmo o fã mais consciente disso esperava uma ideia tão absurda.
Sem dúvida alguma, o KISS vai fazer muita falta. Mas, ao mesmo tempo que a noite de sábado confirmou a inegável potência da banda ao vivo, ela também confirmou o quanto as coisas sempre giraram em torno de dinheiro para Gene Simmons e cia.