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Confirmada para o Lollapalooza, a Titãs Encontro já é a maior turnê de reunião da história do rock brasileiro

Ao longo da história do Rock nacional, já vimos bandas como RPM, Planet Hemp, NX Zero, Restart, Ira! e Los Hermanos encerrarem suas atividades e, anos depois, voltarem para, ao menos, uma última turnê com suas respectivas formações clássicas. Todas as reuniões citadas foram muito bem-sucedidas, mas nenhuma delas foi um colosso nas mesmas proporções da turnê Titãs Encontro.

Desde abril do ano passado, os Titãs Nando Reis, Arnaldo Antunes, Paulo Miklos, Branco Mello, Tony Belloto, Sérgio Britto e Charles Gavin vêm excursionando juntos pela primeira vez em mais de 30 anos. A turnê seria, inicialmente, composta por apenas dez shows, mas a qualidade do espetáculo e o sucesso de público foram tão estrondosos que as dez apresentações se tornaram mais de 40.

Os shows aconteceram apenas em arenas e estádios gigantes, e todos eles foram lotados. Em São Paulo (cidade de origem dos Titãs), por exemplo, o septeto conseguiu a impressionante façanha de se tornar o primeiro nome da música brasileira a fazer seis shows-solo no Allianz Parque com ingressos esgotados. Só nessas seis apresentações, o grupo reuniu um total de mais de 300 mil pessoas, e a estimativa é de que, ao final de 2023, a turnê tenha sido assistida por quase 1 milhão de pagantes.

É bem compreensível o porquê do sucesso desse reencontro: várias gerações de fãs nunca haviam assistido ao vivo a essa formação icônica dos Titãs antes, e os que já haviam assistido sentiam muitas saudades dela. Quando a banda surgiu, nos anos de 1980, ela chamou atenção não apenas por suas canções que transitam da MPB ao Punk Rock, mas também pela proposta inusitada de ser um conjunto composto por 8 integrantes (entre eles, 5 vocalistas) com personalidades totalmente diferentes. Porém, a partir da saída de Arnaldo, em 1992, o grupo começou a se descaracterizar pouco a pouco: em 2001, houve a morte do co-guitarrista Marcelo Fromer e, nos anos seguintes, vieram as saídas de Nando, Charles e Paulo – em 2002, 2010 e 2016, respectivamente. Durante os sete anos que antecederam a turnê Titãs-Encontro, a banda vinha se apresentando com apenas três de seus integrantes clássicos.

Mesmo com as cinco baixas, Branco Mello, Sérgio Britto e Tony Bellotto nunca pararam de fazer shows utilizando o nome ‘’Titãs’’, e chegaram até a lançar os recentes álbuns de inéditas Doze Flores Amarelas (2018) e Olho Furta-Cor (2022), que contaram com as participações de Beto Lee (Guitarra) e Mário Fabre (Bateria). Porém, a formação clássica do grupo nunca deixou de fazer muita falta.

Em 2012, o septeto chegou a fazer um único show de reunião, em São Paulo, para celebrar os 30 anos da banda. A apresentação aconteceu no Espaço das Américas e deixou os fãs ávidos por uma turnê, mas ela foi acontecer apenas agora, em 2023 e em 2024.

A estrutura grandiosa dos shows da Titãs-Encontro chama a atenção de qualquer um, e é de dar inveja a muitos nomes da música internacional. Porém, ainda mais notáveis do que isso são os enormes sorrisos nos rostos de cada um dos músicos presentes no palco, e as interações entre os sete velhos amigos que estão se reunindo. O clima de diversão e amizade presente a cada apresentação é nítido para o público, e vem refletindo na qualidade da turnê.

No show, a banda ainda homenageia Marcelo Fromer ao receber, durante as músicas Toda Cor e Não Vou Me Adaptar, a cantora Alice Fromer, filha do falecido guitarrista e único Titã clássico ausente na turnê. Quem exerce a função de Marcelo nas apresentações, por sua vez, é o produtor Liminha – figura importantíssima na trajetória dos Titãs, por ter produzido alguns dos álbuns mais aclamados da banda, como o Cabeça Dinossauro (1986) e o Acústico MTV (1997).

A turnê contempla todos os álbuns lançados pela banda de 1984 a 2001 (deixando de lado os trabalhos que não contaram com nenhuma participação de Fromer ou Nando). Clássicos como Epitáfio, O Pulso, Sonífera Ilha, Marvin, Pra Dizer Adeus e Bichos Escrotos estão presentes no repertório de todos os shows, assim como alguns lados B – a exemplo de Miséria, Nome aos Bois, Estado Violência e Igreja.

Um dos momentos mais emocionantes de cada apresentação acontece quando Branco Mello assume os vocais principais. O músico – que, recentemente, teve que remover metade de sua laringe para se livrar de um tumor – leva muitos espectadores às lágrimas ao cantar quatro músicas no show, mesmo com a voz muito rouca.  ‘’Estou vivo, me divertindo, falando e ainda vou cantar para vocês’’, diz Branco em todos os shows da turnê, celebrando a vida.

Aliás, é disso que se trata essa turnê de reunião: uma celebração à vida e ao fato de que sete dos Titãs clássicos continuam aqui, conosco. Esse reencontro era um sonho antigo dos fãs, e o fato dela estar finalmente acontecendo é uma das melhores coisas que já ocorreram na história, não apenas do rock nacional, mas também da música brasileira, em geral.

A agenda da Titãs-Encontro ainda conta com uma última data: no dia 23 de março, a banda se apresentará no festival Lollapalooza, figurando ao lado de Kings of Leon e Limp Bizkit como uma das três atrações principais da noite. Depois disso, Arnaldo, Paulo, Nando e Charles voltarão a se concentrar apenas em suas respectivas carreiras individuais, enquanto Branco, Sérgio e Tony seguirão fazendo shows com o nome do grupo, mas em formato de quinteto (ao lado de Beto Lee e Mário Fabre).

Por isso, o show da banda no Lollapalooza 2024 é, simplesmente, um dos mais imperdíveis da programação do evento. Será, provavelmente, a última chance de assistir aos sete membros clássicos do grupo juntos no mesmo palco e conferir toda a essência de um show dos Titãs. Com certeza, será um momento antológico para a música nacional, e também a consagração de uma turnê que já entrou para a história, como uma das maiores já feitas por artistas brasileiros.

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