O impacto da I Wanna Be Tour na cena musical brasileira
O festival I Wanna Be Tour, organizado pela 30e, terá sua primeira edição em março de 2024, passando por cinco cidades e contando com 12 atrações em seu line-up.
Dentre as localidades que irão receber o festival, estão elas: São Paulo (02/03), Curitiba (03/03), Recife (06/03), Rio de Janeiro (09/03) e Belo Horizonte (10/03).
As bandas e artistas que agitarão essas cidades pertencem a cena emo, nacional e internacional. Dentre eles, Simple Plan, A Day To Remember, The All American Rejects, All Time Low, The Used, Asking Alexandria, Boys Like Girls, Mayday Parade e Plain White T’s vão desembarcar no Brasil para compor o festival. Representando o cenário nacional, o evento contará com Nx Zero, Pitty e Fresno.
Diante disso, é importante considerar que é a primeira vez que há um festival voltando para a música emo no Brasil. Atualmente, vemos diversos festivais dando maior visibilidade para bandas voltadas para esse gênero, ou, até mesmo, festivais compostos apenas por bandas desse gênero. No entanto, nem sempre foi assim, visto que o alternativo – em geral – demorou para conquistar seu espaço em festivais grandes e locais pelo mundo todo.
Por isso, chegamos ao ponto: Qual a importância do I Wanna Be Tour no Brasil? A Moodgate te explica com detalhes. Confira:
O emo no Brasil afora
Pelo mundo, os festivais têm dado cada vez mais lugar e visibilidade para bandas emos e alternativas em sua lineup. O lançamento do We When Were Young, evento que reúne diversas bandas desse cenário desde 2017, em Las Vegas, Califórnia, foi um grande marco para acelerarem essa mudança e espaço merecido para esse gênero musical. Visto isso, no Brasil, o emo se mostra predominante cada vez mais em festivais pela grande São Paulo e Rio de Janeiro.
Na edição de 2023, o Lollapalooza trouxe Hot Milk, Pitty, Rise Against e Yungblud para o festival. Durante os outros anos, Bring Me The Horizon, The Fever 333, Fresno, Three Days Grace, Alexionfire, A Day To Remember, Idles, Turnstile e Machine Gun Kelly, por exemplo, passaram pelas edições do Lolla. A visibilidade do gênero foi se mostrando mais forte conforme as edições mais recentes, de 2019 para frente.
Em 2024, o Lollapalooza abriu seu leque ainda mais para o alternativo. Blink-182, Paramore, Limp Bizkit, Thirty Seconds To Mars, Pierce The Veil, Nothing But Thieves e Day Limns vão compor o festival.
Indo um pouco além, o Rock in Rio começou a dar mais espaço para bandas emo em 2022, edição que contou com Green Day, Avril Lavigne, Fall Out Boy, Di Ferrero e Fresno em cena no mesmo dia (9 de setembro). Anteriormente, bandas do gênero permutavam entre atrações do rock e não tinham exclusividade como aconteceu em 2022. Korn (edição de 2016), Thirty Seconds To Mars (edição de 2017) e Panic! At The Disco (edição de 2019) foram algumas das bandas que marcaram presença no festival nos outros anos, por exemplo.
Além desses, o Knotfest, evento criado pela banda Slipknot, e o Summer Breeze, festival de origem alemã, tiveram sua primeira edição no Brasil em 2022 e 2023, respectivamente. Ambos trouxeram a exclusividade ao emo e metal em suas lineups, o que, também, já foi um grande passo.
Festivais locais do gênero também estão cada vez mais fortes pelo país. Oxigênio, Polifonia e Rock Session são apenas alguns deles. Sem contar com as reuniões de bandas nacionais que representam grande parte da cena local. Como exemplo, há o NX Zero, que fechou o Allianz Parque por dois dias com sold-out, contando artistas alternativos para sua abertura, a banda Cine, que foi headliner do Festival Replay, e o Forfun, que tem turnê marcada pelo país em 2024.
A importância da I Wanna Be Tour
A I Wanna Be Tour é um marco importante para o Brasil, considerando o público levado para os festivais locais e mundiais no país, em razão de atrações voltadas para o gênero. Diante disso, vale mencionar que o Knotfest inaugurou sua edição de 2022 com um público de 45 mil pessoas; já o Summer Breeze contou com um público de 15 mil pessoas em cada dia, sendo no total, três de evento. A procura para festivais desse nicho está grande, para um gênero que se dizia morto. A frase emo is not dead foi dita incontáveis vezes bolha afora – até porque a bolha sempre soube que o emo nunca morreu – para lembrarem do lugar do movimento e das bandas presentes nele dentro de festivais, premiações e no cenário musical em si.
Antes do Blink-182 cancelar sua apresentação no Lollapalooza 2023, o dia em que a banda estaria presente (sábado) foi esgotado devido, principalmente, a vinda tão esperada da banda ao Brasil. Foi o primeiro sold-out do festival desde 2018. Isso mostra o peso do Blink ainda hoje no cenário alternativo e fora dele, afinal, gerações foram marcadas pelos clipes transmitidos pela MTV Hits e, com certeza, elas se lembram de I Miss You, What’s My Age Again? e All The Small Things presentes na maioria das edições dos anos 2000. Tanto é que a banda está presente na edição de 2024 do Lollapalooza, acompanhada de uma leva de atrações da cena emo com ela. Limp Bizkit, Paramore e Pierce The Veil têm uma relevância consiste e firme neste cenário.
Dessa forma, o I Wanna Be Tour consolida a força desse cenário no Brasil. O We When Were Young trouxe um exemplo de como construir essa exclusividade e como ela funciona para um festival voltado ao estilo musical. Então, porque não funcionaria, também, no Brasil? Ainda mais depois de tantos números, públicos e os incansáveis come to brazil.
O sold-out do IWBT de São Paulo reafirma isso. E, por outro lado, a inclusão de outras cidades, além das frequentes receptoras de shows (São Paulo e Rio de Janeiro) mostra que os fãs do emo têm brigado pelo seu espaço para isso acontecer.
Assim, o festival pode ser visto apenas como um começo de algo que já se mostrou muito maior durante anos e, sem dúvidas, não vai parar. Não há mais o que provar e nem é preciso, o emo sempre esteve vivo.