Dos programas de auditório ao Slipknot: A jornada de Eloy Casagrande | Moodgate
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Dos programas de auditório ao Slipknot: A jornada de Eloy Casagrande

Ao entrar no Slipknot, o baterista paulista Eloy Casagrande (33) fez história e encheu os brasileiros de orgulho e inspiração. Graças ao seu virtuosismo fora da curva, ele agora faz parte de uma lista muito seleta de músicos nacionais que conseguiram ingressar em grandes bandas estrangeiras como membros oficiais. Essa conquista, porém, veio como consequência de muita dedicação: desde que ganhou seu primeiro kit de bateria (aos sete anos de idade), o músico estuda de maneira quase que obsessiva, com o eterno objetivo de se aprofundar cada vez mais a respeito do instrumento.

O primeiro kit de Eloy foi uma bateria infantil, mas, aos oito anos, ele ganhou uma bateria profissional e passou a frequentar aulas de música. Por muitos anos, durante a infância e adolescência, ele chegou a ter aulas com Aquiles Priester (um dos bateristas mais aclamados do Brasil, devido ao seu trabalho em bandas como Angra, Primal Fear e Hangar).

Durante o seu período de iniciação musical, Eloy se dedicava apenas a tocar gêneros tradicionalmente brasileiros, como o Samba e o Baião. Porém, aos 12 anos de idade, ele mudou de foco, ao se apaixonar pelo Rock e pelo Metal.

O talento do baterista chamava atenção desde cedo. Tanto que, em 2003, aos 12 anos, ele foi a programas de auditório como o Domingão do Faustão (onde venceu 10 mil reais no quadro ‘’Se Vira nos 30’’) e o É Show, para demonstrar sua habilidade, tanto na bateria convencional quanto em uma mini-bateria eletrônica. Eloy impressionou tanto que acabou retornando ao Domingão do Faustão em 2004, 2005, 2007 e 2009, para participar de outros quadros.

No começo de 2004, Eloy venceu um concurso de bateristas sub-12, dentro do Batuka International Drummer Fest. No ano seguinte, com apenas 14 anos, ele venceu um concurso mundial de bateristas desconhecidos promovido pela revista americana Modern Drummer. Devido a essa segunda vitória, Eloy foi chamado para tocar no Modern Drummer Festival e se apresentou no mesmo palco de lendas da bateria, como Ian Paice (Deep Purple), Danny Carey (TOOL) e Chad Smith (Red Hot Chili Peppers).

Após essa vitória, o músico se profissionalizou: em 2005, ele fez apresentações e workshops de bateria em várias cidades dos Estados Unidos e, no mesmo ano, entrou para a banda de metal Mr. Ego. Entretanto, a grande virada na sua carreira foi em 2007 – quando, aos 16 anos de idade, ele foi convidado para integrar a banda solo de um dos maiores expoentes do metal nacional: o hoje falecido André Matos (conhecido por ter sido o vocalista original do Angra, do Viper e do Shaman).

De 2007 a 2011, Eloy fez vários shows como músico contratado de André Matos e chegou a gravar a bateria do álbum Mentalize (2009). Porém, como o vocalista mantinha diferentes projetos em paralelo à sua carreira solo, Eloy resolveu participar, também, de outras bandas: de 2007 a 2010, ele tocou na banda de rock cristã Iahweh, na banda de pop rock 2ois e na banda de metal Aclla. Entretanto, foi apenas ao assumir as baquetas no Glória, em 2011, que o músico conquistou uma visibilidade midiática maior.

Os membros do Gloria tietando o vocalista Corey Taylor, do Slipknot, nos bastidores do Rock in Rio de 2011. Esse foi o primeiro encontro de Eloy com seu atual colega de banda. (Foto: Luringa)

Naquela época, o Glória era um dos grupos que estavam mais em evidência dentro do cenário do Rock nacional, e isso culminou na escalação da banda como uma das atrações do chamado ‘’Dia do Metal’’ do Rock in Rio de 2011, tocando na mesma noite em que se apresentariam gigantes como Metallica, Motorhead, Sepultura e Slipknot (mal sabia Eloy que, nos anos seguintes, ele integraria duas dessas bandas). A mistura de metal com emocore promovida nas músicas autorais do Glória não agradou a maior parte do público presente no festival, mas o grupo conseguiu interromper as vaias quando tocou covers do Pantera e (principalmente) quando deu espaço para um solo de bateria arrasador de Eloy, que deixou até mesmo os maiores haters da banda de queixo caído, resultando em uma reverência unânime da plateia ao músico.

O desempenho de Eloy no Rock in Rio foi transmitido para o país inteiro e chamou a atenção da equipe do Sepultura, que procurava um novo baterista para substituir Jean Dolabella . Assim, poucas semanas depois do show no festival carioca, ele foi chamado para fazer teste para integrar a maior banda de metal do Brasil e (como era de se esperar) passou. Com isso, ele acabou deixando o Glória (e todas as outras bandas que ele fazia parte), mas, antes de sair, gravou a bateria do álbum (Re) Nascido (2012).

A enorme visibilidade internacional que o Sepultura possui gerou aclamação a nível mundial para Eloy. Com apenas 20 anos de idade, ele passou a ser amplamente reconhecido como o melhor baterista do Brasil e, também, como um dos melhores do mundo. O ápice desse reconhecimento veio quando, em 2021, ele foi eleito o melhor baterista de metal da atualidade, através de uma votação promovida pela já citada revista Modern Drummer. No ano seguinte, foi a vez do portal especializado Drumeo conceder esse mesmo título a ele.

Eloy permaneceu no Sepultura por quase 13 anos. Ao lado de Andreas Kisser (guitarra), Paulo Xisto (baixo) e Derrick Green (voz), ele fez shows em dezenas de países, tocou em festivais gigantes (como o Wacken Open Air, o Rock in Rio, o Knotfest, o Monsters of Rock e o Download Festival), colaborou com músicos de gêneros diversos (tais como Zé Ramalho, Steve Vai, João Barone, Scott Ian e Les Tambours Du Bronx) e ainda gravou os álbuns de estúdio The Mediator Between Head and Hands Must Be the Heart (2013), Machine Messiah (2017) e Quadra (2019), que receberam enorme aclamação da crítica e do público, tornando-se os trabalhos de inéditas mais bem-recebidos do Sepultura desde o clássico Roots (último com o vocalista Max Cavalera; lançado em 1996).

Entretanto, em dezembro de 2023, o Sepultura anunciou, que a sua próxima turnê seria a última, por decisão de Andreas Kisser e Paulo Xisto (membros seminais da banda). Na mesma época, os membros do Slipknot estavam em busca de um novo baterista, após terem demitido o músico Jay Weinberg. Assim, vendo que não havia muito mais futuro para ele dentro do Sepultura, Eloy agarrou a oportunidade de se tornar o novo membro do Slipknot e, naquele mesmo mês, iniciou testes secretos para entrar na banda.

A notícia de que ele havia sido aprovado veio apenas no final de fevereiro deste ano, a poucos dias da turnê de despedida do Sepultura. O baterista, então, teve que deixar a banda brasileira de forma abrupta (sendo substituído por Greyson Nekrutman) e não pôde dar muitas explicações ao público sobre o motivo de sua saída, devido a um sigilo contratual imposto pelo Slipknot.

Mesmo com Eloy fazendo mistério, os fãs logo ligaram os pontos e, no final de abril deste ano, tiveram as suas expectativas confirmadas, quando o brasileiro fez seus primeiros shows como baterista do Slipknot. Como é de praxe a cada nova contratação da banda, os músicos americanos tentaram não revelar logo de cara quem era o novato por trás da máscara, mas o engajamento do público brazuca foi tão grande que, na mesma semana da primeira performance com o novo baterista, o grupo de Iowa confirmou, através das redes sociais, que realmente se tratava de Eloy Casagrande à frente das baquetas.

Apesar de possuir uma agenda grande como integrante do Slipknot, Eloy ainda mora em São Paulo, com sua esposa Ariane Garcia. Ele também mantém, em paralelo ao seu trabalho com a banda de metal americana, um projeto de música instrumental com o catarinense João Hanysz, intitulado Casagrande & Hanysz.

Além de seguir estudando música incessantemente, Eloy ainda trabalha o seu porte físico de maneira rígida desde a época do Sepultura, com o objetivo de aguentar a ‘’maratona’’ que é tocar bateria em shows de metal.

Nos dias 19 e 20 de outubro deste ano, os fãs brasileiros terão a oportunidade de conferir ao vivo essa nova formação do Slipknot, no Knotfest Brasil – que acontecerá em São Paulo, no Allianz Park. Com certeza, a presença de Eloy fará com que essas duas apresentações tenham um sabor ainda mais especial do que o das anteriores que o grupo realizou por aqui.

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