Bring Me The Horizon — NeX GEn | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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Bring Me The Horizon — NeX GEn

A procura por inovação e composições que possam ser imortalizadas em diferentes gerações é algo que está no DNA do Bring Me The Horizon. Ao longo dos anos, é nítida a evolução da banda, impressa em sua estética, arranjos, apresentações ao vivo e a presença no mundo digital, que faz com que se aproximem do público. No ápice do lockdown, o grupo buscou ser mais revolucionário e criar uma narrativa para embasar uma atmosfera. E assim, nasceu o POST HUMAN, que será dividido em quatro partes (álbuns). Em seu primeiro ato, o POST HUMAN: SURVIVAL HORROR possui uma harmonia clara dos elementos de música eletrônica bem presentes, seguindo a áurea eterna do Linkin Park. Cada faixa demonstra bastante personalidade em seus detalhes e composições por trazer preenchimento e experimentações de diversos gêneros musicais.

Entre atrasos e a saída do Jordan Fish, o segundo ato POST HUMAN: NeX GEn é lançado de forma surpreendente. Um álbum experimental que demonstra ter vindo para provocar desconforto, levando o público a absorver desde seu início. É uma trajetória que afirma inovação e modernidade com pitadas da música eletrônica, pop punk e hyperpop, além de distorções e falhas que trazem uma estética Cyberpunk para o projeto. Os múltiplos recursos adicionados e referências claras de bandas e gêneros distintos surtem efeitos diferentes, sendo o de aproximação e distanciamento para a audiência o principal deles. NeX GEn é provocativo e impacta o metal, demonstrando uma nova forma ousada de compor.

O álbum conta com 16 músicas e, dentre elas, seis foram lançadas como single e três são OSTs que funcionam como trilha sonora ou transição para a continuidade do disco.

A faixa dreamseeker inicia como um prelúdio dessa trajetória de NeX GEn, enquanto YOUtopia inicia oficialmente o álbum de forma explosiva, com um riff sujo, e exibe uma nova faceta vocal de Oliver Sykes, que se torna cada vez mais versátil. A canção entrelaça a vibe do Nu Metal dos anos 2000 com elementos do Electropop, entregando uma atmosfera densa pela interpretação vocal de Oli. Uma transição perfeita ao final de YOUtopia leva os ouvintes à Kool-Aid, uma das faixas com mais destaque no álbum pela sua personalidade, estética e visceralidade. Como último single lançado antes do disco, a música tem o amadurecimento e a modernidade da essência do Bring Me The Horizon mostrados pelos berros extremos de Oliver, as palhetadas e timbres de guitarra do Lee Malia e os pedais duplos de Matt Nicholls. O single é um dos pontos altos do álbum, por expressar o caos e o metalcore em sua nova aparência.

Em um tom alegre, a Top 10 staTues tHat CriEd bloOd possui uma abordagem mais divertida, criando uma dualidade com o que se apresenta na letra. Essa leve adição do emo e pop punk afirma a busca da viralização e as referências do metal japonês moderno. Os detalhes eletrônicos remetem suavemente a jogos e outras temáticas do segmento, servindo de prato cheio para uma nova geração. Apesar disso, a totalidade da ambiência não faz com que a faixa seja uma música menos emocionante ao ser escutada. A partir desse momento, o projeto começa, tematicamente, sua jornada por diversas reflexões de Sykes sobre seus problemas pessoais.

De forma surpreendente, a faixa liMOusIne é um respiro que traz uma experimentação e um novo tom para o Bring Me The Horizon, mas pode não convencer pelo quesito originalidade. É claro em seu primeiro minuto a similaridade com a banda Deftones no comportamento da voz e toda a sua ambientação. Apesar desse fato, é uma faixa que se diferencia das demais pela sua atmosfera mais lenta e perturbada, podendo convencer os fãs de Nu Metal do início do século ou se apresentar com mais intensidade para a nova geração. A participação da artista Aurora é inserida com pouca personalidade, quase como se ela não precisasse estar ali, mesmo nos momentos de dueto vocal. Ao fim, a canção desencadeia um clima grave e visceral com a essência natural da banda.

DArkSide, um dos seis singles lançados, reafirma a estética do álbum e manifesta o melhor da alma do grupo. Se torna uma das favoritas dos fãs pela sua versatilidade exemplificada pela construção do refrão, feito para se tornar um hino, e a evolução de alcance vocal de Oliver Sykes. Seguindo os moldes de YOUtopia, a bulleT w- my namE On, com participação de Underoath, dispõe similaridade e representa muito o que as duas bandas possuem de qualidades. A Underoath empregou todo o seu espírito nessa participação, resultando em uma das músicas chaves do NeX GEn.

Seguindo a atmosfera e dinamismo do álbum, a [ost] (spi)ritual é uma transição soando como um ritual/mantra, assim como o nome sugere, e sendo interrompida por uma batida na porta que dá passagem para a música n/A. Nos primeiros segundos, uma voz diz que possui uma nova pessoa se juntando e, logo, Oliver Sykes canta: “Oi, meu nome é Oli e sou um viciado.”. Compreende-se a temática dessa composição por se tratar de uma reunião de Narcóticos Anônimos, o que é relacionável ao que ele viveu no passado. É algo conectado às outras trilhas por expressar inseguranças, complicações com drogas e toda a pressão psicológica por viver esses processos.

O single LosT traz o sentimento de uma música emo por lembrar em seu refrão descaradamente a banda My Chemical Romance, além dos elementos de Hyperpop usados ousadamente. Toda essa confusão de elementos podem confundir na compreensão do propósito da faixa, que visa mostrar o desespero de se sentir tão perdido e ter uma recaída nas drogas. Sendo base do disco a ousadia e composições Pop, sTraNgeRs segue toda a estética de LosT e se torna uma balada de peso. Mesmo seguindo uma fórmula de composição que divide opiniões, a música atinge sentimentalmente as pessoas que se sentem sozinhas e possuem suas lutas centradas em questões de saúde mental.

Em um álbum carregado de referências do metal japonês, R.i.p. (duskCOre Remix) é claramente uma música do gênero nightcore, um estilo que visa ser um remix mais acelerado, transformando músicas em versões mais dançantes que alcançam a sonoridade do Hyperpop. Por estar entre sTraNgeRs e AmEN!, não surpreende pelo vazio de personalidade e decai por não conversar com as demais faixas. Uma das mais aclamadas pelo fandom, AmEN! é forte, peculiar e robusta, o que a torna uma das melhores composições do disco. A faixa apresenta vocais carregados de raiva e seus riffs transparecem toda a energia do primeiro ato de POST HUMAN, impactando positivamente na obra. Seria, aliás, uma grande surpresa caso não tivesse sido lançada como single. As participações Daryl Palumbo do Glassjaw e Lil Uzi Vert adicionam desordem e estrutura na mesma medida para criar uma canção totalmente versátil, mas que é natural e não perde o sentido do início ao fim.

Pouco se falou ao longo dos últimos trabalhos de Bring Me The Horizon sobre o álbum Music to listen to~… criado por Jordan Fish e Oliver Sykes, com 8 faixas e diversas participações. O projeto teve composições focadas na música eletrônica e soou bastante alternativo, saindo da zona de conforto do próprio esitlo do Bring. Nesse sentido, [ost] p.u.s.s.-e parece ser uma faixa que foi descartada da versão final do Music to listen to~…, embora isso não seja um demérito. O fato é que condiz muito com o conceito sonoro de NeX GEn e por ser bem inserido, difunde a trajetória de todo o trabalho e manipula um gênero para somar às composições.

Saindo da estética do POST HUMAN: SURVIVAL HORROR de 2020, a música que surpreende por soar diferente é DiE4u, e até na sua escrita já ditaria a tendência para o álbum que sairia 4 anos depois. A faixa carrega sentimento, além dos anos de amadurecimento do Bring Me The Horizon, e ainda foi produzida por Fish, apresentando toda a versatilidade e propósito para alcançar novas audiências. A canção transparece um novo modelo de criação e produção com elementos do Hyperpop ainda tímidos, validando o pop rock como base das suas músicas.

Apresentada por M8, uma amiga multidimensional pessoal, a faixa DIg It é uma viagem profunda aos sentimentos mais densos que se mesclam aos sons do violão Lo-Fi, enquanto os glitchs expressam a estranheza das sensações. A composição marcada pela tempestade do tempo que nos traz referência dos álbuns anteriores, como Sempiternal, That`s the Spirit e There Is a Hell em suas particularidades. A insegurança perante ao mundo, o ato de enfrentar os seus próprios medos e o arrependimento da decepção são elementos que levam o ouvinte às emoções de Oliver, também expressas em outros momentos do disco. A crescente do violão até a chegada dos instrumentos, somados a um sintetizador, proporciona um passeio para o inconsciente, evocando momentos de visceralidade, caos e desconforto com os berros de Oliver Sykes, com um breakdown respirando a essência antiga da banda. Com certeza, DIg It deve ser atemporal na carreira de Bring Me The Horizon, encerrando Nex GEn de um modo curioso, deixando claro a abertura para o próximo ciclo.

O segundo ato do Bring Me The Horizon é denso, confuso, apocalíptico e caótico, mas demonstra uma maturidade de planejamento, com um disco que deve ser absorvido sentimentalmente com profundidade. Mesmo seis singles que geraram expectativas sobre as outras faixas, a saída de Jordan Fish e um lançamento surpresa que soou como desespero, a banda atinge o seu objetivo como pioneiros do gênero, brindando, novamente, novos formatos de composições e adições no metal que torna NeX GEn experimental, mas não menos fascinante. O trabalho, em alguns momentos, parece realmente perdido pela crise de identidade, mas, na sua totalidade, mostra coerência. Muito aparentes em todas as faixas, os elementos de Hyperpop, glitchs e erros sonoros fazem parte da estética pós-humana criada pelo grupo, mas que mesmo desconfortando em alguns momentos, visa conversar com suas letras e provocar diversas sensações, como o final do instrumental de DIg It

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Em um álbum que possui diversas nuances por trazer o Pop Rock, metalcore, emo e outros, Nex GEn é carregado de abismos sentimentais e frustrações do ser humano. A vulnerabilidade de Sykes incorporada às suas letras e o sentimentalismo transparecido em suas linhas vocais estabelecem um papel importante para se aproximar intimamente com o público das novas gerações. Entre o caos e as inseguranças da vida cotidiana, o álbum vive um universo apocalíptico e pós-humano que simboliza a atual modernidade por meio do misticismo. Desde o Sempiternal, a banda assume um papel de pioneira e protagonista nas tendências do metal moderno, mas muito pelo seu mérito de explorar novos gêneros e arranjos. Diante de altos e baixos, Bring Me The Horizon continua relevante pela ousadia e coragem de não ser monótona em suas criações, deixando claro que estão dispostos a deixar sua zona de conforto para amadurecer em sua trajetória.

Nota: 8.2

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