Em meio a panoramas acústicos, Dallas Green se consagrou como um compositor nobre através das fronteiras do gênero e agora sublinha esse status com o projeto City and Colour. A banda oferece peças que, em seu próprio estilo orquestral, proporcionam uma exploração contínua sobre amor, perda, redenção e autodescoberta. Natural de Ontário, no Canadá, os intervalos melódicos e arranjos do folk rock também viraram um selo definitivo para reconhecer o músico.
Quando adolescente, Green absorveu a cena punk rock de St. Catharines, onde começou a desenvolver habilidades como guitarrista. Foi durante o mesmo período que reuniu os futuros integrantes do projeto paralelo de post-hardcore Alexisonfire, além de solidificar sua reputação através dos álbuns Watch Out (2004) e Crisis (2006). Pensando em uma abordagem introspectiva, as inspirações em Neil Young, Alice in Chains e Sunny Day Real Estate o levaram a escolher um lado melancólico para o City and Colour.
Considerado audacioso por se afastar do som hardcore, o lançamento de Sometimes, em 2005, destacou novas habilidades sonoras e sua voz era frequentemente comparada a um “sussurro de alma”. Cada faixa conta uma história pessoal do canadense, desde tons suaves e confissões em Day Old Hate até as trilhas de estrada Comin’ Home e Hello, I’m in Delaware. Sustentado pelo formato acústico, o disco também é famoso entre seguidores mais puristas do Alexisonfire.
Com diferentes instrumentações e a certeza de evoluir na mesma linha que começou o seu primeiro trabalho, Dallas Green trouxe uma atmosfera calorosa em Bring Me Your Love, de 2008, ao incorporar elementos do indie rock. A colaboração com Gord Downie em Sleeping Sickness, além da emotiva balada The Girl foram fundamentais para o futuro da banda e o material rendeu ao músico um certificado platina.
Quando disse adeus a projetos paralelos para compor novas faixas solo em 2011, instrumentos de cordas ganharam outro destaque durante a estreia de Little Hell. O groove Soul em Fragile Bird, a difícil The Grand Optimist, onde Dallas expressa dúvidas sobre um pai cronicamente afirmador da vida, e o blues reverberado de Weightless estabeleceram o seu sucesso em toda a América do Norte.

Carregado de influências diretas dos materiais solo de Mark Knopfler, os trabalhos seguintes de City and Colour, incluindo The Hurry and The Harm (2013), If I Should Go Before You (2015) e A Pill For Loneliness (2019) demonstram um progresso natural, sem desconstruir a marca que o validou. Mesmo que as músicas atuais encontrem o indie com maior frequência, elas também se deitam para dormir na cabana eremita de Bon Iver, onde o violão serve como travesseiro e a voz de Green como cobertor. Muitas vezes, o artista coleciona cicatrizes de forma tão reservada que suas reflexões demonstram maior vulnerabilidade crua e autêntica.
O valor de seu álbum recente, The Love Still Held Me Near (2023) é mais rígido quando expande fronteiras entre a esfera pessoal e coletiva de Dallas Green. Uma crise narrada, após a perda de dois entes queridos e a pandemia de COVID-19, soa musicalmente tão sombria quanto antes porque o disco não foi feito em um grande estúdio, mas em casa. As canções Meant To Be, After Disaster e Without Warning acabam presas dentro da sua própria bolha de luto, enquanto existe a aceitação de que um dia haverá melhora.