City and Colour retorna ao Rio com show mágico e intimista após oito anos de espera | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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City and Colour retorna ao Rio com show mágico e intimista após oito anos de espera

Uma vez ou outra, músicos de rock descobrem sua paixão por sons discretos como parte de excursões solo. Assim fez Dallas Green, membro do quinteto pós-hardcore Alexisonfire. Ao lado da banda, o cantor e guitarrista tem operado seu projeto solo City and Colour, que produziu sete álbuns até agora. Com a nova turnê The Love Still Held Me Near, Dallas está finalmente de volta ao Brasil. É a quarta vez que ele se apresenta em solo carioca, onde fez shows em 2015 e 2016, também com a iniciativa do Queremos!

Dallas Green tinha muito a processar. A morte de duas pessoas importantes, seu primo e o melhor amigo Karl “Horse” Bareham em um acidente de mergulho, além da pandemia do COVID-19, geraram a difícil “crise de meia-idade sob medida”. Era como se ele tivesse perdido tudo de uma só vez. Felizmente, Green pôde recorrer ao City And Colour, onde expressou passagens de luto durante a abertura Meant To Be“Eu estava perdido em pensamentos, mas o sol continuava a nascer, então, eu fingi estar bem”. Com uma barba brilhante, boina branca e tatuagens características, sua aparência de um tio amigável recebia a multidão com declarações de amor.

Dessa vez, Dallas revelou mais de si em novas texturas, arranjos e paisagens sonoras que não tinham sido muito exploradas nos shows anteriores da banda. A setlist harmoniosa de faixas que vão desde os primeiros dias de Sometimes até If I Should Go Before You e A Pill For Loneliness preparavam um terreno emocional com as sequências Living in Lightning e Northen Blues.

Guiado por uma névoa de vulnerabilidade, o groove pesado em Thirst e faixas clássicas de Little Hell, We Found Each Other in the Dark e Weightless, foram igualmente recebidas com o coro fervoroso do público. Ficou claro que a performance repercutiria, mesmo após o último acorde. Durante um apagão abrupto, a voz do artista ecoou “Estou cansado de todo mundo dizer que sou um cara triste… Só estou cantando sobre o que é real”.

Em meio a conversas paralelas, Dallas Green também deixou claro que Underground seria “uma canção sobre aquele momento e o quanto estar ali significava para ele”, um pouco antes de se aventurar na celestial Astronaut, transformada em uma jam session ampla e chocante.

Num cenário onde o mainstream muitas vezes ocupa o centro das atenções, a interpretação da banda foi uma prova de longevidade. Até recentemente, sua lista de músicos paralelos em turnê tem sido rotativo e o grupo ajudou a elevar seu trabalho. Quando confessou em The Grand Optmist que se sentia como um coringa de todas as jogadas, mas que não é mestre de nenhuma, todos discordaram. O compositor ainda consegue soar íntimo nessas canções, apesar de explorar diferentes territórios.

Foi durante o cover de Nutshell do Alice in Chains, que a atmosfera mudou. O som introvertido de Dallas, homenageando o legado de Layne Staley, proporcionou uma experiência compartilhada de dor, catarse e assombro que ultrapassaram os limites do intérprete e platéia. À medida que a noite chegava ao fim, City and Colour encerrava aos poucos sua apresentação com uma nova sonoridade eletrônica de Bow Down to Love, seguida por Northern Wind e a histórica Comin’ Home.

Sob o palco tomado por instrumentos e amplificadores vintage, quando a banda retornou momentos depois, o bis acústico abriu espaço para os fãs cantarem lado a lado o sucesso Lover Come Back e a despedida grandiosa de Sleeping Sickness. Seu lirismo em conjunto com um mar de admiração, não deixou a última palavra da noite ser ‘adeus’, mas sim ‘até breve’.

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