40 anos depois, o álbum e o filme Purple Rain seguem relevantes?
No dia 25 de junho de 1984 (há exatos 40 anos), o cantor, compositor e multi-instrumentista Prince lançou, ao lado da banda de apoio The Revolution, o seu sexto álbum de estúdio Purple Rain. A partir dessa data, o mundo nunca mais deixou de reverenciá-lo como um gênio.
O álbum continha 9 faixas inéditas que flutuavam entre Pop, Rock, Funk e R&B… e todas elas se tornaram grandes hits. Entre as canções do repertório, estavam obras-primas como When Doves Cry, I Would Die 4 U, Let’s Go Crazy, Take Me With U e a poderosíssima faixa-título. Por consequência disso, Purple Rain se tornou não apenas o álbum mais aclamado de Prince, como também o mais vendido – chegando a ficar 24 semanas consecutivas no topo das paradas de álbuns da Billboard e a vender cerca de 25 milhões de cópias ao redor do mundo.
Prince já era um nome aclamado pela crítica e pelo grande público desde o lançamento de seu autointitulado segundo álbum de estúdio, em 1979. Porém, Purple Rain foi o trabalho que consagrou o artista como um dos maiores nomes da história da música e o transformou, definitivamente, em um astro.
No dia em que esse lançamento histórico completa quatro décadas, Prince já não está mais entre nós há alguns anos, mas as suas obras musicais permanecem com a mesma relevância que sempre tiveram. Durante a sua carreira, o artista emplacou vários álbuns de sucesso, mas Purple Rain ocupa um lugar especial dentro da história: trata-se de um clássico essencial para todo fã de música que se preze (a ponto de ter influenciado nomes como Bruno Mars, Lenny Kravitz, The Weeknd e Beyoncé, ao longo dos anos) e, até hoje, permanece sendo figura carimbada em qualquer ranking de ‘’Melhores álbuns de Todos os Tempos’’ publicado por portais de arte especializados, sempre ocupando posições altíssimas, de maneira muito merecida.
Vale lembrar que o álbum é parte da trilha sonora de um filme homônimo que foi criado e exibido nos cinemas como uma estratégia para divulgar as 9 faixas inéditas. Essa ideia surgiu muito por causa das vendas astronômicas que Michael Jackson (rival notório de Prince na disputa pelo ‘’trono’’ de maior artista pop daquela geração) havia conseguido para o álbum Thriller (1982), ao investir em um videoclipe hollywoodiano para a faixa-título. Quando Prince criou Purple Rain, ele sabia que tinha nas mãos um álbum da mesma qualidade de Thriller e, por isso, resolveu contra-atacar a estratégia de marketing de Michael, investindo não apenas em um videoclipe, mas sim em um longa-metragem promocional de quase duas horas de duração.
O filme em questão foi lançado nos cinemas pouco mais de um mês depois do lançamento do LP de mesmo nome… mas não envelheceu tão bem quanto as músicas presentes nele. Na trama do longa, Prince interpretava um músico iniciante (batizado simplesmente como ‘’The Kid’’) que disputava a atenção de uma moça com um músico mais influente no meio, ao mesmo tempo que presenciava casos de violência doméstica em sua própria família e tentava não ser como o seu pai. O desenvolvimento dos personagens, porém, não era dos mais profundos e o desenrolar da história ainda passava uma mensagem de aceitação do perdão após casos de agressão contra mulheres… logo, nem é preciso dizer que, diferente do que acontece com o videoclipe de Thriller, muita coisa do filme Purple Rain não funciona mais nos dias de hoje.
Entretanto, seria mentiroso dizer que o longa-metragem não possui importância histórica. Afinal, mesmo dividindo a crítica desde que foi lançado, ele levou um grande público para os cinemas e cumpriu, de maneira inegável, o seu propósito de servir como um registro visual promocional para o álbum homônimo, impulsionando as vendas do LP e rendendo (muito merecidamente) o Oscar de ‘’Melhor Canção Original’’ para a sensacional balada Purple Rain – que se tornou um clássico absoluto, muito devido ao fato de tocar em momentos bastante estratégicos do filme. Além disso, o marcante figurino roxo utilizado por Prince durante todo o longa ajudou a estabelecer a imagem do cantor como um ícone fashion da década de 1980.
Embora seja muito mais lembrado por ter uma das melhores trilhas sonoras originais já ouvidas na história do cinema do que por seu enredo, o filme carrega uma certa relevância cultural até hoje, devido à sua importante contribuição na ascensão estrondosa de Prince. Tanto que, apesar dos pontos problemáticos na trama, ele irá virar um musical da Broadway, em 2025. A expectativa é de que essa adaptação teatral corrija os aspectos que envelheceram mal na história original – a exemplo do que vem acontecendo, assertivamente, em diversas outras adaptações recentes de obras antigas (vide o remake de 2021 feito para ‘’Amor Sublime Amor’’).
De qualquer forma, o que nunca irá precisar de correção é o trabalho musical de Prince em Purple Rain. Isso continua tendo a mesma relevância e o mesmo grau de genialidade que tinha há 40 anos, mesmo com todas as (muitas) mudanças que aconteceram no mercado da música nesse período.
Por fim, é importante lembrar que Prince compôs todas as canções presentes na trilha sonora do filme, e não somente as que foram cantadas por ele. Além de Purple Rain, os álbuns The Glamorous Life (Sheila E.), Apollonia 6 (Apollonia 6) e Ice Cream Castles (The Time) também foram criados para o longa, tendo Prince como produtor e ghost writer em todas as faixas. Vale a pena incluir eles na sua playlist!