Baco Exu do Blues — Fetiche | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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Baco Exu do Blues — Fetiche

Dois anos e meio após seu último álbum QVVJFA?, Diogo Moncorvo, mais conhecido como Baco Exu do Blues apresenta Fetiche, seu novo lançamento através do selo 999 em parceria com a Sony Music, contendo 7 músicas inéditas com curtas-metragens e participações especiais de Liniker e Young Piva. Mesmo poucos dias após ter estreado nas plataformas de streaming, o EP alcançou números consideráveis, figurando, inclusive, no Top 10 mundial do Spotify com mais de 10 milhões de reproduções. Além disso, houve uma enorme repercussão nas redes sociais, dividindo todo tipo de opinião.

Com letras provocativas e ácidas, Baco já inicia sua obra com tanta inveja, uma espécie de diss não direcionada especificamente para uma pessoa, e sim aos seus haters de maneira generalizada (“Fodam-se esses fracos, suas palavras não vão me afetar”). A partir de uma análise geral, é uma introdução consistente e que se encerra com um coro, “Gostosas ouvem Baco”, cantado bem ao fundo e que vem em uma crescente no início da música seguinte piscina vazia, que dá o tom do que será boa parte do disco daqui em diante: uma voz melódica e aveludada sensualizando em cima de beats pouco inovadores.

Em limão-siciliano e pausa da sua tristeza as duas faixas que contam com as participações do rapper conterrâneo de Baco, Young Piva e da cantora Liniker, respectivamente, é quando Baco parece fazer seu som fluir melhor, especialmente com Liniker, que interpreta majestosamente a melhor composição de Baco no disco. pausa da sua tristeza é um grande acerto e revela um eu lírico mais sóbrio, poético, sem ser pedante ou simplista demais e falando de amor sem perder o caráter ambíguo de suas intenções. Sendo, talvez, o oposto de fetiche a polêmica música que viralizou na internet.

Bom, não há para onde fugir, o que precisa ser dito tem que ser dito. Mas, vamos por partes, entendendo e respeitando que cada obra artística possui sua singularidade, que representa as intenções do autor e a forma com a qual ele escolheu se expressar através da mesma. Já no primeiro verso (“Eu controlo o vibrador da calcinha dela enquanto ela dirige”), o ouvinte é introduzido a um cenário que o tira do campo utópico e propõe algo que possa ser facilmente sintetizado em imagens na sua mente, graças a uma lírica que segue com demonstrações visuais muito claras, até palpáveis. Letras explícitas dessa forma não são nenhuma novidade nos trabalhos do Baco. Aliás, o amor e o tesão explícito sempre estiveram presentes na música brasileira, no cinema brasileiro, e por aí vai. Faz parte, e considero necessário. Porém, a escolha de palavras dessa primeira estrofe, que procura nos carregar para o campo imagético, pode ter soado como uma fanfic voltada para o público adolescente (o que não é problema) destoando do EP como um todo. O que realmente traz uma certa vergonha alheia é a inusitada rima que encerra essa primeira estância: “Tá nervosa? Goza”. A ideia, claro, era sensualizar, provocar, mas falta estética literária para criar um contexto que sustente uma instigação tão inesperada.

E o EP encerra com sodade, uma música muito gostosa de se ouvir. Brincando com a forma de dizer a palavra saudade, o beat mais dançante acompanha uma voz muito bem posta em cima de si com aquele lindo sotaque levemente rouco, característica muito marcante de Baco Exu do Blues. Apesar dos altos e baixos, o fechamento é em alto nível.

Também vale destacar o trabalho audiovisual impecável realizado nos curtas-metragens das faixas. Direção, figurino, direção de arte e fotografia entregaram um resultado espetacular e que agregou muito para a obra como um todo.

No geral, mesmo não sendo dos mais criativos e longe de ser a melhor obra do Baco, é um trabalho muito bem produzido, é honesto e se torna admirável por correr riscos. Tem muita coisa que não funciona, mas muita coisa que funciona também. Faz parte.

Nota: 6

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