Cinco discos essenciais para a trajetória do Avenged Sevenfold
Ao percorrerem um longo caminho entre recreios do ensino médio, Avenged Sevenfold foi formada em 1999 na cidade de Huntington Beach, Califórnia, pelo vocalista Matthew Shadows, o guitarrista Zacky Vengeance, o baterista Jimmy Sullivan (The Rev) e o baixista Matt Wendt, que logo deu lugar a Johnny Christ. Carregando a reputação de ser um dos nomes mais acessíveis do início do século 21, o som do A7X combina heavy metal, hardcore, metal progressivo e hard rock, além de ter flertado com o metalcore durante seu primeiro material, o Sounding The Seventh Trumpet, em 2001.
Depois de Synyster Gates ter se juntado à banda, um barulho estridente agora dividia espaço com solos de guitarra. Em meio a ascensão gerada pelo lançamento do auto-intitulado em 2007, os californianos passaram de status underground à headliners nos festivais mais prestigiados do planeta. Apesar das mudanças tanto de estilo quanto internas, o duro revés causado pela morte trágica de The Rev gerou uma turbulência inesperada entre os membros do grupo
Com o recrutamento do baterista Arin Ilejay e posteriormente Brooks Wackerman, Avenged Sevenfold quis se reinventar e mesclou referências que foram de Guns N’ Roses à Metallica, incluindo nomes punk como Bad Religion e Pennywise. Já consolidados por uma discografia que permanece ativa, a Mood destacou cinco álbuns essenciais para se aprofundar nessa trajetória.
WAKING THE FALLEN (2003)
Longe da estreia subestimada de Sounding the Seventh Trumpet e demonstrando que dentro do metalcore melódico se pode inovar, Waking the Fallen, de 2003, reuniu doze riffs tão precisos quanto Misfits. O lançamento solidificou a posição do A7X e também estabeleceu um novo rumo para o gênero.
Antes de dar play no disco é possível ver pela primeira vez seu logotipo clássico, um crânio alado tão ilustre que Overkill chamou de roubo. Pense como quiser. O talento um tanto insolente de músicos recém-saídos da escola comprova faixas únicas como Second Hearbeat, o solo enigmático de Synyster em And All Things Will End e as grandiosas Remenissions e Chapter Four.
CITY OF EVIL (2005)
Ganhando o prêmio de Melhor Artista Revelação na MTV em 2006 e deixando de fora Rihanna e Panic! At The Disco, Avenged Sevenfold decidiu ir mais longe ao explorar totalmente a sonoridade do heavy metal. M. Shadows precisava expandir seu alcance vocal e enterrou screamos para dar lugar a um canto melódico, logo após sofrer uma lesão em suas cordas vocais.
Durante uma época onde velhas donzelas de ferro como Blind Guardian e Helloween governavam, City Of Evil atingiu ouvintes que não se prepararam para perder a harmonia do metal antigo. Canções agressivas como Burn It Down ou as clássicas Seize The Day e Bat Country ainda soavam modernas demais para apreciadores de Metallica ou Iron Maiden.
Com uma mistura de várias influências, saindo dos cânones propostos e repropostos do metalcore, Shadows conseguiu encontrar um vocal confortável, Synyster e Zacky deram tudo de si, principalmente durante a heróica M.I.A, Sullivan ofereceu uma bateria variada e o baixista Johnny Christ ganhou momentos de destaque necessários.
AVENGED SEVENFOLD (2007)
A autodefinição “Avenged Sevenfold” não poderia resumir outra coisa senão um monstruoso mosaico de experimentações. Os fãs perceberam no lançamento do autointitulado inúmeros grandes e pequenos momentos do gênero com menos trash e mais potência. Agora sons de órgãos ou guitarras altíssimas nos davam boas-vindas à Critical Acclaim.
Alguns compassos depois, M. Shadows late quase como Phil Anselmo do Pantera, mas sem espumar pela boca, enquanto a íntima Dear God surpreende pela troca súbita de sonoridade. Encabeçado pela gravadora Warner Bros, foram através das composições Afterlife e A Little Piece of Heaven que o álbum apostou em um som juvenil e uma fachada rock com pouco luxo, enquanto a encenação no uso do metal sinfônico também atraiu canais auditivos curiosos.
NIGHTMARE (2010)
Avenged Sevenfold se emancipa de si mesmo álbum por álbum para que os desconfiados procurem um cabelo na sopa toda vez. Porque Zacky Vengeance, The Rev, Johnny Christ, Synyster Gates e M. Shadows se tornaram pseudônimos ainda mais controversos ou simplesmente não se pode duvidar do talento desses garotos.
Nightmare nasceu pouco depois do trágico falecimento de Sullivan, que deixou para trás uma coleção de gravações póstumas. Este disco não foi apenas o “próximo” acerto no processo criativo do grupo, mas sim um confronto direto com a morte e a perda. Convidado para assumir as baquetas temporariamente, Mike Portnoy não trouxe mudanças radicais no som estabelecido por The Rev, já que o músico do Dream Theater era uma de suas principais influências.
Através de tópicos cruéis, obscuros e pessoais, peças com Save Me e Buried Alive sinalizam a identidade do A7X, além de oferecerem doses maiores de sentimento brutal. Nightmare rapidamente se tornou o álbum mais maduro deles até hoje e como resultado ouvimos a raiva retornar nas faixas God Hate Us e Natural Born Killer, onde Shadows resgatou raízes escondidas desde Waking the Fallen.
LIFE IS BUT A DREAM… (2023)
Ao longo de sete discos, os californianos haviam alternado entre uma vertente acessível, como visto no hard rock Hail To The King, de 2013, e outra mais arriscada em The Stage, de 2016. Sendo novamente um mergulho no rock progressivo, embora ainda soe familiarmente com A7X, o aguardado Life is But a Dream… pega o modelo do seu antecessor e o aperta ao máximo.
Agora surgem temas sob um viés teórico, cercado por reflexões a respeito da filosofia do absurdo e a imprevisibilidade da vida, uma vez debatidos pelo trabalho do escritor francês Albert Camus. Com músicas que oscilam entre ingredientes contraditórios, esse material ainda consegue se manter coeso mesmo dentro de sua natureza improvável.
Apostando em efeitos vocais e sons eletrônicos de Easier, emprestados por Daft Punk, ou na inspiração Sinatra em (D)eath, a banda expande novamente sua paleta musical, mas a raiva permanece intacta nos riffs sujos de Mattel e saques quase Nine Inch Nails em We Love You.