Faça sol ou chuva: Forfun lava a alma com show arrebatador em São Paulo
“Corre pra varanda e vem cá ver, faça sol ou chuva um lindo dia vai nascer”, canta o baixista Rodrigo Costa diante a um Allianz Parque lotado. O show da Turnê NÓS, que marca a reunião do Forfun, sintetiza bem o que eles sempre foram: um grupo com raízes no hardcore, mas que explora com maestria a pluralidade de estilos da música brasileira.
Por quase três horas o quarteto, formado por Rodrigo, Danilo Cotrim (guitarra e voz), Vitor Izenzee (teclado, guitarra, voz) e Nicolas (bateria), encantou as 45 mil presentes na capital paulista nesta noite fria e muito chuvosa de sexta-feira, (9). No final das contas, uma única certeza: pouco importou o tempo para quem esperava esse retorno há tantos anos.
A Turnê Nós, realizada com o apoio da 30ebr, nasceu da ideia de comemorar os mais de 20 anos da banda – em hiato desde 2014. Com shows por diversas cidades do Brasil, essa foi a primeira vez que o Forfun se apresentou em um estádio na capital paulista.
O início foi de força ao rock nacional. A banda Menores Atos, também do RJ, deu start no evento em um final de tarde nublado com garoa. Muito sentimentalista, a apresentação fez certamente com que o grupo conquistasse mais fãs, afinal, eles sabem muito bem contar histórias que mexem com o emocional de quem vive pela música.
Na sequência, a missão de esquentar o público em massa que chegava, foi do Rancore, outra banda que se reuniu para uma turnê após anos em pausa.
Liderada pela presença quase abismal de Teco Martins, que além da excelente qualidade vocal também possui sensibilidade quase incomparável como compositor, a banda fez um show apoteótico. Se há alguém que pode tomar as rédeas do topo do rock nacional são eles. Faixas como “Jeito Livre” e “Mãe” arrepiaram uma audiência que se mesclava entre fãs assíduos e nostálgicos do hardcore e a parcela que sempre preferiu sonoridades mais groovadas e dançantes.
O Rancore soa quase como uma força da natureza, que impacta diretamente os olhos e o corpo de quem os assiste.
O novo lançamento do grupo, “PELEJAR”, mostra até com certa facilidade essa necessidade de sempre ter algo a se dizer.
Se você nunca viu a banda ao vivo, faça esse favor.
Quando a estrela da noite chegou, o Allianz Parque foi introduzido ao Forfun com um vídeo emocionante que mostrava imagens antigas e inéditas de toda a carreira do grupo. Participações em especiais da MTV (incluindo o campeonato vencido pela banda no saudoso RockGol), making of de álbuns como Polisenso e Alegria Compartilhada, vídeos caseiros de viagens entre os amigos do grupo e muito mais. Para os fãs, um início já emocionante.
Daí em diante foi festa: “Hidropônica”, “Good Trip” e “Quando A Alma Transborda” lembraram os tempos áureos da banda no hardcore.
“Sol Ou Chuva” (mais chuva do que qualquer outra coisa), “Largo Dos Leões” e “Minha Joia” já agradaram mais à parte bailante da noite.
Com o ritmo ditado pelo sempre querido e carismático Danilo, o Forfun ficou confortável demais para fazer um show de multidões. Música para todos os gostos, discursos para todas as tribos. Essa pluralidade de sonoridades tornou a noite de 9 de agosto em um espetáculo. Tracks super adoradas como “Costa Verde”, “Cara Esperto” e “História de Verão” ajudaram a lavar a alma das 45 mil pessoas presentes no Allianz Parque.
A apresentação fluiu de forma tão natural que os paulistas ainda foram coroados com participações especiais como a do guitarrista Mateus Asato e dos ex integrantes do Charlie Brown Jr, Thiago Castanho e Pinguim. Ainda deu tempo do grupo homenagear a cidade com versões groovadas de Racionais, Fat Family, Demônios da Garoa e muito mais.
A questão que fica é quando os fãs terão uma nova chance de presenciar algo desta magnitude. A torcida é para não demorar mais quase 10 anos.
Ainda assim, mesmo se demorar, o Forfun deve, de fato, chegar com aquela velha sensação de que nunca foi embora.
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