Como Beauty Behind The Madness transformou The Weeknd em um icone do R&B | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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Como Beauty Behind The Madness transformou The Weeknd em um icone do R&B

Antes de atingir o estrelato mundial, o caminho trilhado por The Weeknd já oferecia vislumbres de seu verdadeiro potencial como artista. Frequentemente referenciado por seus admiradores como um dos principais nomes responsáveis por revitalizar o R&B no mainstream, Abel ganhou notoriedade por meio de uma sucessão de projetos de sucesso moderado em nichos específicos da internet. A originalidade etérea da trilogia compreendida pelos projetos House of Balloons, Thursday e Echoes of Silence havia tornado o canadense uma estrela no Soundcloud na mesma época em que artistas com futuros promissores no gênero, como Kali Uchis e Daniel Caesar, também ganhavam notoriedade na plataforma. 

Foi, entretanto, o lançamento de seu quinto disco, em 2015, que solenizou o estatuto de The Weeknd como muito mais do que uma simples sensação da internet, idolatrada por jovens que pareciam se fascinar com as tragédias românticas e narrativas decadentes contadas por Tesfaye em suas músicas. Beauty Behind The Madness introduziu Abel a toda uma nova audiência, pronta para ser impressionada por seus múltiplos talentos. Apesar de menos popular entre seus fãs de longa data, nada deslumbrados com o apelo mais comercial do disco, o álbum foi um sucesso indiscutível e trouxe consigo alguns dos hits mais populares da década passada, como The Hills, Often e Can’t Feel My Face

Para comemorar os nove anos do Beauty Behind The Madness, a Moodgate separou alguns detalhes e curiosidades sobre o disco que provam como, mesmo hoje, o álbum ainda se mantém como uma adição inesquecível ao catálogo de Abel.

1. Narrativa íntima e realista sobre a fama

É bem verdade que as experiências pessoais de Abel são a alma por trás não só de suas composições individualmente falando, mas também servem de inspiração para a idealização conceitual de seus projetos. Sempre acompanhados de um universo visual interessante, os discos de The Weeknd frequentemente trazem consigo, como temáticas centrais, reflexões e vivências do artista, o que se mostra especialmente palpável em LPs como My Dear Melancholy, de 2018, que sucedeu o término do cantor com a modelo Bella Hadid e a atriz Selena Gomez. Ainda em projetos como o Starboy, de 2016, ou o After Hours, de 2020, é notável que, apesar da estética peculiar, Abel ainda está tratando, na música e nos vídeos, de suas próprias vivências. Mas no caso do Beauty Behind The Madness, essa nuance é ainda mais escancarada.

Cheia de autopiedade e arrependimento, a primeira faixa, Real Life, é uma boa ilustração de seu estado mental: “O Céu só deixa alguns entrarem, e é tarde demais para eu escolhê-lo/ Não gaste suas lágrimas preciosas comigo, eu não valho a miséria e sou melhor quando estou sozinho”. Nesse sentido, é apropriadamente irônico que o álbum que tenha catapultado Tesfaye ao mainstream seja tão honesto ao descrever os problemas que acompanham sua fama crescente, projetando um retrato perfeito de todos os perigos do sucesso.

2. Tell Your Friends e o funeral do passado de The Weeknd

Produzida por Kanye West alguns anos antes de suas maiores controvérsias, Tell Your Friends, a terceira faixa do Beauty Behind The Madness, reforça os então presentes problemas de Abel com drogas, mulheres, álcool e o consumismo. Explicitamente sexual, o refrão da canção é centrado na ideia de que, após passar uma noite intensa com ele, mulheres acabariam relatando os acontecimentos para suas amigas, fazendo-as desejá-lo na mesma proporção em que faria com que outros homens o invejassem. Apesar de bastante clichê, esse coro é alternado com revelações pontualmente interessantes acerca de como Tesfaye, agora bonificado pelo sucesso, só consegue pensar em aumentar sua conta bancária e mergulhar profundamente nas indulgências problemáticas da fama, com direito a todas as linhas de cocaína que puder ter. No pós-refrão, Abel chega a reiterar ao ouvinte: “não acredite nos rumores, eu ainda sou um usuário”, numa referência ao seu contínuo uso de substâncias.

No clipe, entretanto, Tesfaye é visto enterrando uma versão mais antiga de si, ainda viva e respirando. Quando somada ao conteúdo lírico da música, a imagem fica ainda mais nítida: The Weeknd pretende enterrar qualquer resquício de autocontrole para, agora, se entregar ao seu próprio submundo de toxicidade e ilicitude. Já no vídeo da faixa seguinte, Often, ele é visto tentando desfrutar das regalias de seu sucesso, vivendo um exemplo das noites intensas mencionadas no refrão de Tell Your Friends. Sua expressão, por outro lado, é apática, quase como se não conseguisse verdadeiramente gostar de nada daquilo.

3. A estética dos clipes do álbum é inspirada em diversos filmes icônicos

Inspirados por alguns dos filmes mais visualmente emblemáticos do cinema mundial, Abel e seus colaboradores usaram dos videoclipes do Beauty Behind The Madness para contar uma história não tão sutil sobre a luxúria da fama. O acidente de carro no clipe de The Hills, por exemplo, é uma referência a Mulholland Drive, filme de David Lynch, enquanto o cenário burlesco e iluminado de Earned It remete visualmente a O Mestre das Ilusões, de Clive Barker.

Dentre os outros filmes que inspiraram o universo visual do disco, é difícil não mencionar a estética inconfundível do cineasta chinês Wong Kar Wai (diretor de Anjos Caídos, Amores Expressos e outros filmes memoráveis) presente no clipe de In The Night. In The Night também faz referência ao impactante Ichi, o Assassino, dirigido por Takashi Miike, enquanto filmes de horror como Carrie e O Novo Pesadelo possivelmente inspiraram Can’t Feel My Face.

4. O disco rendeu as primeiras músicas “número um” da carreira de Abel

Como o maior sucesso comercial de sua carreira até então, o quinto álbum de Tesfaye alavancou sua fama de maneira inesperada e avassaladora, emplacando duas músicas, The Hills e Can’t Feel My Face, no topo da Billboard Hot 100, principal parada musical do mundo. Enquanto The Hills passou seis semanas em primeiro lugar, Can’t Feel My Face se manteve por três semanas no topo, provando o início da ascensão meteórica de The Weeknd no mainstream, também galgada a partir do sucesso de colaborações com artistas já populares, como a faixa de 2014 com Ariana Grande, Love Me Harder, presente no segundo álbum da cantora estadunidense.

Até hoje, mesmo após adicionar diversos outros grandes hits em seu catálogo, The Hills se mantém como a canção de Abel que permaneceu por mais tempo em primeiro lugar na Hot 100. Ainda assim, curiosamente, música só deixou a parada após 48 semanas, ao contrário da gigantesca Blinding Lights, por exemplo, que se manteve no chart por quase dois anos inteiros.

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joaomothe@moodgate.com.br

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