Caos instaurado e volume máximo: The Hives incendeia São Paulo em seu último show de 2024

Ladies and gentleman… and everybody else, The Hives!“: é assim que Pelle Almqvist, um dos frontmen mais caóticos da indústria da música nas últimas décadas, introduz a própria banda. O caos do sueco, cara e carisma dos Hives, formado em 1993, é o elemento principal do que hoje é considerado por muitos — e por eles mesmos —, “o melhor show de rock do mundo”. 

Com apresentação curta mas meteórica, o quinteto se apresentou pela última vez em 2024 em um Tokio Marine Hall cheio em plena terça-feira, (15). A performance entregou as características que ajudaram a construir a identidade da banda: energia e intensidade influenciados pelo punk rock, ditando o ritmo dos fãs ensandecidos. Tecnicamente, um primor. 

Vestidos com o clássico figurino preto e branco em frente a um banner gigante, o show de cerca de 1h10 soou quase como contracultura de grandes obras teatrais. A banda, que funciona muito bem em festivais – até por isso os elogios no último Primavera Sound -, tornou este “repeteco” uma noite especial para quem sempre foi apaixonado pelos “inferninhos” da cultura punk, ainda que o local tenha capacidade máxima para 4 mil pessoas. 

A questão, no entanto, é simples: o som dos Hives se tornou tão grande que há muito tempo não há mais tanto sentido ver a banda em locais que não abracem as multidões; afinal, o grupo é apaixonado pelo calor dos milhares. Essa sensação de magnitude se dá, principalmente, por conta da freneticidade e da troca de energia entre banda e fãs.

Faixas como Bogus Operandi, I’m Alive e Come On ecoaram os cantos aos berros. Pelle não parava de interagir com o público, improvisando palavras bem ensaiadas em português, chamando a audiência paulistana para cantar junto e até fazendo piadas sobre a intensidade dos presentes. “Os Hives sempre vencem por 1×0, mas a plateia de hoje… acho que este jogo está empatado, 1×1“. 

O músico guiou o show como se fosse um maestro de uma orquestra descompassada, ainda que redondíssima. Clássicos como Hate to Say I Told You So e Tick Tick Boom foram pontos altos, incendiando a pista.

Autênticos como de praxe, com presença de palco e entrega total dos músicos, a noite do dia 15 de outubro ainda ecoará na mente de muitos por muito tempo. Mesmo com um setlist previsível e uma performance curta, os Hives entregaram o caos divertido que os tornou referência com naturalidade.

Se a banda faz o melhor show do mundo ou não, cada um tem sua própria opinião. Contudo, algo não se nega: poucos grupos na atualidade sabem controlar o caos tão bem quanto eles.