KNOTFEST Brasil 2024: Noite de fechamento da segunda edição do evento é explosiva e apoteótica
A segunda edição do KNOTFEST Brasil aconteceu neste sábado (19) e no domingo (20). Com dois shows dos headliners e grandes fundadores do evento e marca, o Slipknot marcou as duas noites com seu vasto repertório musical. No domingo, o show foi voltado para o álbum autointulado, em especial aos 25 anos de aniversário da banda, além de contar com Bad Omens, Babymetal, P.O.D., Poppy, Ego Kill Talent, Black Pantera, The Mönic e outros artistas no line-up.
A Moodgate acompanhou o segundo dia do festival. Com shows versáteis e caóticos, o evento foi enérgico e não deu pausa às fanbases. Confira em detalhes como foi:
A começar, o show da Poppy foi eletrizante, com uma pegada robótica e tanto. A música V.A.N., de Bad Omens. Instaurou esse sentimento até o final da apresentação. A cantora teve pouca interação com o público e suas danças e apresentações foram unânimes. Com versatilidade, seus gritos e vocais graves foram o ponto alto do show, equilibrados entre uma voz doce e suave. O que os deixou menos significantes, por outro lado, foi o excesso de playback. Além disso, a cantora tocou hits como, I Disagree, Concrete e new way out.
P.O.D. fez apresentação calorosa, literalmente em chamas. A banda, de San Diego, Califórnia, fez o estádio inteiro tremer, formar moshs e gritar com músicas como Alive – Chris Lord-Alge Mix e Boom, de Satellite. A arquibancada também não ficou de fora, posta de pé pulando, em diversos momentos. O vocalista Sonny Sandoval usou sua uma voz voraz e intensa em screamos, a todo vapor, interagindo com o público, os chamando de família em intervalos de canções.
BABYMETAL trouxe mais alegria, constância, sincronia e performance fora da curva. Maggots pulavam com seus uniformes vermelhos e deixavam cair suas máscaras,
crianças dançavam e cantavam, e, claro, os moshs eram frequentes. O sentimento de êxtase que as três estavam era tão explícito que percorreu por toda a plateia. A arquibancada estava no mesmo ritmo. O instrumental andava lado a lado com a performance das japonesas, Suzuka (vocal), Momoko e Moa (baking vocals), com um senso técnico muito bem ensaiado. Em meio a chuva, o show girou em torno do álbum autointitulado. Em alguns momentos, podia-se ver lanternas acesas por todo o estádio.
Entre os primeiros shows, foi o mais aguardado, a euforia em seu limite era a prova disso. A ideia de ver uma banda de metal feminina e estrangeira ser tão reconhecida e ser ovacionada sem parar por um grande show sempre se fez distante na cena underground e alternativa, mas se provou possível mais uma vez no KNOTFEST. Contudo, o microfone estava com instabilidade, rangidos e problemas técnicos de reprodução. Não foi crucial, já que as japonesas sustentavam a performance junto do instrumental de alto nivel, mas teve percepção.
Bad Omens atendendo finalmente os pedidos de vir ao Brasil, fez apresentação com repertório repleto nu metal e tecno de tirar o fôlego. Nele, a banda focou nos seus álbuns mais recentes, como o CONCRETE JUNGLE [THE OST] e o THE DEATH OF PEACE OF MIND, mas, ainda, sim, não deixou de fora hits mais antigos, como Glass Houses, Limits e Dethrone, que fechou o setlist com muitos gritos e com o vocalista Noah Sebastian chegando ao ápice de sua voz em muitos pontos. Ao início da música, a palavra “CONCRETE” foi esbravejada por Noah, momento clássico do show.
Poppy, que mais cedo se apresentou, entrou no palco para cantar V.A.N., aqui, com a parceria completa. Foi um momento frenético, repleto de sintetizadores. A música possui um tom mais futurista, como o álbum mais recente, o que, por sua vez, ditou o tom do começo do show com THE DRAIN e ANYTHING > HUMAN.
O hit Just Pretend, também de THE DEATH OF PEACE OF MIND, melancólico e emocionante, tirou o maior coro da plateia com uma versão acapela ardente. “I can wait for you at the bottom, I can stay away if you want me to“, Noah repetia com o público cantando a mesma altura. Vale menção que a voz do norte-americano é como no estúdio, versátil, entre tons agudos e graves, natural.
Para o encerramento da segunda noite do festival, Slipknot voltou para 1999, neste domingo. Tocando o disco autointitulado de estreia e vestindo os clássicos trajes vermelhos da época, o grupo voltou no tempo, o que, sem dúvidas, foi um presente para os fãs de longa data. Com muito caos, moshs e gritos, a banda passou por seus hits do álbum, como Surfacing, Spit it Out e muito mais. Com chave de ouro, o segundo show girou em torno de seu disco mais antigo, em comemoração aos 25 anos de formação da banda. O metal nunca esteve tão nostálgico, pulsante e caótico quanto naquela noite.
O vocalista Corey Taylor parou para agradecer o público brasileiro e o elogiou em inúmeros intervalos, dizendo que o Brasil e a sua energia para com a música é um presente. Eloy Casagrande, por sua vez, era ovacionado em todo o momento que aparecia e tinha foco no telão. Podia-se ouvir pessoas gritando “Eloy” sempre que havia pausas. Em forma de agradecimento, o baterista brasileiro desceu da bateria ao final do show e foi até a ponta do palco jogar suas – muitas – baquetas.
Entre mini intervalos dos sets, a banda deu espaço para o DJ Sid Wilson tocar alguns mix sonoros para o público. Criativo e uma ótima forma de entretenimento.
No entanto, uma das falhas do festival foi não ter um som alto por todo o ambiente, logo na pista já era perceptível que as vozes e o instrumental estavam mais baixos do que o normal, ainda que com alguns ruídos. Em alguns shows, esse fator ficou sob controle, mas ainda, sim, foi prejudicial. Outro fator que teve efeito negativo, com certeza, foi a divisão de palcos, que deixou a plateia mal espalhada, ainda que com o espaçamento vazio da área VIP, além de ser mais uma “remenda” junto ao palco principal, o KNOTSTAGE.
E, mesmo diante disso, a noite não deixou de ser inesquecível e marcante, principalmente para os fãs que pegaram o nascer do Slipknot. Foi possível ouvir músicas nunca tocadas antes pela banda em solo brasileiro. Isso foi um grande presente.