Smashing Pumpkins faz ode aos anos 90 em show animado em São Paulo | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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Smashing Pumpkins faz ode aos anos 90 em show animado em São Paulo

Banda do agora carismático Billy Corgan agradou fãs com hits, performou faixas não tão aclamadas e recheou apresentação com solos e jams

No cenário atual do showbusiness no Brasil, raras são as performances solo de nomes alternativos dos anos de 1990. Não por falta de público, é claro, tendo em vista que os brasileiros são mundialmente conhecidos por sustentarem a carreira de diversos nomes quase esquecidos na indústria, mas sim pela dificuldade de se contratar essas atrações fora do circuito dos festivais. 

Com exceção de nomes de arena como Pearl Jam, Foo Fighters e tantos outros, não é comum presenciar turnês solo de quem remava contra a maré do grunge na última década do século XX. Esse é o caso do Smashing Pumpkins, que desde 2015 não descia ao Brasil para uma turnê – da última vez eles fizeram parte do lineup do Lollapalooza.

O show contou com o ato de abertura dos paulistas do Terno Rei, banda que vem conquistando cada vez mais público e fazendo presença nos maiores festivais do país. Misturando influências das mais baladinhas dos Pumpkins com dream pop e shoegaze, a banda, que em alguns pontos até soou um pouco deslocada sob os olhares dos mais rockeiros fãs, tem ganhado espaço merecidamente. “É uma honra a gente estar aqui. Já abrimos show de muita gente, mas sem dúvida esse é o mais especial, nós somos muito fãs do Smashing Pumpkins“, disse o vocalista Ale Sater no final da apresentação.

A set, que contou com faixas como “Solidão de Volta“, “Yoko“, “Brutal” e “Esperando Você“, foi bem recebida por parte do público, que estranhava a calmaria e os sintetizadores de um grupo que tem como público-alvo as novas gerações.

Os brasileiros, que assinaram com o selo Balaclava Records, que também produziu o evento, fizeram um ótimo show no Primavera Sound de 2022 e agora se preparam para se apresentar no Lollapalooza 2025 como uma das mais aguardadas atrações nacionais. 

Se a abertura foi bem recebida, mas não unânime, o senso comum era um só: muitos não sabiam o que esperar dos norte-americanos. O grupo, que acabou de lançar o ótimo Aghori Mori Mei, décimo terceiro disco da carreira, até tocou faixas novas, mas o brilho ficou todo para os clássicos e as “graças” da simpatia incomum de Billy Corgan.

Liderados por um surpreendentemente animado Billy, que em meio a críticas de ex companheiros (sendo chamado inclusive de “tirano”), parece ter se reencontrado em cima do palco, a banda revisitou a essência da sua década de maior sucesso, sustentada pelos clássicos Siamese Dream e Mellon Collie and the Infinite Sadness, lançados em 1993 e 1995, respectivamente.

Mais pesado que o costume, com riffs distorcidos e a presença de alguns synths/keyboards no background, os Pumpkins evocaram a nostalgia da época, com uma abordagem vigorosa, se rendendo aos clichês de um show de rock de arena… em uma casa fechada e completamente lotada. Os discursos estavam mais otimistas, em contramão às letras de Corgan, que sempre abordavam temas mais delicados acerca da existência. 

Foto: Fernanda Lima (Moodgate)

O Espaço Unimed ficou ensandecido com hits como “1979“, “Bullet with Butterfly Wings“, “Today” e “Tonight, Tonight“, que foram recebidos com euforia pelo público, mas outro destaque foi a execução das faixas mais obscuras, que, mesmo sem o mesmo apelo dos sucessos, trouxeram peso e intensidade. Tracks como “Mayonaise“, “Shighommi” e “Empires” foram bem aproveitadas pelos paulistanos, completamente entregues à apresentação desde o primeiro acorde.

Entregando o que parece ser um de seus melhores momentos como cantor, Corgan, com sua presença cativante e aparência característica, só parou quieto na hora do set acústico, onde encantou os brasileiros com versões voz e violão de “Disarm“, “Landslide“, do Fleetwood Mac, e “Shine On, Harvest Moon“, de Ruth Etting. Que acerto!

Se o clima da festa era animadíssimo e o dress code formado por sobretudos escuros e lápis de olho, sobrou espaço até para uma versão de “Ziggy Stardust“, de Bowie, cantada pelo guitarrista James Iha, após o “apito final” formado pela emblemática “Zero” e a incrível “Cherub Rock“.

“São Paulo, esse foi um dos melhores shows da carreira da banda”, disse Corgan nas redes sociais. Talvez a ansiedade de reencontrar os rostos do Brasil tenha sido um dos sentimentos que deixaram o vocalista um pouco mais solto.

Longe de fazer média para convencer quem espera apenas uma setlist de hits, Billy fez com que o repertório – cheio de surpresas e pouco palatável em sua totalidade -, se tornasse um dos pontos mais altos da apresentação. Sorte de quem aprecia as diversas nuances da discografia da banda.

Foto: Fernanda Lima (Moodgate)

A performance dos Pumpkins, que até poderia soar confusa por conta do ânimo inesperado de seu frontman, honrou não apenas o legado da banda, mas também transportou os fãs por uma viagem visceral, onde o rock alternativo foi o protagonista. 

Entre tantas idas e vindas durante a carreira, a única certeza é que, mesmo nove anos depois da última, o quinteto liderado por Billy Corgan sabe fazer uma festa desajustada como poucos. 

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matheusizzo@outlook.com

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