Iron Maiden no Brasil: o guia definitivo | Moodgate
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Iron Maiden no Brasil: o guia definitivo

Ao longo de 49 anos de existência à serviço do Heavy Metal, o Iron Maiden conquistou uma devoção enorme vinda do público brasileiro. Não à toa, o grupo liderado por Steve Harris já incluiu o nosso país na rota de 13 turnês e, em dezembro deste ano, irá completar um total de 44 shows realizados por aqui, com as duas apresentações que irão acontecer no Allianz Parque (São Paulo), nos dias 06 e 07 de dezembro.

Cada passagem da banda britânica pelo Brasil foi singular. Afinal, o Iron Maiden possui a tradição de mudar o seu setlist a cada turnê e, até o momento, nunca veio ao nosso país duas vezes com o mesmo espetáculo. Relembre, a seguir, cada uma das vindas da ‘’donzela de ferro’’ ao Brasil e descubra o que terá de novo nos dois shows que acontecerão, por aqui, em dezembro:

1985: Estreia magistral no Rock in Rio

Embora o Iron Maiden tenha caído no gosto dos headbangers brasileiros já em 1980 (ano do autointitulado álbum de estreia do grupo, gravado ainda com Paul Di Anno nos vocais), a primeira passagem da banda pelo Brasil aconteceu somente em janeiro de 1985, durante a turnê promocional do álbum Powerslave (o 5° da discografia dos britânicos). Essa primeira vinda incluiu um único show, mas não se tratava de um show qualquer: Steve Harris, Bruce Dickinson, Dave Murray, Nicko McBrain e Adrian Smith estavam aqui para se apresentar na noite de abertura da edição inaugural do Rock in Rio.

Naquela época, os brasileiros não estavam acostumados a ver shows internacionais de peso com tanta frequência. Por isso, cerca de 300 mil pessoas (entre elas, várias intrusas) compareceram à Cidade do Rock para assistir de perto a noite de abertura do festival – que aconteceu no dia 11 de janeiro de 1985 e contou com Iron Maiden, Queen e Whitesnake, além dos brasileiros Ney Matogrosso, Erasmo Carlos, Pepeu Gomes e Baby Consuelo.

Embora a atração de encerramento tenha sido o Queen, o Iron Maiden pôde tocar por cerca de uma 1h30min e não precisou cortar nenhuma das músicas que eles vinham apresentando na chamada World Slavery Tour. Pela primeira vez, os brasileiros puderam conferir, ao vivo, clássicos como Aces High, 2 Minutes to Midnight, The Number Of The Beast, The Trooper, Run To The Hills, Revelations, Hallowed Be Thy Name e Running Free.

Até então, aquela noite era o maior evento musical que o Brasil já havia recebido. Tanto que foi televisionada para o país inteiro, através da Rede Globo, e repercutiu globalmente de forma muito intensa.

Como era de praxe nos anos 1980, a transmissão televisiva de um show de Heavy Metal fez com que muitos telespectadores conservadores ficassem chocados com o estilo musical do Iron Maiden. Até mesmo os repórteres da Globo que cobriam o evento demonstraram ter pouca familiaridade com o gênero, durante a transmissão. Porém, os incomodados teriam que se acostumar, pois essa era apenas a primeira das muitas vindas do grupo para cá.

1992: Três shows-solo, na Fear of The Dark Tour

Sete anos depois de tocar no primeiro Rock in Rio, o Iron Maiden retornou ao Brasil, para fazer três shows fora de festivais. Desta vez, a agenda da banda incluiu, não somente o Rio de Janeiro, como também as cidades de São Paulo e Porto Alegre.

As apresentações aconteceram entre julho e agosto de 1992, como parte da turnê promocional do então recém-lançado álbum Fear of The Dark (1992). Mesmo incluindo novamente músicas como The Trooper, Running Free e The Number of The Beast, o setlist que a banda apresentou nesta segunda passagem pelo Brasil foi bastante diferente do que foi seguido no Rock in Rio, pois contou com o clássico Wratchild (do álbum Killers) e com diversas canções que haviam sido lançadas entre 1985 e 1992 – a exemplo de Can I Play With Madness, Fear of The Dark, The Evil That Men Do, Afraid To Shoot Strangers, Be Quick or Be Dead e Wasting Love (esses dois últimos sucessos, aliás, por incrível que pareça, nunca mais marcaram presença nos setlists da banda por aqui).

Outra novidade desta segunda vinda foi a estreia do guitarrista Janick Gers em solo brasileiro. Ele havia sido contratado em 1990, para substituir Adrian Smith, e participaria de todas as vindas seguintes do Iron Maiden ao Brasil.

1996: Entre vários monstros do Rock, mas sem Bruce Dickinson

No final de agosto de 1996, o Iron Maiden retornou ao Brasil, para ser a atração principal da edição paulistana do festival Monsters of Rock e, em seguida, realizar shows solo em Curitiba e no Rio de Janeiro. Porém, diferente do que aconteceu em 1985 e em 1992, o responsável pelos vocais da banda nessas três apresentações não foi Bruce Dickinson, mas sim Blaze Bayley – frontman que, em 1994, desbancou vários vocalistas de peso (entre eles, o ícone brasileiro André Matos) ao vencer o processo de seleção que o Iron Maiden promoveu para encontrar um substituto para Dickinson.

O desempenho vocal do novo frontman, porém, foi o ponto mais criticado das três apresentações: em vários momentos (não apenas desses shows, mas da turnê mundial realizada em 1996), Blaze desafinou e demonstrou possuir um registro de voz que não combinava com o que as músicas do Iron Maiden pedem. O público presente nos shows não vaiou, mas a transmissão televisiva do Monsters of Rock deixou essas falhas bem claras e elas repercutiram bastante no Brasil – principalmente porque a não-contratação de André Matos, em 1994, já havia deixado muitos brasileiros indignados.

A turnê da época divulgava o álbum The X Factor (gravado em 1995, já com Bayley) e, por isso, os shows realizados no Brasil incluíram algumas músicas deste trabalho – tais como Sign Of The Cross, The Aftermath e Man on The Edge. Porém, o setlist também incluiu várias canções gravadas, originalmente, por Bruce Dickinson ou Paul Di Anno – a exemplo de The Number Of The Beast, The Trooper, The Clairvoyant, 2 Minutes to Midnight, Sanctuary, Running Free e Fear of The Dark.

A apresentação realizada no Monsters of Rock foi a mais marcante dessa terceira vinda do Iron Maiden ao Brasil, não apenas por ter sido televisionada para o país inteiro, mas também por ter contado com shows de abertura das ilustríssimas bandas Skid Row, Motorhead, Biohazard, Raimundos, Helloween, King Diamond, Mercyful Fate e Heroes Del Silencio.

1998: Vinda marcada por protestos da plateia

Em dezembro de 1998, o Iron Maiden retornou ao Brasil em tempo recorde: apenas dois anos e três meses depois da vinda anterior. Desta vez, o grupo inglês – que ainda contava com Blaze Bayley nos vocais – foi contratado para tocar em quatro cidades brasileiras: Rio de Janeiro, Campinas, São Paulo e Curitiba. Todas as apresentações fariam parte da Virtual XI World Tour (que divulgava o álbum Virtual XI, de 1998) e contariam, ainda, com shows de abertura das bandas Helloween e Raimundos.

Essa, porém, foi, de longe, a passagem mais problemática do Iron Maiden pelo Brasil. Já no primeiro show (realizado no antigo Metropolitan, do Rio de Janeiro), os membros da banda britânica se irritaram com os vários protestos da plateia contra o vocalista Blaze Bayley (principalmente com o arremesso de vários objetos ao palco) e, por isso, decidiram cortar o Bis da apresentação – que, naquela turnê, era composto pelos clássicos The Number of The Beast, The Trooper e Sanctuary. A indignação dos espectadores cariocas com esse ocorrido só não foi maior do que a ira do público que pagou para assistir ao show de Campinas: em virtude das fortes chuvas ocorridas no dia do evento, a apresentação que iria acontecer no Estádio Brinco de Ouro acabou sendo cancelada e, com isso, a plateia que já estava presente no recinto iniciou um quebra-quebra generalizado que destruiu boa parte do estádio (bem como equipamentos eletrônicos do palco e carros estacionados nas proximidades do local), levou dezenas de pessoas aos hospitais e gerou conflitos violentos com a tropa de choque. A organização do show teve um prejuízo de mais de R$ 300 mil, após esse ocorrido que mais parecia uma zona de guerra.

Apesar disso, os shows marcados em São Paulo e Curitiba foram realizados sem qualquer problema do tipo. Até mesmo Blaze Bayley (que havia sido muito criticado por seu desempenho na turnê anterior) entregou performances vocais bastante elogiadas nesses dois shows. Porém, essas foram as duas últimas apresentações em solo brasileiro que o Iron Maiden fez com Blaze nos vocais – afinal, em 1999, Bruce Dickinson retornaria à banda, para a alegria dos fãs.

2001: Gravando DVD e fazendo as pazes com o Brasil, onde tudo começou

Em junho de 2000, o Iron Maiden começou a turnê de divulgação do álbum Brave New World (2000) – que marcou o retorno de Bruce Dickinson e Adrian Smith à banda e, também, o início de uma formação que incluía três guitarristas matadores (uma vez que Janick Gers seguiu no grupo, mesmo com o retorno de Smith). A organização do Rock in Rio, de maneira muito inteligente, aproveitou esse grande momento que o Iron Maiden vivia, ao contratar a banda para retornar ao festival, após 16 anos.

Esse regresso da ‘’donzela de ferro’’ à Cidade do Rock aconteceu no dia 19 de janeiro de 2001 e foi o único show que o grupo fez no Brasil, naquele ano. Mesmo assim, foi, para muitos, a vinda mais histórica do Iron Maiden ao nosso país, pois a impecável apresentação da banda na terceira edição do Rock in Rio acabou sendo eternizada em um DVD oficial que foi comercializado no mundo inteiro.

Além de seis músicas do álbum Brave New World (The Wicker Man, Blood Brothers, Brave New World, The Mercenary, Ghost of The Navigator e Dream Of The Mirrors), o setlist daquela turnê também incluiu 13 sucessos mais antigos: Wrathchild, 2 Minutes to Midnight, Sign of the Cross, The Trooper, Fear of The Dark, The Clansman, The Evil That Men Do, Iron Maiden, The Number of The Beast, Hallowed Be Thy Name, Sanctuary e Run To The Hills.

O retorno de Bruce Dickinson e Adrian Smith à formação da banda foi, obviamente, um show à parte para o público. Por mais que Dickinson tenha feito ótimas turnês-solo no Brasil em 1995, 1997 e 1999 (nessa terceira ocasião, ele até gravou o DVD Scream To Me, Brazil), vê-lo acompanhado, novamente, de Steve Harris e cia. trouxe uma sensação especial para os espectadores. O contrário também vale: se as duas últimas vindas do Iron Maiden ao Brasil haviam deixado um gosto amargo nos fãs, essa de 2001 compensou, ao ser simplesmente irretocável.

Como se não bastasse, a plateia que compareceu àquela noite do Rock in Rio ainda pôde assistir, mais cedo, naquele mesmo palco, shows de Rob Halford, Sepultura, Queens of The Stone Age, Pavilhão 9 e Sheik Tosado.

2004: Dois shows na Dance of Death World Tour

Três anos depois da Brave New World Tour ter aterrissado no Rock in Rio 2001, o Iron Maiden retornou ao Brasil com a Dance of Death World Tour. Essa turnê promovia o álbum de inéditas Dance of Death (2003) e, durante o primeiro mês de 2004, passou pelas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.

Nesses dois shows, a banda apresentou, pela primeira vez no Brasil, as canções Dance of Death, Wildest Dreams, Rainmaker, Paschendale, No More Lies e Journeyman (todas elas do álbum que estava sendo promovido). Porém, clássicos antigos indispensáveis como The Trooper, The Number of The Beast, Run to The Hills, Can I Play With Madness e Fear of The Dark também fizeram parte do setlist.

A Dance of Death World Tour era composta por shows bem mais teatrais do que os anteriores que o Iron Maiden havia apresentado, anteriormente, no Brasil.  Há alguns anos, os concertos da banda já vinham contando com cenários mais trabalhados e aparições ocasionais de Eddie The Head (mascote fictício do grupo; representado nos shows por pessoas fantasiadas), mas a turnê que passou por aqui, em 2004, incluiu um grande número de figurinos fixos, decorações de palco conceituais e, até mesmo, encenações. Os grandes destaques das performances realizadas nessa excursão foram os momentos em que a ‘’Dona Morte’’ apareceu para o público – primeiramente, interpretada por Dickinson durante Dance of Death e, depois, representada por bonecos enormes de Ed Hunter caracterizado como tal.

Em São Paulo, quem abriu o show foi o grupo de heavy metal local Shaman (liderado por ninguém menos que André Matos). No Rio, porém, a atração de abertura foi a banda carioca Heavenfalls.

2008: Turnê retro em três cidades

Em março de 2008, o Iron Maiden fez shows em São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, durante a Somewhere Back In Time World Tour. Diferente das demais turnês que já haviam passado pelo Brasil, esta excursão não promovia qualquer álbum de inéditas, mas sim a coletânea Somewhere Back In Time – que compilou os principais sucessos lançados pela banda durante a década de 1980. Por isso, com a exceção única de Fear of The Dark (clássico de 1992), nenhuma música lançada nas décadas de 1990 e 2000 foi tocada nos shows desta turnê.

Apesar do setlist ter sido composto apenas por canções antigas, houveram sim novidades: os brasileiros puderam conferir, pela primeira vez, pérolas como Moonchild, Wasted Years e Rime of the Ancient Mariner sendo tocadas em solo nacional. Porém, é claro que as indispensáveis The Trooper, The Number of The Beast, Run to The Hills, Iron Maiden, Aces High, 2 Minutes to Midnight, Can I Play With Madness e Hallowed Be Thy Name não ficaram de fora do repertório.

2009: Mais cinco datas da Somewhere Back in Time Tour no Brasil

O sucesso dos shows que o Iron Maiden realizou no Brasil, em 2008, foi tão grande que, em março do ano seguinte, o grupo retornou ao país, com a mesma turnê. São Paulo esteve novamente no roteiro da banda, mas a agenda da excursão deixou Curitiba e Porto Alegre de lado para incluir as cidades de Manaus, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília.

Era, até então, a maior série de shows consecutivos do Iron Maiden por aqui – sendo que três das cinco cidades na rota da turnê (Manaus, Belo Horizonte e Brasília) nunca haviam recebido um show da banda antes.

A Somewhere Back In Time Tour estava, inicialmente, planejada para acontecer até agosto de 2008, mas acabou se estendendo até 2009, com o objetivo de retornar a vários países onde os shows foram aclamados. Durante essa etapa extra, os músicos do Iron Maiden decidiram alterar um pouco o setlist da turnê, para não passarem duas vezes por um país com o exato mesmo espetáculo. Assim, Revelations, Can I Play With Madness, Heaven Can Wait, Moonchild e The Clairvoyant foram retiradas do repertório para dar lugar a Wrathchild, Children of The Damned, Phantom Of The Opera, The Evil That Men Do e Sanctuary.

2011: Atmosfera especial, na The Final Frontier Tour

Em 2011, as produtoras de eventos já haviam percebido, há bastante tempo, que chamar o Iron Maiden para o Brasil era um investimento extremamente seguro. Por isso, a banda acabou vindo para cá naquele ano, com a turnê promocional do álbum The Final Frontier. Foram seis shows que aconteceram entre março e abril de 2011, nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belém, Recife e Curitiba, respectivamente.

O repertório daquela excursão era composto por 11 clássicos antigos e 5 músicas do então recente álbum The Final Frontier (Satellite 15…The Final Frontier, El Dorado, The Talisman, Coming Home e When The Wild Wind Blows). Por mais que as canções do trabalho que estava sendo promovido não tenham animado tanto o público, o conceito visual daquela turnê específica chamou bastante atenção: o palco era decorado com vários elementos que remetiam a viagens espaciais e, durante as músicas The Evil That Men Do e Iron Maiden, o público ia ao delírio com as aparições incríveis do mascote Eddie The Head em versão alienígena.

Vale lembrar que cada apresentação contou com uma banda de abertura brasileira diferente. Entre elas, a que mais agradou os fãs do Iron Maiden foi, certamente, a Cavalera Conspiracy (dos irmãos Max e Igor Cavalera; ex-Sepultura), em São Paulo.

Esses, porém, foram os primeiros shows do Iron Maiden no Brasil que não contaram com o clássico Run To The Hills. Foi, certamente, a ausência mais sentida das seis apresentações feitas por aqui naquele ano.

2013: Maiden England no Brasil

Em 2013, o Iron Maiden fez shows em São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba com a Maiden England World Tour.

A excursão celebrava os 25 anos do álbum Seventh Son of a Seventh Son (1988), ao incluir, no setlist, 5 das 8 canções desse trabalho (no caso, Moonchild, Can I Play With Madness, Seventh Son of a Seventh Son, The Evil That Men Do e The Clairvoyant). O restante do repertório mantinha a pegada retrô, englobando apenas clássicos lançados de 1980 a 1993 – como The Trooper, Run To The Hills, Aces High, Running Free, Fear of The Dark, Phantom of The Opera e Wasted Years.

Porém, nas três apresentações, o público brasileiro sentiu bastante a ausência de Hallowed Be Thy Name – música de 1983 que, pela primeira vez desde que foi lançada, ficou de fora de uma turnê da banda.

Um desses três shows aconteceu na quinta edição brasileira do Rock in Rio – onde o Iron Maiden foi a atração principal de uma noite que também contou com Avenged Sevenfold, Slayer, Sepultura + Zé Ramalho, Helloween e outros nomes de peso. Foi a terceira participação do grupo britânico no festival.

Em São Paulo e em Curitiba, as bandas que abriram para o Iron Maiden foram Slayer e Ghost.

2016: Bruce Dickinson fazendo milagre nos palcos brasileiros

Em março de 2016, a banda passou por Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza e São Paulo, durante a turnê promocional do então recém-lançado álbum The Book of Souls.

Nessa ocasião, os brasileiros ficaram pasmos ao conferir de perto o quão incrível estava a voz de Bruce Dickinson, mesmo após o vocalista ter passado por um câncer na língua em estágio avançado, há menos de um ano. Os fãs que compareceram a essa turnê presenciaram um verdadeiro milagre que nem a ciência explica.

O repertório dos shows daquela excursão incluiu seis músicas do álbum que estava sendo promovido (If Eternity Should Fail, Speed Of Light, Tears of a Clown, The Red and The Black, The Book of Souls e Death or Glory), além dos clássicos antigos Children of The Damned, The Trooper, Powerslave, Hallowed Be Thy Name, Fear of The Dark, Iron Maiden, The Number of The Beast, Blood Brothers e Wasted Years.

2019: Melhor show da história do Rock in Rio?

Em 2019, o Iron Maiden aterrissou em nosso país com a Legacy of The Beast World Tour – excursão que promovia os espetáculos mais teatrais e bem-produzidos que a banda já havia realizado.

Aquela turnê contemplava sucessos de várias fases do Iron Maiden e dispunha, também, de um design de palco incrível que variava conforme a música – trazendo um avião cenográfico em Aces High, um anjo inflável em Flight of The Icarus e um coisa-ruim móvel em The Number of The Beast. Além disso, havia um número grande de figurinos e encenações teatrais de Bruce Dickinson em Sign of The Cross, The Trooper, The Clansman, Where Eagles Dare e Hallowed Be Thy Name.

A pirotecnia foi outro show à parte: esse recurso foi utilizado em abundância durante The Number of The Beast, Sign Of The Cross, Fear of The Dark e Flight Of The Icarus (nesta última, era Bruce Dickinson quem controlava o fogo, utilizando um lança-chamas).

O primeiro dos três shows que o grupo realizou por aqui, naquele ano, ocorreu na oitava edição do Rock in Rio Brasil. Embora bandas como Scorpions, Slayer, Helloween, Sepultura e Anthrax também tenham se apresentado no mesmo dia, o Iron Maiden foi o grande destaque do evento: o espetáculo que a banda britânica promoveu, durante a sua quarta passagem pelo Rock in Rio, foi amplamente descrito como um dos melhores da história do festival.

Poucos dias depois, a Legacy of The Beast World Tour passou pelas cidades de São Paulo e Porto Alegre – onde a recepção não foi menos calorosa.

2022: Legacy of Senjutsu

Entre agosto e setembro de 2022, os membros do Iron Maiden passaram pelas cidades de Curitiba, Ribeirão Preto, Rio de Janeiro (novamente convocados pelo Rock in Rio) e São Paulo. A turnê da vez ainda era a Legacy of The Beast World Tour, mas o setlist tocado não foi exatamente o mesmo da última vinda, pois incluiu músicas do novo álbum Senjutsu (2021) e uma canção que não era tocada por aqui desde 2016.

No lugar de 2 Minutes to Midnight, Where Eagles Dare, For The Greater Good of God, The Evil That Men Do e The Wicker Man (que haviam sido tocadas no Brasil em 2019), entraram as recentes Senjutsu, The Writing On The Wall e Stratego, além de Blood Brothers (do álbum Brave New World, de 2000).

As três músicas novas foram tocadas, logo de cara, na abertura dos shows. Porém, por mais que o restante do espetáculo não tenha trazido muitas novidades em relação à vinda anterior, foi, mais uma vez, emocionante conferir as incríveis performances de sucessos como The Trooper, Sign of The Cross, Flight of The Icarus, Run To The Hills, Fear of the Dark e The Number of The Beast dentro da proposta teatral dessa turnê.

No Rock in Rio, o Iron Maiden dividiu a noite com Dream Theater, Gojira, Sepultura, Bullet For My Valentine, Living Colour, Steve Vai, Black Pantera, Ratos de Porão e outros nomes de peso. Nas demais cidades, o grupo sueco Avatar ficou responsável pelo show de abertura.

Depois dessa passagem de 2022, Bruce Dickinson veio três vezes ao Brasil, para divulgar projetos solo. Porém, o vocalista não cantou músicas do Iron Maiden em nenhuma dessas ocasiões. Afinal, ele estava guardando isso para a Future Past World Tour.

O que esperar de dezembro de 2024?

Ao rodar o mundo de maio de 2018 a outubro de 2022, a Legacy of The Beast World Tour entrou para a história como a turnê mais longa já feita pelo Iron Maiden. Porém, em maio de 2023, o grupo britânico, enfim, deu início a uma turnê nova: a Future Past World Tour. Trata-se de uma excursão a nível global que celebra o clássico álbum Somewhere In Time (1986), ao mesmo tempo que dá continuidade à divulgação do trabalho mais recente da banda, Senjutsu (2021).

Os shows que o Iron Maiden vem fazendo, desde o início do ano passado, são quase que totalmente voltados a esses dois álbuns citados. As únicas canções do repertório que pertencem a outros trabalhos são The Trooper, The Prisoner, Can I Play With Madness, Fear of The Dark e Iron Maiden.

Dentro da proposta de celebrar os álbuns Somewhere In Time e Senjutsu, a banda inclui sim músicas que já foram tocadas várias vezes no Brasil – como Wasted Years e The Writing on The Wall. Porém, o que mais chama atenção no setlist da excursão são sete pérolas que nunca estiveram em nenhum show do grupo por aqui: Caught Somewhere In Time, Stranger In a Strange Land, Days Of Future Past, The Time Machine, Hell on Earth, Death of the Celts e a épica Alexander The Great – que nunca havia entrado em qualquer turnê do Iron Maiden e, desta vez, acabou sendo lembrada, graças a inúmeros pedidos de fãs ao longo de décadas.

As novidades são muitas pois, na época da Somewhere on Tour (1986-1987), o Iron Maiden não chegou a se apresentar no Brasil. Os dois shows da Future Past World Tour no Allianz Parque serão uma espécie de compensação histórica para o público brasileiro – ainda mais se formos considerar o fato de que a excursão atual da banda possui várias vantagens em relação à Somewhere on Tour: os shows estão contando com músicas extras, performances mais teatrais e uma estrutura de palco muito superior.

Por mais que clássicos como Hallowed Be Thy Name, Aces High, 2 Minutes to Midnight e Run To The Hills tenham ficado de fora da Future Past World Tour, o repertório desta excursão tem agradado, principalmente, os fãs intensos de longa data – afinal, nenhuma outra turnê do Iron Maiden contou com um setist tão repleto de raridades.

As apresentações, porém, trarão sutis modificações em arranjos de músicas como Caught Somewhere In Time e The Trooper. Isso vem acontecendo desde o início da turnê, com o intuito de facilitar o trabalho do baterista Nicko McBrain – que ficou parcialmente paralisado, devido a um derrame ocorrido em janeiro do ano passado e, desde então, está recuperando os seus movimentos aos poucos, com o apoio de fisioterapia.

Contudo, as respostas do público às apresentações do Iron Maiden continuam sendo tão viscerais quanto sempre foram. Com quase 50 anos de carreira, a banda continua em ótima forma e deve continuar fazendo a alegria dos fãs brasileiros por muitos anos.

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