Bring Me The Horizon faz show de arena para 3 mil pessoas em São Paulo | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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Bring Me The Horizon faz show de arena para 3 mil pessoas em São Paulo

O Bring Me The Horizon é o maior fenômeno do metal dos últimos 15 anos (para não escrever outra coisa e causar um ataque cardíaco nos headbangers por aí). A banda, que começou a ganhar ainda mais popularidade após a sequência Sempiternal (2013) e That’s the Spirit (2015), sucessos em números e crítica, parece ter encontrado no Brasil a sua base de fãs mais fiel.

A afirmação fica ainda mais clara após os britânicos tornarem um suposto show promocional de aquecimento em uma noite catártica, com altas doses de adrenalina, pensada especialmente para as dezenas de milhares. 

A relação do grupo com o Brasil, no entanto, não é recente. Oliver, vocalista e frontman, já tem até CPF – ele é casado com a modelo e também artista Alissa Salls. “Brasil, eu amo vocês demais”, disse o cantor em certo momento da apresentação. Fofo!

Em contramão da puxação-de-saco que alguns gringos têm com os brasileiros, os valorizando apenas na hora das turnês mundiais com ingressos de valores exorbitantes, o Bring Me The Horizon genuinamente parece se sentir confortável em território nacional – e ir um pouco além da relação fã x ídolo.

Nos últimos anos, a banda se apresentou no Lollapalooza e no KNOTFEST, além de ter realizado alguns shows solo em paralelo. Agora fez até pop-up store especial. O estopim que começou a sustentar essa relação até pode ter sido o casamento de Oli e Alissa, mas há anos o match entre banda e fã vem ficando mais evidente nas redes sociais. O “come to Brazil” foi levado a sério demais, talvez – nesse caso, sorte a nossa.

Com casa lotada, os fãs tiveram que lidar com certo atraso após um temporal repentino atingir a cidade, dificultando a chegada e a entrada no evento. A parte boa é que tudo parece ter valido a pena para cada um presente na Barra Funda nesta quinta-feira, (28), mesmo com os perrengues.

Dando o pontapé inicial com Darkside, MANTRA e Teardrops, amadíssimas tracks dos últimos discos, o primeiro contato foi estarrecedor. Entre berros e lágrimas de alguns mais emocionados, também se via aqueles que pareciam não acreditar no que acontecia em frente a seus próprios olhos.

Hits como Shadow Moses, Sleepwalking e Can You Feel My Heart ajudaram a construir a ode do BMTH não apenas aos fãs, há muito tempo trilhando os mesmos caminhos lado a lado, mas também a própria carreira do grupo. Matt Kean, Lee Malia, Matt Nicholls e Sykes se tornaram raro exemplo de banda que consegue celebrar o sucesso duradouro sem soar como uma cópia de si mesma.

Se no início eles apostavam em faixas com andamentos mais velozes e berros estridentes num quase deathcore de garagem, com o amadurecimento natural da estrada o som foi se transformando – dessa forma, inclusive, que o quarteto ultrapassou as barreiras de tempo e região. Claro, sempre haverá a parcela que opta pelos trabalhos mais antigos, mas os capítulos mais brilhantes da carreira do Bring Me The Horizon são justamente os que tem como público-alvo as novas gerações.

No show em São Paulo, os britânicos ainda presentearam os fãs com a estreia ao vivo de N/A, faixa do mais recente álbum Post Human: Nex Gen (2022). O momento foi recebido com entusiasmo pela plateia, reforçando a capacidade da banda de surpreender e inovar, mesmo após tantos anos de estrada,

Se metaleiros por aí ainda permanecem rejeitando a modernidade, o BMTH usa da premissa para, através da tecnologia e das ferramentas eletrônicas disponíveis nos dias atuais, mostrar o outro lado da moeda, criando um universo distópico onde a inteligência artificial parece dominar a existência. Até por isso você verá uma espécie de robô-avatar criando a narrativa da apresentação nos telões. Mais um ponto positivo na conta dos ingleses.

Throne e Drown, por exemplo, dão voz aos questionamentos e sentimentos dos millennials e até de parte da GEN-Z, mas são canções também construídas sob a premissa do sucesso comercial e dos refrões cativantes para estádios e arenas. Não por acaso são dois dos maiores singles da carreira do grupo. É fórmula, estudo. A parte boa é que, enquanto começavam a usar e abusar dos synths e keyboards como base para riffs distorcidos e característicos da própria identidade, auxiliados pelo ex-integrante Jordan Fish, também conseguiram se distanciar da maior parte do arroz com feijão da indústria, presos no molde Big 4 de fazer metal em pleno anos 2010.

Não se surpreenda ao notar as claras semelhanças no que fazem nomes como Bad Omens, Sleep Token e tantos outros – que são ótimos, aliás – com os trabalhos pós 2011 de Oli e companhia. 

O quarteto conseguiu criar casca para se tornar referência em um meio onde a aceitação da jovialidade não é tarefa fácil. A banda dita o ritmo do gênero – e aí cada um os limita na caixinha que quiser -, criando tendências que hoje até podem soar água com açúcar, mas que há 10 anos ainda eram apenas experimentos além da margem. 

Ninguém odeia o fraco, não se coloca em cheque o trabalho de quem não tem algo a oferecer. Nesse mar de azar que é a indústria da música e o showbusiness, que parece não ter piedade com quem não se rende às águas de gravadoras e algoritmos, o Bring Me The Horizon aparece como uma curva fora do rio, que fiel às suas próprias crenças, conseguiu tornar o experimento em regra, no estúdio e ao vivo. 

O show desta quinta-feira provou até com certa facilidade que eles são, há pelo menos 10 anos, a maior realidade do rock moderno. Agora chegou a vez de ilustrar ainda mais esse impacto fazendo um show para mais de 45 mil pessoas no Allianz Parque. 

Essa é a hora do grito de quem sempre teve algo a dizer ser eternizado nas alamedas de uma das maiores cidades do planeta – e quando o assunto é BMTH, tenha certeza: eles estão e sempre estarão destinados a coisas grandes.

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matheusizzo@outlook.com

1 Comment

  • Marcelo
    Novembro 30, 2024

    Que definição se dá para isso?

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