O duo de Ohio, Twenty One Pilots, entregou uma noite histórica e repleta de emoções no maior show solo de sua carreira no Brasil. No último domingo, dia 26, o Allianz Parque, em São Paulo, foi palco da aguardada Clancy World Tour, turnê que celebra o elogiado álbum Clancy (2024). Com uma performance memorável, a banda trouxe à tona a sensação de pertencimento que conecta fãs ao redor do mundo.
A apresentação, que selou a última data da turnê no Brasil – a primeira solo da carreira dos estadunidenses -, se concretizou como uma verdadeira jornada sensorial, capaz de tocar profundamente todos os presentes. Com a abertura da ótima Balu Brigada, banda da Nova Zelândia, a noite foi memorável para uma multidão de apaixonados.
Com mais de 40 mil pessoas no estádio, a sensação de pertencimento tomou conta do ambiente desde os primeiros acordes. O duo de Ohio, formado por Tyler Joseph e Josh Dun, entregou um espetáculo completo, mesclando elementos visuais, sonoros e performáticos que fizeram os fãs viajarem por todas as eras do grupo.
Overcompensate, uma das grandes de Clancy, abrindo os trabalhos no Allianz Parque.
— Moodgate ⚡️ (@Moodgate_) January 27, 2025
Bem vindos, @twentyonepilots! ❤️🔥
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Quase impossível não notar a evolução da banda, que soube equilibrar a energia de seus primeiros sucessos com as inovações dos discos mais recentes, ainda que o injustiçado Scaled and Icy (2021) seja tão criticado. Na vestimenta, nas transições ou nas projeções visuais, uma única certeza: há uma espécie de frenesi natural e automático nas apresentações ao vivo da banda que funciona quase como uma chave que abre a porta da imaginação dos fãs. Esse sentimento se deve à qualidade do duo em criar narrativas ficcionais que fazem paralelos às vivências da vida real.
O público, que se espremeu entre as grades, cantou, pulou e chorou quase em uníssono, como se a obra de Tyler e Josh fosse a trilha sonora de suas próprias vidas. E, na verdade, realmente é.
A facilidade de conexão dos norte-americanos com o público esbarra nos momentos imersivos da performance, onde eles fazem questão de ir para a galera, tocam faixas em diversos setores do estádio, passeiam pelas estruturas de segurança e muito mais. Até soando um pouco disruptivo, talvez, Tyler assume a responsabilidade de mestre de cerimônia e se transforma no showman que, aparentemente, sempre desejou ser.
Shy Away ao vivo é alegria pura. Que showzão, Twenty One Pilots! 💜
— Moodgate ⚡️ (@Moodgate_) January 27, 2025
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Há algo profundo nas canções que transcende qualquer tipo de lore ou storytelling. Talvez seja isso que faz o Twenty One Pilots ser mais do que uma banda para tantos – eles funcionam como uma espécie de extensão de seus fãs, se tornando um reflexo de suas vivências, dúvidas e sentimentos. O espetáculo é construído para cada um presente no estádio de sentir parte de um todo. E o objetivo é alcançado sem muito esforço.
Tyler e Josh não precisam pedir para os fãs cantarem suas músicas mais alto ou ensinar letras de novos lançamentos: os brasileiros sabem; essa é a resposta para uma relação tão genuína e saudável entre banda e público.
O que também chama a atenção é o domínio que eles têm sobre o palco. Embora sejam uma dupla, os músicos parecem crescer de tamanho durante a apresentação. Que presença! A energia gerada parece vir de uma banda maior. É claro, eles são acompanhados por backing tracks pré-gravadas, synths e vozes dobradas que surgem por trás das cortinas, mas o que ganha espaço no tete-a-tete é a sintonia. Tyler e Josh se complementam de forma tão singular que, às vezes, a sensação é que eles poderiam ser irmãos.
ESSE BAIXO SALVOU AS NOSSAS VIDAS!!!!
— Moodgate ⚡️ (@Moodgate_) January 27, 2025
“Jumpsuit” é loucura total! Caosssss no Allianz Parque! 🤘🏻🟡
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Em suma, o balanço se autoexplica: é sempre bom ver o Twenty One Pilots ao vivo. Eles até podem ser headliners de qualquer festival do planeta, mas a verdade é que preferem e lidam melhor com o protagonismo, afinal, a sensação de pertencimento é muito maior quando a atenção não se divide. Talvez seja esse o motivo de tamanha conexão com os fãs.
Ano após ano, era após era, é fato: mesmo brilhando naturalmente dentro do estúdio ou em cima do palco, o duo de Ohio merece e faz valer todos os holofotes.