O ano era 2003. Linkin Park não saia das paradas da MTV, o festival Lollapalooza voltava a acontecer nos Estados Unidos, Michael Jackson era preso e nascia a banda The Amity Afflicion. Os adolescentes Ahren Stringer, Joseph Lilwall e Troy Brady se reuniram para criar e colocar ao mundo suas próprias músicas, classificadas no gênero metalcore e post-hardcore.
The Amity Affliction é uma banda da pequena região de Gympie em Queensland, na Austrália, e tudo começou quando o trio ainda terminava o ensino médio. O nome dado ao grupo é uma homenagem a um amigo que morreu em um acidente de carro com apenas 17 anos. As palavras “Amity” de “amizade” e “Affliction” de ”aflição” representam o sentimento que eles viviam com a perda.
Há 22 anos, a banda tocava no pátio da escola durante os intervalos, e em 2025 eles desembarcam na América do Sul pela segunda vez para três shows que prometem emocionar. The Amity Affliction se apresenta primeiro no Chile, depois na Argentina e, finalmente, no Brasil, em São Paulo.

Formações e primeiros álbuns
A primeira demo da banda foi lançada ainda em 2004, contando com três faixas. Após algumas mudanças entre os integrantes (a primeira de muitas, inclusive), nascia o primeiro EP autointitulado. Mais alterações no grupo aconteceram e em 2008, finalmente, eles colocaram ao mundo o seu primeiro álbum de estúdio, o Severed Ties.
Com 11 faixas, o álbum faz uma boa apresentação do que é o The Amity Affliction: uma banda que equilibra o gutural com o melódico em plena harmonia. Severed Ties não esconde suas inspirações em bandas de hardcore e derivados que brilhavam no início dos anos 2000 e popularizaram a cena, sempre dominada pelos Estados Unidos.
O disco garantiu uma turnê na Austrália e foi muito bem recebido pelas paradas do país, consagrando o início de uma carreira que ainda seria vista no mundo inteiro. Em 2011, a banda lançou o álbum Youngbloods, que se tornou ainda mais bem sucedido que o Severed Ties. A obra garantiu uma turnê e mais um lançamento especial: Glory Days, um álbum que reúne seus dois primeiros EPs, alguns demos e duas B-sides de Youngbloods.
Chegada nas Américas
Após esses três lançamentos, a carreira da banda começou a deslanchar. Em 2010, The Amity Affliction fez a sua primeira entrevista para a mídia norte-americana, mais precisamente para a 22ª edição da revista Substream Music Press. No mesmo ano, já assinados com a empresa de gerenciamento de artistas The Artery Foundation, a banda lançou o clipe de I Hate Hartley, do álbum Youngbloods.
A gravação do terceiro álbum da banda, Chasing Ghosts, aconteceu nos Estados Unidos sob a gravadora Roadrunner Records, e o lançamento oficial foi em 2012. A estreia foi um pouco polêmica, já que a capa do álbum não orna com a mensagem das letras do grupo, que abordam a depressão e incentivam a busca por ajuda. A arte mostra um homem pendurado pelo pescoço em uma árvore, como se tivesse acabado de cometer suicídio. The Amity Affliction pediu desculpas pela contradição, mas decidiu manter a capa.

Em 2014, a banda continuou conquistando o mundo, principalmente a Europa, e lançou o álbum Let the Ocean Take Me. Os próximos anos foram ótimos para o grupo, que fez turnê com várias outras bandas, como Chelsea Grin, The Plot in You, A Day to Remember e Motionless in White, e tocou nos festivais mais prestigiados da cena, como na Warped Tour da Austrália e Estados Unidos. A banda chegou até a lançar um documentário sobre sua trajetória, em 2015.
O quinto álbum de estúdio veio em 2016 com o This Could Be Heartbreak, e no mesmo ano a banda fez parte da compilação Punk Goes Pop Vol. 7 com um cover de I Can’t Feel My Face de The Weeknd. No ano seguinte, The Amity Affliction veio ao Brasil para sua primeira e única apresentação na extinta Clash Club.
Os próximos anos contaram com o lançamento dos álbuns Misery (2018), Everyone Loves You… Once You Leave Them (2020) e Not Without My Ghosts (2023). Todas as obras foram muito bem recebidas pelos fãs, inclusive chamando a atenção de novos ouvintes. Em 2024, a banda lançou uma regravação do disco Let the Ocean Take Me, que completou 10 anos.
Saúde mental sempre em pauta
A banda The Amity Affliction aborda constantemente a saúde mental em suas letras. O próprio vocalista da banda, Joel Birch, já falou sobre a questão em entrevistas. Ele revelou que sofre de bipolaridade e que já enfrentou problemas por ter um pai alcoólatra, que deixou a família pelo vício. Birch confessou que já chegou perto dessa vida, mas vem conseguindo encarar a questão em benefício de sua própria família.
Músicas como Pittsburgh (Let the Ocean Take Me), All My Friends Are Dead (Everyone Loves You… Once You Leave Them) e Drag the Lake (Misery) são provas disso. Suas letras falam sobre estar domado pela depressão e não ver mais a famosa “luz no fim do túnel”, mas também sobre a vontade de enfrentar os sentimentos ruins e dar a volta por cima.
No início deste ano, Ahren Stringer, um dos fundadores da banda, deixou o The Amity Affliction, que decidiu tirar uma pausa das rotinas de turnê para cuidar de sua saúde. O grupo chegou a publicar uma nota oficial em sua conta no Instagram, dizendo que Ahren lidava com questões pessoais complicadas e que a relação com o restante da banda se desgastou. Atualmente, então, nenhum dos membros originais continua na banda.
Com uma carreira muito bem estabilizada no gênero, The Amity Affliction se prepara para novamente receber o calor da América Latina. A banda retorna ao Brasil para um show em São Paulo no dia 6 de abril, mas não antes de passar pelo México, Chile e Argentina.