Offspring leva bom e velho punk rock para multidão de 45 mil pessoas em São Paulo

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The Offspring realmente trouxe o punk para o Brasil com “Punk Is Coming”, mini festival da 30E que celebra a carreira da banda e divulga novo disco

Eles prometeram que o punk estava a caminho… e cumpriram. Neste sábado, (8), o Allianz Parque, em São Paulo, recebeu a etapa brasileira da “Supercharged Worldwide Tour 25“, turnê do The Offspring que celebra a carreira de sucesso da banda e também divulga o novo disco, Supercharged.

O evento, batizado de Punk Is Coming pela produtora 30E, reuniu um line-up estelar com as bandas Amyl and The Sniffers, The Warning, The Damned, Rise Against, Sublime e, claro, os protagonistas da noite.

Amyl e seus companheiros abriram os trabalhos com um show caótico. Sucesso na mídia internacional, a banda realizou um sideshow solo dias antes no Cine Joia, também em São Paulo, e agradou com facilidade as audiências da capital paulista. Foi a primeira passagem pelo Brasil, assim como aconteceu com as mexicanas do The Warning, que além de uma apresentação tecnicamente bem feita, também souberam se apresentar à parte da audiência que ainda não as conhecia. Novidade no circuito de festivais, foi possível encontrar a nova geração de punks vestindo camisas do trio de irmãs de Monterrey. Bom nome para as multidões ficar de olho.

Se o futuro está nas mãos dessas boas duas novidades, o passado e a história tinham que ter seu merecido espaço. Por isso está mais do que justificável a gigantesca apresentação dos britânicos do The Damned, grupo originalmente formado em 1976. Com clássico repertório, a banda agradou os fãs mais antigos que esperavam esse show há cerca de 13 anos. Pioneiros no estilo, Damned enlouqueceu o Allianz com faixas como “Neat, Neat, Neat” e “New Rose”. 

Representando a cota hardcore melódico do evento, o Rise Against parece ter melhorado ainda mais ao vivo desde sua última vinda, em 2023, para o Lollapalooza. Com mensagem forte em apoio aos refugiados e à igualdade, banda de Chicago entregou apresentação redondinha misturando sucessos como “Savior” e “Prayer of the Refugee” com tracks mais recentes, como o novo single “Nod”. 

Se o hardcore foi bem representado, o reggae-punk também. Pela primeira vez no Brasil com a formação atual, o Sublime subiu ao palco com Jakob Nowell nos vocais, filho do vocalista original Bradley, falecido em 1996. A figura de Jakob trouxe uma carga emocional ao show, conectando as gerações de fãs e oferecendo uma nova perspectiva sobre o legado da banda. Nós, da Moodgate, aprovamos a nova fase. E muito.

Ainda que tenha sofrido com problemas técnicos de mixagem, o grupo californiano levou sonoridade mais groovy para os fãs, ainda que tenha entregue bons momentos acelerados das influências clássicas do hardcore e punk. Mesmo com certa resistência de parte dos rockeiros quadrados que não aceitam muito bem o que se distancia um pouco de suas referências, a química entre os integrantes resultou em uma boa performance que mesclou ska, punk e reggae.

Com os holofotes apontados para os protagonistas da noite, as quase 50 mil pessoas presentes no Allianz Parque presenciaram, provavelmente, um dos melhores shows do Offspring no Brasil. 

Em uma espécie de viagem no tempo – tanto no som quanto nos visuais, pautados em jogos de videogame e referências da cultura pop do início dos anos 2000 -, os californianos entregaram o show mais divertido de 2025 (pelo menos até agora). Com hits como “Come Out And Play”, “Pretty Fly” e “Kids Aren’t Alright” na setlist, grupo fez performance apoteótica com direito a covers de clássicos do metal, chuva de papel picado, muitos fogos e vários efeitos pirotécnicos. 

Outros destaques da apresentação são os carismáticos Dexter Holland e Noodles, vocalista e guitarrista originais respectivamente, além do excelente Brandon Pertzborn, o “novo” baterista do grupo, que conseguiu dar ainda mais vida ao som da banda ao vivo e em estúdio com energia e força. Uma máquina. 

Com homenagem ao Brasil, o Offspring afirmou que essa foi uma das melhores apresentações de suas carreiras. Não há nenhum absurdo na afirmação, afinal, milhares de pessoas saíram do bairro da Barra Funda com o sentimento de terem visto um dos shows mais eletricamente agradáveis de suas vidas. 

Glorificando a nostalgia e oferecendo uma viagem no tempo quase que instantânea, os estadunidenses fizeram desta quinta vinda ao Brasil uma das mais memoráveis, ainda que dividindo a atenção dos brasileiros com os blocos de Carnaval e o Dia Internacional da Mulher. Parece loucura realizar uma performance em um final de semana tão cheio, mas não há nada mais Offspring do que remar contra a maré e apostar no que soa desajustado. Talvez esse seja o segredo do imenso sucesso da banda mesmo após quase 40 anos, inclusive: se divertir em meio ao caos. Sorte a nossa.

Para aqueles que perderam a apresentação em São Paulo, The Offspring ainda têm um último show no Brasil neste domingo, 9 de março, em Curitiba, na Pedreira Paulo Leminski. Vendas pela Eventim.