Offspring entrega mais um espetáculo de tirar o fôlego com a Supercharged Tour em Curitiba

A Pedreira Paulo Leminski, um dos melhores e mais bonitos espaços para shows em Curitiba, virou um grande moshpit no último domingo (9). A cidade foi a escolhida para receber o penúltimo show no Brasil da turnê do álbum Supercharged, do Offspring.

A banda, que chegou até a fazer uma música em homenagem ao Brasil, não se contentou em vir sozinha para a América do Sul. O Offspring convidou um time de peso para abrir seus shows, composto por Amyl and the Sniffers, The Warning, The Damned, Rise Against e Sublime.

Com a turnê, Offspring finalmente abraça o que realmente é: uma banda importante na história da música, uma grande influência para as gerações que vieram após ela e futuras, e uma atração que tem muita demanda.

Mulheres no punk

Enquanto muitos festivais não fazem questão de trazer bandas com mulheres em seus line-ups, Offspring tratou de trazer logo duas, ambas fora do circuito estadunidense, inclusive.

O festival começou às 11h da manhã, pois estamos falando de um domingo, com Amyl and the Sniffers. Comandada por Amy Taylor, a banda australiana, mais precisamente de Melbourne, vem conquistando a cena ao resgatar o “velho punk” com vocais rasgados, intensidade, estilo visual único e performance de tirar o fôlego.

Curitiba, cidade conhecida por ser fria, vivia um de seus dias que poucos turistas conhecem. A capital do Paraná também fica absurdamente quente no verão, e abaixo de um sol de 30 graus sem sombra, pouco depois do meio-dia, entrava no palco The Warning.

A banda é composta por três irmãs, Alejandra, Paulina e Daniela, que começaram fazendo cover no YouTube até chamar a atenção de outras bandas. As “HAIM do punk rock”, então, mergulharam com tudo na música autoral e hoje esbanjam habilidade com os instrumentos, além de vocais invejáveis.

Calor e clássicos

No auge do calor e com muito cheiro de protetor solar pelo ar, chegou a vez dos veteranos do The Damned subirem no palco. Não há como não mencionar que, dias antes de desembarcar no Brasil, a banda perdeu o seu fundador, Brian James.

The Damned, uma das mais renomadas bandas punk de Londres, está na ativa desde a década de 1970 e é uma influência para muitas outras bandas que vieram depois dela. Toda essa bagagem foi muito bem recebida e prestigiada na edição curitibana do festival.

Depois chegou a vez de Rise Against subir no palco da Supercharged Tour. Com letras politizadas, a banda de Chicago abriu seu show com Re-Education (Through Labor), passando por The Violence e então Give it All, um de seus maiores hits.

Tim Mcllrath agradeceu o Offspring por fazer parte da turnê, e o público por toda a devoção. O show seguiu com mais clássicos como Ready to Fall, Prayer of the Refugee e uma versão acústica de Swing Life Away, até encerrar com Savior, colocando a Pedreira abaixo.

Sem saber que logo a cidade passaria por uma tempestade sem precedentes, Sublime sobe ao palco com Jakob Nowell nos vocais. A banda tem uma história curiosa, pois atingiu o sucesso global somente após a morte de seu vocalista e fundador, Bradley Nowell.

A banda não conseguiu viver o seu sucesso na época, pois decidiram encerrar as atividades após a perda, mas nada disso impediu o Sublime de ser uma referência no gênero punk/ska/reggae. Depois de ser revivida com Sublime With Rome, chegou a vez de Jakob, filho de Bradley, ficar à frente do grupo.

Sendo abençoado com a genética de uma voz parecida com a do pai, Jakob performou os maiores clássicos da banda para uma legião de fãs que se divertiram com a nostalgia. O show começou com Date Rape, seguindo com a política April 29, 1992 (Miami) e Badfish.

Mas também não poderia faltar Wrong Way, Garden Grove, Pawn Shop e What I Got. Para finalizar, claro, Santeria, uma das mais populares do grupo e que chegou até a ganhar uma versão brasileira da banda de reggae Tribo de Jah.

O espetáculo do Offspring

A chuva encharcou o público da Pedreira e o calor deu lugar a um tempo mais fresco. Então, The Offspring finalmente subiu no palco. Como mencionado anteriormente, a banda agora se entende com toda a grandeza que tem e fez muito mais que um show, entregando um espetáculo.

As apresentações em casas menores e fechadas ficaram para trás, pois o Offspring se mostra como uma banda com muita demanda e potencial para continuar brilhando, mesmo após 40 anos de carreira.

O show do Offspring teve algo que costumamos ver em apresentações de música pop: muitas animações nos telões, efeitos de luzes incríveis, muitos (muitos mesmo) papéis jogados na multidão e diversas queimas de fogos de artifício. A banda se recusou a fazer um show “cru” de punk rock para entregar um dia divertido e inesquecível.

Um show do Offspring não poderia ser ruim começando com All I Want e seguindo com Come Out and Play e Want You Bad. A banda está na lista dos artistas internacionais que mais amam o Brasil, então a música feita para nós, Come to Brazil, não poderia faltar na setlist e na arte do telão.

Em meio a muitas brincadeiras, mais papéis jogados, fogos de artifício, interações com o público e um elogio à Pedreira, o show seguiu com Hit That, Original Prankster e, então, uma série de covers rápidos para animar o público que pulava em poças d’água. A apresentação entregou ainda mais clássicos, que embalaram um moshpit modesto.

O show foi muito bem encerrado com uma sequência impecável, contando com músicas como Why Don’t You Get a Job, Pretty Fly (for a White Guy), The Kids Aren’t Alright e Self Esteem. Apesar de ter uma carreira longa e consolidada, a banda entende que, como clássica, o público ainda prefere ouvir as mais antigas e populares, e foi exatamente isso o que foi entregue.

A Supercharged Tour chega ao fim no dia 11 de março, em Porto Alegre.