Garbage e L7 no Rio de Janeiro: Uma noite de nostalgia alternativa e grandes clássicos

O outono chegou no hemisfério sul e, por incrível que pareça, o tempo no Rio de Janeiro esteve mais ameno, mas não o suficiente para que o povo carioca ficasse com preguiça de sair de casa. Apesar de não ter sido sold out, Garbage e L7 levaram um bom e caloroso público para dois shows com muita interação e recheados de clássicos que marcaram a cena alternativa nos anos 90.

Sob comando da frontwoman Donita Sparks, com Suzi Gardner na guitarra, Jennifer Finch no baixo e Demetra Plakas na bateria, o L7 sobe ao palco pontualmente  e tocando logo no começo do setlist músicas do seu álbum de maior sucesso Bricks Are Heavy de 1992 que, curiosamente, foi produzido por Butch Vig, baterista do Garbage e um famoso produtor que comandou as gravações de outros clássicos noventistas como Nevermind do Nirvana em 1991 e Siamese Dream do Smashing Pumpkins em 1993.

Diante de uma plateia ainda um pouco tímida, as integrantes do L7 souberam fazer a festa acontecer e gerar o sentimento de empolgação a cada música que era tocada. Até que chega o ponto alto do show, Pretend We’re Dead. A performance desse grande hit da banda contou com um evento totalmente inesperado. Os membros do Garbage invadiram o palco para dançar e cantar junto, o que levou a galera ao completo delírio.

Ainda com os fãs impulsionados por esse momento de êxtase, Donita expressa seu carinho pelo Brasil e não deixa o ritmo cair e já puxa na guitarra o riff distorcido e marcante de Shitlist. Na sequência a breve pausa e retomada para o bis final, que contou com apenas uma música Fast and Frightening, um som acelerado, com fortes raízes do punk rock e pertencente ao segundo disco da banda, Smell the Magic, de 1989. E diante de muitos gritos e aplausos, L7 encerrava mais uma grande e digna apresentação em solo brasileiro.

Mantendo a pontualidade e sem muitas cerimônias, o Garbage chega com tudo ao som de Queer em um palco com uma iluminação mais intimista, com muitas penumbras e luzes metade azuis e metade laranjas trazendo um encantamento visual para além do auditivo. Os fãs cantam cada verso, fato este que permanece até o último acorde do show.

Uma das raridades do Garbage para além da sua identidade ímpar e qualidade sonora, é que eles possuem a mesma formação desde a fundação da banda, em 1994. E esse entrosamento é ainda mais notável no ao vivo. Com todo seu carisma, a vocalista Shirley Manson circula por todo o palco, interagindo tanto com os fãs quanto com os músicos. Além disso, suas interpretações ao cantar as músicas, são hipnotizantes. Fix Me Now, Empty, Men Who Rule e Wicked Ways estavam logo no início do set, que continha um repertório vasto e que possibilitaria até mesmo um show mais extenso.

Hora de Cup Of Coffe, como a própria Shirley disse antes de cantar, é hora de um som bem triste. Realmente, uma das mais emotivas da banda, pertencente ao álbum Beautiful Garbage de 2001, que também conta com a clássica Cherry Lips que viria a ser tocada mais para o final da apresentação.

Parando para conversar algumas vezes com a plateia, Shirley falou sobre a necessidade de sermos gentis um com o outro e resgatarmos os valores que nos fazem ser de fato humanos, como o amor ao próximo. A cantora também discursou em defesa da luta por direitos para a comunidade LGBTQIA+.

O maior hit da banda, Stupid Girl, também esteve presente, bem como o outro clássico, Only Happy When It Rains, ambos pertencentes ao disco de maior sucesso é intitulado com o próprio nome da banda e foi lançado em 1995. E essas duas músicas foram tocadas em sequência, sem deixar a galera respirar.

Intensidade e precisão são duas palavras que podem definir bem o que é o show do Garbage. Claro, não se limitando a isso, mas sem dúvidas essas duas coisas se destacam bastante e mostram o motivo da banda permanecer ativa e seguir sendo aclamada mundo afora, trazendo sempre a essência do que foi a cena alternativa dos anos 90, que permanece viva até hoje, e mais, segue se reinventando.

O Garbage segue sua turnê no Brasil, com shows marcados em São Paulo (22/03, no Terra SP) e Curitiba (23/03, na Ópera de Arame). Ingressos disponíveis.