Conheça a Undo: a nova banda de veteranos do rock nacional que aposta no post-punk

A maior parte do público que comprou ingresso para assistir ao próximo show da Fresno na Fundição Progresso, marcado para este sábado, 26 de abril, pode ter estranhado a escalação de uma banda iniciante como atração de abertura do evento, mas, embora a Undo esteja em atividade há menos de seis meses e possua apenas duas canções disponíveis nas plataformas digitais até o momento, ela é totalmente composta por músicos veteranos que você já deve ter visto em algum lugar.

O integrante mais conhecido do grupo é, certamente, o vocalista André Frateschi: ele possui uma carreira solo autoral, já atuou em filmes, séries e novelas, foi campeão do programa Popstar (talent show que foi televisionado em 2017, pela Globo) e, nos últimos 10 anos, excursionou com Dado Villa Lobos e Marcelo Bonfá em três turnês especiais que celebraram o repertório da Legião Urbana. Porém, além de Frateschi, a Undo também consiste em Rafael Mimi (guitarrista que tocou com o NX Zero, durante a turnê ‘Norte’), Johnny Monster (guitarrista que já lançou 6 álbuns com seu autointitulado projeto autoral), Rafael Garga (baterista do Garga Groove Gang) e Eduardo ‘’Dudinha’’ Lima (baixista/produtor musical que já trabalhou com Criolo, Lobão, Rael, Liniker, Sandy & Júnior, Gal Costa e vários outros nomes consagrados).

Como todos os membros da Undo possuem uma certa notoriedade no meio da música brasileira, o processo de divulgação dessa nova banda está sendo realizado com o apoio de vários amigos ilustres: no dia 24 de abril, o show de estreia do grupo (marcado para acontecer em São Paulo, às 22:30, no City Lights Music Hall) contará com a participação especial de Leoni e com um set de abertura de Esteban Tavares, previsto para as 21 horas. Dois dias depois, será a vez da Undo dividir palco com a Fresno, durante o já citado show que acontecerá no Rio de Janeiro, na Fundição Progresso.

De acordo com o que André Frateschi revelou exclusivamente à Moodgate, essas duas primeiras apresentações da Undo já irão focar quase que totalmente no repertório autoral da banda: o setlist de 14 músicas incluirá, não somente os já conhecidos singles Coração Selvagem e Volta Aquela Cena, mas também várias canções que o grupo ainda não lançou oficialmente (os dois únicos momentos não-autorais programados para esses shows são um cover de Baader Meinhof Blues, da Legião Urbana, e uma versão em português que Frateschi e Leoni fizeram para o clássico There Is No Time, de Lou Reed, intitulada Não Dá Mais Tempo).

Segundo Frateschi, a Undo lançará um álbum recheado de músicas inéditas, no segundo semestre de 2025, e esse trabalho (cujo título ainda não está definido) incluirá parcerias realizadas ao lado de Dado Villa-Lobos, Leoni e Carlos Trilha. Porém, o plano da banda é liberar mais três singles antes disso: de maio a julho deste ano, o quinteto pretende lançar uma canção promocional por mês — sendo que a primeira delas se chama Porcos Não Olham Pro Céu e será disponibilizada nas plataformas digitais no dia 6 de maio.

Todos os cinco integrantes da Undo possuem experiência prévia fazendo rock autoral no Brasil, mas Frateschi, Mimi, Garga e Dudinha andavam um pouco afastados desse mercado complicado, há alguns anos (antes da fundação da banda, Johnny Monster era o único dos cinco que ainda estava lançando músicas próprias ativamente). Porém, segundo Frateschi, a motivação para fazer da Undo um projeto autoral veio aos membros do quinteto de forma unânime, pois, embora nenhum deles possua um otimismo exagerado a respeito do mercado da música nacional, todos eles acreditam que a atual estrutura política e econômica do mundo está dando abertura para um cenário onde o rock irá se tornar comercialmente relevante de novo, uma vez que tal realidade mundial problemática impulsiona uma cena roqueira que atua na contramão do establishment. Como a sonoridade da Undo se enquadra especificamente na vertente Post Punk, Frateschi justificou as suas previsões favoráveis mencionando a recente aclamação mundial do álbum Songs of a Lost World (último trabalho de inéditas do The Cure) e o surgimento de uma nova cena punk composta por grupos como Fontaines D.C, Amyl and The Sniffers, IDLES e Viagra Boys.

Frateschi, Mimi, Monster, Garga e Dudinha acreditam que o Brasil abriga muitas pessoas que podem acabar gostando do trabalho da Undo, mas os cinco músicos sabem que, para que isso aconteça, é necessário alcançar tal público através de um amplo trabalho de divulgação. Embora o espaço que a mídia popular brasileira destina a artistas recentes de rock esteja bem menor do que era há algumas décadas, Frateschi alega que a Undo está conseguindo se fortalecer cada vez mais, graças às portas abertas que veículos jornalísticos seletos e amigos da cena roqueira nacional estão concedendo à banda.

Segundo Frateschi, o momento atual é de introdução do novo quinteto ao público: todos os membros da Undo sentem vontade de excursionar pelo Brasil com shows-solo, mas sabem que, primeiro, precisam construir uma fanbase fiel, através dos lançamentos que acontecerão nos próximos meses.