Em um momento de introspecção, no auge da fama e experimentando novos sons eletrônicos, o U2 criou aquela que Bono considera a melhor música da carreira da banda.
Para se tornar um dos grandes ícones do rock, Bono precisou solidificar suas opiniões e apresentar ao mundo uma visão de si mesmo que despertasse empatia. Por isso, suas declarações sobre música — seja a do U2 ou, em geral — sempre buscam um equilíbrio entre a sua visão pessoal e o senso comum. Afinal, sem essa conexão, ele não seria Bono.
“Stay (Faraway, So Close!)” — Uma canção sofisticada
Em entrevista ao The Irish Post em 2018, Bono revelou que Stay (Faraway, So Close!), do álbum Zooropa (1993), é “talvez a melhor música do U2”. Ele descreveu a faixa como tendo “o contorno melódico mais extraordinário” e completou: “É realmente muito sofisticada. As letras nunca falham.”
Criada em meio a uma fase de experimentação, “Stay” reflete a vontade do U2 de explorar novos territórios musicais sem abandonar suas raízes. A canção combina a estrutura de uma balada com uma intensidade crescente — marca registrada da banda.
Ouça Stay (Faraway, So Close!) abaixo.
A evolução da fúria para a sofisticação
O U2 nasceu da energia bruta do pós-punk e se transformou em um dos maiores nomes do rock de estádio, levando sua fúria inicial para palcos cada vez maiores. Álbuns como The Joshua Tree e Achtung Baby capturaram essa transição, e Bono, ao longo dos anos, refletiu muito sobre a importância de preservar essa essência.
Em entrevista à Rolling Stone em 2017, ele afirmou: “Você precisa encontrar um lugar para a raiva e para as guitarras. No momento em que algo se preserva, acabou. No fim das contas, o que é rock and roll? A raiva está no cerne da questão. Boa parte do rock and roll de qualidade tende a ter raiva, e é por isso que o The Who foi uma ótima banda. Ou o Pearl Jam.”
Talvez seja justamente por isso que surpreenda o fato de sua música favorita ser uma balada sofisticada — mais reflexiva do que explosiva. Mas em Bono, até a serenidade carrega intensidade.