Fresno transforma a Fundição Progresso em um mar de emoções com show histórico no Rio de Janeiro

A Fresno voltou ao Rio de Janeiro no último sábado (26) para um show especial na Fundição Progresso, no coração da cidade. Depois de quase dois anos longe dos palcos da tradicional casa de shows, a banda reencontrou os fãs em uma noite marcante. A escolha da Fundição teve um peso simbólico para o grupo e para o público, já que a Fresno já se apresentou no local pelo menos sete vezes desde 2015.

A abertura da casa foi às 21h – e antes mesmo disso já era possível ver uma aglomeração do lado de fora com os mais ansiosos. Aos poucos, o espaço foi enchendo e, próximo das 22h, uma grata surpresa: Undo, a banda de abertura, chegou com tudo. Apesar de estar há menos de seis meses em atividade, a Undo é formada por veteranos do rock nacional e traz nomes como André Frateschi (vocalista), Rafael Mimi (guitarrista), Johnny Monster (guitarrista), Rafael Garga (baterista) e Eduardo ‘’Dudinha’’ Lima (baixista/produtor).

Em entrevista à moodgate, Frateschi já havia revelado que essa segunda apresentação do grupo seria focada em um repertório autoral e inédito, e a verdade é que essa foi uma ótima maneira de mostrar o trabalho e a alma do projeto. Cheios de potência e entusiasmo, os integrantes conseguiram animar e cativar quem estava presente. Para completar, eles ainda proporcionaram um momento bastante inesperado: o musicista Dado Villa Lobos, conhecido por ser o guitarrista do Legião Urbana, fez uma participação especial durante o show.

Foi uma bela maneira de começar a noite e de esquentar o clima para a grande atração que viria a seguir: Fresno. Quem acompanha ou passou a acompanhar a banda nos últimos anos sabe bem que os shows deles têm uma energia diferente do que a gente costuma ver por aí. É revigorante e, ao mesmo tempo, empolgante e com emoção de sobra. Não é à toa que, para os fãs, essa é considerada a melhor banda do Brasil – algo que costuma ser reforçado várias vezes durante as apresentações.

Assim que as luzes se apagaram e os telões sinalizaram que o show iria começar, tudo que se ouviu foram gritos de um público totalmente extasiado e pronto para mergulhar em um grande espetáculo. O trio, composto por Lucas Silveira (vocalista e guitarrista), Gustavo Mantovani (guitarrista) e Thiago Guerra (baterista), abriu com Quando o Pesadelo Acabar, faixa do álbum Eu Nunca Fui Embora, lançado em 2024. Com os ânimos lá em cima, a voz da plateia tomou conta da Fundição desde o primeiro acorde (algo que se manteve do início ao fim do show). Não foi à toa que até Lucas percebeu e publicou em sua conta do X:

Como já era de se esperar, o repertório mesclou lançamentos mais recentes com uma ‘grande viagem ao longo do tempo’, como o próprio Lucas disse. Então, apesar de ser uma tour do novo álbum, é claro que não podiam faltar alguns clássicos. Quebre as Correntes, Eu Sou a Maré Viva, Infinito, Deixa o Tempo e Eu Sei foram algumas canções que entraram na setlist, para a imensa alegria dos fãs das antigas, e que, em muitos momentos, foram cantadas praticamente em uníssono.

Além disso, a noite ainda teve algumas surpresas para lá de especiais! A banda Tuyo, composta por Lilian Soares (Lio), Layane Soares (Lay) e Jean Machado, se juntou à Fresno para cantar Cada Acidente, um feat do álbum sua alegria foi cancelada (2019). O grupo tinha se apresentado mais cedo com ingressos esgotados na Casa Museu Eva Klabin, na Lagoa, e aproveitou para dar um pulinho na Lapa para presentear os fãs com esse hino ao vivo.

Outro momento marcante foi a participação de Milton Guedes, cantor, instrumentista e compositor brasileiro, na música Se Eu For Eu Vou Com Você. Embora a canção seja uma parceria com a banda Nx Zero, que não esteve presente no show, a atuação de Guedes no saxofone deu um brilho ainda maior para o hit, que é considerado um dos maiores queridinhos do novo disco.

E por falar em ocasiões marcantes, finalmente aconteceu: os fãs cariocas, enfim, tiveram a oportunidade de ouvir a ‘trilogia’ mais amada da música emo ao vivo e em cores, com Diga Parte 1, Diga Parte 2 e Diga Parte Final na íntegra. Esse, provavelmente, era um dos momentos mais esperados da noite e que entregou tudo o que prometeu – com direito a muitos arrepios e uma vibração difícil de explicar.

Não acaba por aí: como todo bom emo sabe, as músicas mais tristes são sempre as preferidas. Então é claro que tinha que ter uma sequência de pedradas para acabar com o emocional de qualquer pessoa que estivesse ali. Lucas, inclusive, até brincou e disse que todo mundo parecia muito feliz e era hora de mudar um pouco isso: foi aí que o single Sua Alegria Foi Cancelada começou a entoar. Em seguida, um dos maiores sucessos da banda, Milonga, ganhou vida e, mesmo sendo uma música tocada com frequência nos shows, ela sempre causa muita euforia.

Mas a plateia estava se guardando mesmo era para uma das faixas do último álbum: Era Pra Sempre. Com a letra gravada de ponta a ponta, em alguns momentos foi difícil até ouvir a própria banda, tamanho era o barulho dos berros dos fãs. Não é por menos: essa música realmente é um acontecimento e merece ser cantada com toda a força mesmo. Para fechar a noite, outros hinos que não poderiam faltar foram Camadas, Desde Quando Você Se Foi e Casa Assombrada.

A conexão que a Fresno tem com o seu público é algo de outro mundo. O grupo manteve a chama do movimento emo acesa ao longo de todos esses anos e se fortaleceu muito no mercado da música, alcançando novos públicos e demonstrando uma poderosa evolução a cada disco novo. Parcerias com diversos cantores nacionais, como Lulu Santos, Lenine, Emicida, Caetano Veloso, Pabllo Vittar, Dead Fish, Chitãozinho e Xororó e até internacionais, como o McFLY, mostram a capacidade da Fresno de se reinventar e abraçar diferentes estilos – mesmo com aquele pézinho sempre presente no rock e no emo.

Por aqui, estamos ansiosos para ver o resultado da gravação do DVD no Rio e mal podemos esperar para o próximo show da banda, que se apresenta no Festival Polifonia, no dia 6 de junho, na Fundição Progresso, ao lado do Anberlin, Emery e Mae. Na ocasião, a Fresno vai tocar músicas dos três primeiros discos: Quarto dos Livros (2003), O Rio, a Cidade e a Árvore (2004) e Ciano (2006).