20 anos de From Under the Cork Tree: o álbum que levou o Fall Out Boy ao topo do emo e pop punk

O cenário é o início dos anos 2000. Com o pop punk mais do que consolidado graças a bandas como Blink-182 e Green Day, pareciam escassos os caminhos que levariam a uma renovação do estilo como um todo. Mas foi exatamente assim que surgiu o emo mainstream – e, com ele, uma legião de fãs que se identificariam com uma sonoridade mais melancólica, refrões explosivos e uma estética lírica que misturava dramas adolescentes com sarcasmo e referências culturais. Foi dentro desse contexto que, em 3 de maio de 2005, a banda Fall Out Boy lançou o aclamado From Under the Cork Tree, que se tornaria uma virada na carreira e também no cenário do rock alternativo dos anos 2000.

Ambos os álbuns lançados anteriormente, Evening Out With Your Girlfriend (2003) e Take This to Your Grave (2003), levaram o Fall Out Boy a um status de “promessa” dentro do cenário alternativo de Chicago, ou seja, algo mais nichado, já que o estilo do grupo flertava com o hardcore melódico e o punk rock. Em 2005, contudo, a produção assinada por Neal Avron trouxe uma sonoridade mais polida ao som da banda, com uma estética que conversava mais com o público geral o resultado seria um salto direto rumo ao status de rockstars no âmbito global.

Nem mesmo os membros da banda, Patrick Stump, Pete Wentz, Andy Hurley e Joe Trohman, acreditavam no sucesso repentino, já que o From Under the Cork Tree tornou-se um marco na forma como as bandas da cena alternativa passaram a dialogar com o mainstream sem perder sua identidade inicial. O título é uma referência ao livro infantil The Story of Ferdinand, de Munro Leaf, uma escolha que indica o tom ambíguo da banda. Musicalmente, o disco se equilibra entre o peso emocional e certa “acessibilidade” sonora para marcar presença nas rádios.

O baixista Pete Wentz lidou com um episódio grave de depressão pouco antes do lançamento do disco, o que definiu, como dito, a sonoridade do material, visto que ele foi responsável pela maioria das letras. O tom meio confessional de músicas como Of All the Gin Joints in All the World, Sugar, We’re Goin Down, I’ve Got a Dark Alley and a Bad Idea That Says You Should Shut Your Mouth (Summer Song), 7 Minutes in Heaven (Atavan Halen) e Get Busy Living or Get Busy Dying (Do Your Part to Save the Scene and Stop Going to Shows).

Além dessa temática, Our Lawyer Made Us Change the Name of This Song So We Wouldn’t Get Sued, que abre o álbum, entrega logo de cara um sarcasmo e uma autoconsciência que muitos fãs identificam como marcas registradas da banda. Já Dance, Dance é um dos maiores hits do grupo: uma música que garante lugar nas pistas desde o lançamento até hoje.

Revisitar From Under the Cork Tree duas décadas depois é como abrir um diário de uma era em que os sentimentos vinham carregados de guitarras, trocadilhos espertos e refrões que grudavam na cabeça. Cada faixa carrega não só uma história, mas um retrato emocional de um momento em que o emo e o pop punk deixavam de ser subgêneros para ocupar espaço na cultura pop — com toda a contradição, intensidade e ironia que isso implica.

O álbum é caótico, autoconsciente, hiperbólico — e, justamente por isso, tão honesto. Ele fez com que adolescentes à beira de um ataque de nervos encontrassem identificação em letras que falavam de insegurança, raiva e desejo de pertencimento, tudo isso embalado por músicas que parecem feitas sob medida para catalisar uma geração inteira.