My Generation é uma das músicas mais emblemáticas da carreira do The Who. Lançada em 1965 no álbum homônimo, a faixa tornou-se símbolo de uma juventude que, à época, começava a se rebelar contra o sistema, as convenções sociais e os valores da geração anterior.
Um manifesto juvenil nascido em um trem
Pete Townshend escreveu a letra durante uma viagem de trem em 1965. Na composição, ele expressava a frustração de muitos jovens que, embora cada vez mais presentes na cultura e na política, ainda se sentiam ignorados pela sociedade.
Em uma entrevista concedida à Rolling Stone em 1987, o baixista John Entwistle explicou:
“My Generation fala sobre tentar encontrar um lugar na sociedade. Eu estava completamente perdido. A banda ainda era jovem, e eu achava que nossa carreira seria muito curta.”
Por esse motivo, dois anos após compor a música, Townshend descreveu a faixa como:
“O único comentário social realmente bem-sucedido que já fiz.”
A gagueira como instrumento de expressão
Uma curiosidade marcante sobre a gravação de “My Generation” é a forma como Roger Daltrey a interpretou. O vocalista, que tinha gagueira, foi incentivado pelo produtor Kit Lambert a destacar esse traço vocal. De acordo com ele, a ideia era transmitir a sensação de um jovem sob pressão — ou até sob efeito de drogas — tentando se expressar em meio ao caos interno e externo.
Consequentemente, a gagueira acabou virando uma marca registrada da canção. Além disso, o recurso ajudou a transmitir o nervosismo, a ansiedade e a urgência típicas da juventude dos anos 1960.
“Espero morrer antes de ficar velho”
Entre os versos mais impactantes da música está a provocadora frase:
“Hope I die before I get old” (“Espero morrer antes de ficar velho”).
Décadas depois, o site BigO perguntou a Townshend se a frase ainda fazia sentido. O músico respondeu:
“Acho que sim. Escrevi isso quando morava por acaso em um bairro muito rico de Londres. As pessoas me tratavam de forma estranha, arrogante. Não gostava de ser confrontado com o dinheiro, com o sistema de classes, com o poder. Não sabia lidar com aquilo. Talvez eu pudesse ter lutado por meus direitos e não escrito a música… Mas, eu era muito jovem. Então, escrevi.”
Um clássico atemporal
“My Generation” segue sendo um retrato visceral da juventude em conflito. Mesmo passadas várias décadas, a música continua ressoando com força. Em parte, isso ocorre porque ela encapsula um sentimento universal: o desejo de se afirmar num mundo que nem sempre está disposto a ouvir.