Stone Temple Pilots no Terra SP: entre o peso da história e a busca por um novo capítulo

Na última quinta-feira, (22), o Stone Temple Pilots fez sua aguardada apresentação no Terra SP, em São Paulo – a segunda passagem da banda pelo Brasil desde a morte de Scott Weiland, vocalista original e uma das figuras mais emblemáticas do rock dos anos 90.

Se havia qualquer dúvida sobre como a banda lidaria com a própria história, ela foi respondida logo nas primeiras músicas. O STP parece honrar o passado, mas já não soa apenas como um refém do mesmo. Jeff Gutt, que assumiu os vocais nos últimos anos, entrega performance honesta: não tenta ser Weiland, nem se distancia demais da identidade vocal que marcou gerações. É uma interpretação que transita entre o respeito e a necessidade de fazer o show funcionar no presente sem parecer caricato, ainda que não ignore as características grungeiras da banda.

O repertório foi pensado para agradar tanto os nostálgicos quanto quem acompanha a fase mais recente. Clássicos como “Plush” e “Interstate Love Song” fizeram o público vibrar, enquanto faixas mais recentes ajudaram a contar essa história de um dos grandes nomes dos anos 90, mesmo que sob uma nova configuração.

Impossível falar do show sem destacar Robert DeLeo. O baixista, cofundador da banda e um dos grandes responsáveis pelo DNA sonoro do Stone Temple Pilots, foi a espinha dorsal da apresentação. Carismático, preciso e visivelmente confortável no palco, ele não só conduziu musicalmente boa parte do espetáculo, como também parece ser, hoje, uma espécie de guardião do legado do grupo.

O que se viu no palco do Terra SP foi uma banda que, após tantas turbulências, parece ter encontrado algum equilíbrio. Ainda que, para parte dos fãs, a ausência de Scott Weiland seja uma sombra que nunca possibilitará um novo e total céu azul, o show deixou claro que o grupo tenta (e consegue) não se tornar refém de seus tempos áureos. Pelo menos ao vivo, eles carregam o peso do próprio passado, mas escolhem não ser esmagados por ele.