Uma nova edição do Festival Polifonia acontecerá nos próximos dias. Desta vez, com o tema “Emo Vive”, o evento promete reunir grandes nomes – nacionais e internacionais – que marcaram a cena emo ao longo dos anos. Entre as principais atrações da noite estão Anberlin e Fresno, acompanhadas por bandas como Emery, Mae e Hateen. O line-up ainda conta com participações especiais de Projeto Hare, Def, Boasorte e Morro Fuji. A turnê começa em Porto Alegre, no dia 4 de junho, passa pelo Rio de Janeiro no dia 6 e encerra com duas apresentações em São Paulo, nos dias 7 e 8 do mesmo mês.
Com os shows se aproximando, nós da Moodgate aproveitamos a oportunidade para conversar com Nathan Young, baterista da Anberlin. No bate-papo, falamos sobre o amadurecimento da banda ao longo dos anos e, é claro, sobre as expectativas para os shows no Brasil.
TRAJETÓRIA E AMADURECIMENTO
Recentemente, a banda relançou o álbum Never Take a Friendship Personal (2005) — um dos trabalhos de maior sucesso do grupo – agora rebatizado como Nevertake. Aproveitamos para perguntar a Nathan o que motivou a decisão de revisitar esse disco em vez de investir em um projeto inédito. O baterista explicou que a ideia era oferecer aos fãs um gostinho do que poderiam esperar na turnê.
Nathan Young: Para nós, era uma questão de dar aos fãs um gostinho de como seria ao vivo. Debatemos sobre isso várias vezes e foi uma ideia que surgiu no ano passado, quando estávamos muito animados. O objetivo era basicamente mostrar aos fãs o que esperar ao vivo, o que acho importante para dar a eles uma amostra disso.
Também achamos que seria divertido revisitar as músicas. Adoramos aquele álbum, mas havia muitas coisas que queríamos mudar e experimentar de forma diferente. Então, essa foi uma oportunidade real para fazer isso.
Também quisemos saber se houve algo diferente no processo de criação de Nevertake, afinal, o álbum foi regravado quase 20 anos após seu lançamento original. Nathan destacou que muita coisa mudou, especialmente no que diz respeito à tecnologia e aos recursos de edição, que evoluíram significativamente ao longo dos anos. Ele contou ainda que a banda recebia constantemente mensagens de fãs dizendo que as músicas soavam mais grandiosas e enérgicas ao vivo – fator que influenciou a decisão de revisitar o disco em estúdio.
Nathan Young: Realmente queríamos tentar capturar isso no novo álbum, mostrar um pouco mais de como é ao vivo. Então foi muito legal. Tinha muitas coisas que a gente queria ajustar e mudar, então o processo foi definitivamente diferente de 2005 — 20 anos depois. Mas foi muito divertido.
Com os 20 anos do álbum e 23 anos de carreira da banda, é natural que muita coisa tenha mudado ao longo do tempo — especialmente o pensamento e a maturidade dos integrantes. Com isso em mente, questionamos Nathan como ele enxerga o amadurecimento do grupo e se, em sua opinião, a banda representa algo diferente do que representava no começo de sua carreira.
Nathan Young: Com o passar do tempo, percebemos que éramos muito mais jovens do que você imagina. E, naquela época, tudo o que a gente queria era estar em turnê o ano inteiro, nunca parar, nunca dar uma pausa, só seguir em frente. Hoje, as coisas são um pouco diferentes.
Ele comentou também que, hoje, muitos dos integrantes têm família, o que naturalmente muda a forma como encaram a banda e suas prioridades.
Nathan Young: A gente simplesmente tem uma compreensão melhor de como quer fazer turnês e de como quer que as coisas sejam. Então, é definitivamente algo drasticamente diferente do que era naquela época. Mas a única coisa que não mudou é que ainda queremos continuar — fazendo shows, lançando músicas novas ou regravadas, e nos mantendo ativos, sem precisar estar na estrada 365 dias por ano.
EXPECTATIVAS
Ele também foi questionado sobre as apresentações que a banda fará no Brasil. Afinal, essa não será a primeira vez que o Anberlin divide o palco com a Fresno — as bandas tocaram juntas por aqui em meados de 2010. Queríamos saber se Nathan guardava alguma memória marcante desses encontros, e o baterista respondeu com entusiasmo, relembrando os momentos que compartilhou com a banda brasileira.
Nathan Young: Eles são a razão pela qual fomos para lá [ao Brasil] em primeiro lugar. Lembro que, há muito tempo, eles postaram um vídeo no YouTube fazendo um cover de uma música nossa, e a gente achou aquilo incrível. Assistimos várias vezes, mostramos pra outras pessoas… então, poder ir até lá e tocar com eles é muito especial.
E a conexão não parou por aí. Nathan revelou que continuou se encontrando com a Fresno mesmo após os shows, mantendo contato com a banda ao longo dos anos.
Nathan Young: A gente viu eles aqui e ali, inclusive nos Estados Unidos. Chegamos a encontrar alguns e meio que fomos acompanhando a carreira deles também. Então, estamos realmente empolgados para voltar e tocar com eles de novo — alguns dos melhores caras, músicos incríveis, com uma música sensacional. Sério, mal podemos esperar. Faz uns dez anos que não vamos ao Brasil, então estamos muito animados, com certeza.
O baterista também comentou estar animado para encontrar os outros artistas que participarão do festival, além é claro, de rever velhos amigos.
PLANOS FUTUROS E NOVO ÁLBUM
Com mais de duas décadas de carreira e todos os integrantes com famílias, o futuro da banda ainda é incerto. Por isso, perguntamos se eles têm planos para novos projetos nos próximos meses ou anos, e o que os fãs podem esperar após o término da turnê.
Nathan tranquilizou os fãs que temiam que os shows fossem uma despedida definitiva dos palcos, e contou que a banda já conta com 17 demos gravadas e pretende lançar um álbum completo em breve.
Nathan Young: Estamos trabalhando em um novo disco — queremos criar algo inédito, que as pessoas ainda não ouviram. No momento, temos umas 16 ou 17 demos em andamento e estamos tentando transformar isso em um álbum completo.
O músico também nos revelou qual, na sua opinião, é o álbum ideal para quem ainda não conhece a banda ouvir.
Nathan Young: Acho que Nevertake é uma boa escolha — tem uma mixagem legal. Foi a primeira vez que fizemos uma música que começa mais lenta e depois ganha peso, mas ainda com um toque pop. Também tem Cities (2007), que os fãs realmente gostaram. Acredito que os dois dão uma boa ideia geral do que é o som do Anberlin.
MENSAGEM PARA OS FÃS
Para encerrar, pedimos ao artista que enviasse uma mensagem aos fãs brasileiros, que aguardam ansiosos a chegada do Anberlin ao país.
Nathan Young: Queria agradecer de verdade pela paciência e por terem esperado tanto tempo pela nossa volta. Todas as vezes que estivemos aí, todo mundo foi incrível — super generoso e gentil. Então, só queria dizer um grande obrigado. E, como banda, estamos muito, muito animados para voltar em breve.