Lagum – As Cores, As Curvas e As Dores do Mundo

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Engano comete aquele que não considera julgar, minimamente que seja, o livro pela capa. Não como veredito, mas como parte integrante da obra. A capa de um álbum é um cartão de visitas, um convite que sugere o que está por vir. Em “As Cores, as Curvas e as Dores do Mundo” temos a capa como uma excelente primeira impressão.

Lançado pela Ilha Records em maio de 2025, o trabalho que compõe as 10 novas músicas do Lagum chega no streaming para contemplar sua fiel fan base e consolidar a identidade de uma banda que mesmo diante de momentos inesperados e perdas precoces, segue entregando obras honestas e cheias de autenticidade. Na fotografia que ilustra o disco, marcante, com uma silhueta inusitada de um prédio integrado ao espaço urbano, com os integrantes despretensiosamente posicionados. Tudo começa ali. O profundo que se une ao despojado, uma das marcas da banda.

Iniciando com a faixa “Eterno Agora”, composta por Pedro Calais e Zani, o disco começa com um ritmo bem suave, com uma letra que exalta a positividade e a necessidade de estar em paz consigo mesmo. É aquele clássico “som gostosinho de ouvir”, combinação perfeita para acompanhar um pôr do sol.

Trazendo uma vibe nostálgica, “A Cidade” reflete sintomas da saudade em um ritmo que é possível imaginar sendo tocado ao vivo e entoado pelo público. E os shows do Lagum costumam ser um grande potencializador de suas músicas, é uma banda que se entende no palco e entrega performances de alto nível. Diante disso, a cada novo trabalho de estúdio, fica a expectativa de como determinado som irá soar ao vivo. Por aqui, temos um bom indicativo. Atualmente, é a faixa inédita mais ouvida, quase chegando a meio milhão de streamings no Spotify.

“Quem Desligou o Som?” talvez seja o grande destaque do álbum. Com um instrumental criativo que mistura rock, com uma levada de jazz contemporâneo e um tecladinho extremamente marcante, tocados com extrema leveza. Em termos de inventividade, é a que mais se arrisca em um trabalho que, apesar de maduro e conciso, não assume muitos riscos.

Com participação da cantora Céu, “Tô de Olho” mergulha em um reggae que repete uma das fórmulas de sucesso da banda que consiste em letras fáceis de cantar, não no sentido de serem rasas, elas têm sua profundidade e emotividade, mas com rimas simples e um refrão marcante. Destaque também para os backing vocal que criam toda uma nova ambientação na música.

É um trabalho relativamente curto, apenas 10 músicas em menos de 30 minutos, mas que, por completo, tem muito valor e tenta trazer ideias novas em algumas faixas. Não estamos falando de nada revolucionário para música e nenhum grande feito para a banda, que já produziu discos mais interessantes que este. Contudo, é sempre maravilhoso ver esse movimento das bandas, de estar produzindo algo novo e autoral. Certamente, muita coisa boa feita aqui, chegará nos palcos de um jeito muito mais intenso. Afinal, os mineiros do Lagum são especialistas nisso.

Lagum – As Cores, As Curvas e As Dores do Mundo
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