No dia 15 de junho deste ano, o icônico grupo Deep Purple estará em São Paulo, para encerrar em grande estilo a 12ª edição do festival Best of Blues and Rock, no Parque Ibirapuera. Este show único acontece menos de um ano após a vinda anterior do quinteto britânico ao nosso país – e, como ela foi histórica, todos os fãs brasileiros que já garantiram ingresso para esta nova apresentação estão 100% certos de que irão testemunhar uma verdadeira AULA de hard rock, daqui a pouquíssimos dias.
A mais recente das 14 passagens do Deep Purple pelo Brasil aconteceu em setembro de 2024 e foi composta por dois shows: o primeiro deles ocorreu em São Paulo, no Espaço Unimed, mas o que mais repercutiu foi, certamente, o espetáculo realizado no Palco Sunset do Rock in Rio – como tal apresentação foi televisionada para o Brasil inteiro através do Multishow, pessoas de todas as regiões do país puderam conferir a energia impressionante que os lendários Ian Gillan (vocalista) Roger Glover (baixista) e Ian Paice (baterista) ainda esbanjam, no alto dos seus quase 80 anos.
Paice é o único músico que esteve presente em todas as formações do Deep Purple, mas Gillan e Glover também possuem uma história longa dentro da banda: ambos ingressaram em 1969 (logo depois que o autointitulado 3° disco do grupo foi lançado) e, embora o histórico de permanência dos dois possua algumas idas e vindas, tanto Gillan quanto Glover participaram da grande maioria dos álbuns que o Deep Purple lançou de lá para cá – inclusive, de trabalhos aclamadíssimos como In Rock (1970), Fireball (1971), Machine Head (1972) e Perfect Strangers (1984), sagrados na história do rock mundial.
É óbvio que, hoje, o Deep Purple não é a exata mesma banda que era em 1969: as ausências dos co-fundadores Ritchie Blackmore (guitarrista que se desligou do grupo em 1993) e Jon Lord (tecladista morto em 2002) fazem sim diferença e a voz de Ian Gillan, de fato, não alcança mais todas as notas agudas que alcançava antigamente (tanto que, há algum tempo, o frontman decidiu banir a vocalmente desafiadora Child in Time dos setlists do Deep Purple, por não conseguir mais cantar ela). Porém, mesmo assim, os shows da banda britânica ainda valem muito a pena: Ian Paice e Roger Glover continuam tocando os seus respectivos instrumentos de forma indefectível; os músicos contratados Simon McBride (guitarrista) e Don Airey (tecladista) conseguem manter o altíssimo nível de virtuosismo instrumental que Blackmore e Lord exibiam e, mesmo sofrendo com as citadas limitações naturais da idade, Gillan ainda ostenta uma capacidade vocal bem acima da média existente entre cantores com quase 80 anos.
O que (não) esperar do show em São Paulo?
Embora Child In Time não faça mais parte dos shows do Deep Purple, nenhum outro sucesso que Ian Gillan cantava na juventude teve que ser vetado dos setlists da banda – entre esses sucessos, estão hinos clássicos como Highway Star, Smoke On The Water, Black Night, Lazy, Space Truckin’, Hush, Anya, When a Blind Man Cries e Perfect Strangers (embora este último ande aparecendo raramente, nos shows recentes). Aliás, mesmo com as dificuldades atuais do vocalista em atingir notas agudas, todas as canções do repertório continuam sendo tocadas em suas respectivas afinações originais.
Contudo, é importante frisar que Gillan sempre se recusou a cantar qualquer uma das músicas presentes nos álbuns Burn (1974), Stormbringer (1974), Come Taste The Band (1975) ou Slaves and Masters (1990), uma vez que elas foram compostas e gravadas por outros vocalistas, em épocas onde ele estava totalmente afastado do Deep Purple – ou seja, por mais que canções como Soldier of Fortune, Burn, Mistreated e Stormbringer sejam aclamadas pelos fãs, elas não integram nenhum setlist do grupo desde 1992 (ano do regresso de Gillan) e, infelizmente, não serão tocadas durante o festival Best of Blues and Rock.
O repertório da turnê atual do Deep Purple inclui diversos clássicos lançados nos LP’s In Rock (1970) e Machine Head (1972), mas também promove o recente álbum de inéditas =1 (2024). Logo, é seguro prever que a apresentação que acontecerá em São Paulo, nos próximos dias, também contará com várias músicas novas – todos os shows da =1 More Time Tour vêm incluindo, pelo menos, seis canções desse disco mais recente: A Bit On The Side, Old-Fangled Thing, Now You’re Talkin’, Bleeding Obvious, Lazy Sod e Portable Door. Além disso, outra música relativamente nova que anda aparecendo muito nos setlists da banda é Uncommon Man – faixa do álbum Now What?! (2013) que homenageia a memória de Jon Lord.
Em suma, o show que o Deep Purple realizará em São Paulo, no dia 15 de junho, será bastante parecido com os dois últimos espetáculos que o grupo britânico apresentou no Brasil: com exceção do tradicional cover de Hush (composição de Joe South que o Deep Purple regravou em 1968, com Rod Evans nos vocais), todas as músicas do setlist pertencerão a álbuns que contaram com algum envolvimento de Ian Gillan – e os três trabalhos mais prestigiados na seleção do repertório serão In Rock (1970), Machine Head (1972) e =1 (2024).
Por fim, vale lembrar que o quarto e último dia do festival Best of Blues and Rock será uma oportunidade incrível para conferir, não somente o show imperdível do Deep Purple, mas também as respectivas apresentações de Hurricanes (banda paulista de Blues autoral) e Judith Hill (jovem cantora de Soul Music que já trabalhou com Michael Jackson, Prince e vários outros nomes de peso).