“Era algo que eu não sou conhecido por fazer… e nem sou muito bom nisso”, revelou Ian Paice sobre sua escolha inusitada na gravação de “Fireball”, clássico do Deep Purple. Mas o que exatamente ele quis dizer?
Tocar bateria já exige uma enorme coordenação motora. Agora, imagine multiplicar isso ao trabalhar com bumbo duplo, técnica que muitos consideram desafiadora até para os maiores especialistas do mundo. E quem admite isso é ninguém menos que Ian Paice, baterista do Deep Purple.
Em entrevista ao canal australiano Noise11, Paice relembrou o processo de gravação da faixa “Fireball”, do quinto álbum da banda, lançado em 1971. Na ocasião, ele decidiu recorrer ao bumbo duplo, uma técnica que, segundo ele, nunca foi seu ponto forte.
“Quando você tem um riff que pede um acompanhamento mais sólido, acaba encontrando a única solução que funciona”, contou. “Pra mim, foi fazer algo fora da minha zona de conforto. Nunca fui bom no bumbo duplo, mas consegui fazer. E, honestamente, 50 anos depois, é basicamente tudo que sei fazer com dois bumbos. Meu cérebro simplesmente não funciona desse jeito.”
Algo que ficou no passado
Paice também comentou que não tentaria repetir hoje o que fez em “Fireball”. Além das limitações físicas naturais da idade, ele aponta as mudanças nas técnicas de gravação como outro fator que torna isso inviável.
“Recentemente, gravei um vídeo reagindo a um jovem baterista incrível usando bumbo duplo. O que eles fazem hoje é absurdo, e eu entendo o quão difícil é”, refletiu.
O lendário baterista explica que, na era digital, tudo é mais rígido, preso ao clique do metrônomo e à edição por padrões. E é justamente isso que tira a liberdade necessária para executar certas viradas e preenchimentos mais orgânicos, como os que ele fez na época de “Fireball”.
“A música precisa evoluir, claro. Mas não é mais a minha praia. Fireball funcionou muito bem, me diverti muito na época, principalmente nos momentos de mostrar um pouco mais. Só que, sendo honesto, hoje esse tipo de faixa seria completamente impossível pra mim. As gravações atuais não permitem mais aquele fluxo natural, aquela onda… e sem isso, certos fills simplesmente não rolam.”