Planet Hemp, fazendo sua cabeça.

Planet Hemp, fazendo sua cabeça.

Junho 14, 2022

Possivelmente a banda brasileira mais polêmica, cutucadora de figurões da política conservadora e com o som mais ácido que temos, ainda segue firme na missão de mais de 20 anos de existência sempre enfiando o dedo na cara de quem precisa ouvir e, é claro, fazendo muitas cabeças. Não tá ligado na missão? Então chega mais que a moodgate te conta mais sobre esses revolucionários do rock brasileiro.

Formada em 1993 pelos amigos Marcelo D2 e Skunk, ambos fãs de rock, rap e cannabis logo receberam também os músicos Formigão (baixo), Rafael Crespo (guitarra) e Bacalhau (bateria) para a formação fundadora da banda que viria a ser uma grande inovação musical no Brasil.

Após a fatalidade que acometeu o vocalista Skunk por consequência da AIDS, Bernardo ‘BNegão’ entra no seu lugar sendo a voz que divide o som do planet com D2 em todos os álbuns da banda. Posteriormente, a banda teria também a participação do rapper fluminense Black Alien em seu lugar durante um período que BNegão se ausentou para assumir os vocais do “Funk Fuckers”.

Além dos vocalistas e instrumentistas citados, a banda já contou também com a participação de diversas personalidades ilustres em seus álbuns e shows, como DJ Zé Gonzales (atual Tropkillaz), Daniel Ganjaman, Seu Jorge (como percussionista!), Speedfreaks entre outros.

Como já citado antes, e bem evidenciado pelo nome, um dos principais temas das letras do Planet Hemp é a luta pela legalização dos usos recreativo e medicinal da “erva natural”, mas muitas de suas músicas também evidenciam outros problemas reais da sociedade brasileira como a corrupção na política, abusos e truculências policiais, criminalidade e desigualdade social. Tudo isso representado com muita originalidade, misturando sempre a cultura hip hop com a sonoridade rock, hardcore, samba, funk, reggae, porções de psicodelia entre “otras cositas más”.

É claro que, vivendo no Brasil dos anos 90 e 2000, a escolha do nome e temática das letras não trouxe mar calmo para a banda. Diversas vezes sofreram ataques e boicotes de personalidades da mídia, da camada conservadora e até mesmo tiveram problemas com a polícia, intervindo e perseguindo os shows do Planet Hemp. Em uma dessas ocasiões a banda foi presa em Brasília em 1997, um caso que, apesar de todos os pesares, mobilizou muitos grupos e nomes importantes contra esse abuso de autoridade e gerou espaço para que o nome e som da banda se espalhassem nos meios de comunicação de todo o país.

Após essa e outras situações complicadas que dificultavam a convivência e até mesmo a permanência na estrada, a banda decide encerrar as atividades em 2001 após o lançamento de seu célebre disco ao vivo. Cada membro seguiu com seus outros projetos, bandas e carreiras solos por mais de uma década, porém, após algumas reuniões comemorativas, e os fatos que nortearam a história e a política brasileiras, a banda anuncia o retorno oficial para a alegria de muitos e prometem álbum novo com fortíssimas participações como Criolo e Black Alien.

Apesar de ter uma discografia relativamente curta, o Planet conta com diversos hits e hinos do rock nacional na conta desde seu primeiro álbum, “Usuário” (1995), que garantiu à banda uma premiação de Disco de Ouro logo no seu disco de estreia; e contam também com outros dois álbuns incríveis, o premiado com Disco de Platina “Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára” (1997) e “A Invasão do Sagaz Homem Fumaça” (2000) além do famoso “MTV ao Vivo: Planet Hemp” (2001) e o EP “Hemp New Year” (1995).

Alguns dos títulos obrigatórios para conhecer a banda são:
Legalize Já, Mantenha o Respeito e Dig Dig Dig, do álbum Usuário;
Zerovinteum e Queimando Tudo, de “Os Cães Ladram Mas a Caravana Não Pára”;
Ex-Quadrilha da Fumaça, Stab, Contexto e Raprockandrollpsicodeliahardcoragga, de “A Invasão do Sagaz Homem Fumaça”.

Para aqueles que já conheciam, um salve, para os novos, espero que esse texto te incentive a conhecer um pouco mais do som dessa grande banda nacional. Até a próxima indicação!