Aurora em um conto de fadas mórbidas. | Moodgate
Um novo sentimento para a música
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Aurora em um conto de fadas mórbidas.

Navegar nesse mar digital e se deparar com este rosto angelical tem sido cada vez mais frequente. Aurora é encarada por muitos como um ser místico e tem tomado dimensões potentes na grande mídia. A pedido da Globo brasileira, a cantora gravou uma versão da música Scarborough Fair (Canção de Simon & Garfunkel) para a abertura da novela Deus Salve o Rei, exibida em 2018.

Aurora deu o primeiro pontapé em sua carreira com o pé direito. Lançou a canção “Runaway”, letra que ela compôs quando tinha apenas 12 anos, e foi aclamada. Suas letras são sempre profundas e reflexivas, e então aquele rosto angelical dá lugar a uma alma antiga e vivida, em que tudo o que se diz é necessário uma boa bagagem e introspecção.

E então, Murder Song. É preciso estômago pra ouvir essa canção. Nos traz a sensação de encarar o abismo, e como já se espera, o abismo nos olha de volta. Aurora fecha os olhos e gesticula como quem vive a emoção de escolher enxergar a misericórdia em um assassinato. Chocando alguns e emocionando muitos, o contexto dessa letra mórbida é encontrado no mundo ao nosso redor, basta saber em qual direção olhar. Em um texto do Tassio Denker, é trazido o fato de que homens na Síria sacrificam suas mulheres e filhas com o consentimento delas, para que não sofram com tráfico e escravos sexuais. Saber desse contexto em uma voz doce e calma, retratada pela arte com um tom de aceitação do caos é desesperador. É exatamente aquilo que a arte deve fazer: borbulhar.

Vaguear em seus sentimentos para compor é o que move Aurora, e nem sempre somos abraçados por essa cortina densa de despersonalização quando apertamos o play. Ela encanta, dança, sorri, passeia e por alguns instantes, até esquecemos de ouvir toda uma história recheada de subjetividades.

A norueguesa tem a habilidade de contar histórias em canções e melodias dramáticas e suaves, carrega o suspense em sua voz e o romance em seus gestos fluídos, assim ela conversa com o mundo. Procura ter em mente que pode transformar experiências ruins do passado em boas memórias. Sempre usou da arte para lidar com os sentimentos ruins que todos tem, mas escondem.

Aurora não busca transbordar o que há de melhor em nós, mas apenas o que há e deixar que isso se denomine o melhor. Entre certezas incorrigíveis e a fluidez de ser uma brisa genial, Aurora jamais precisou escolher. Nasceu escolhida.

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jenycabofrio@hotmail.com

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